NO FRIO

Moradores de rua bebem, em média, 50 doses de pinga por dia

Segundo eles, o consumo de álcool triplica, já que para enfrentar as noites geladas eles bebem mais para se aquecerem

Correio.com
faleconosco@rac.com.br
12/06/2015 às 17:59.
Atualizado em 23/04/2022 às 10:49

Polícia atende caso de morte de morador de rua na área central de Campinas ( Cedoc/RAC)

Grupos de moradores de rua entrevistados pela reportagem do Correio revelaram que nos dias mais frios costumam consumir, em média, 50 corotes (pequenas garrafas de plástico com cachaça) por dia. Segundo eles, o consumo de álcool triplica, já que para enfrentar as noites geladas eles bebem mais para se aquecerem. O consumo dessa quantidade é referente a grupos de oito pessoas.Em menos de um mês Campinas registrou quatro casos de moradores de rua mortos nas vias da cidade. A última ocorreu na última quinta-feira (11), quando um homem de aproximadamente 42 anos foi encontrado morto por colegas no acesso do Terminal Metropolitano de Campinas. Segundo informações dos policiais que atenderam à ocorrência, existia a hipótese de o homem ter morrido de hipotermia durante a madrugada. A vítima estava acompanhada de outros oito moradores de rua que, ao acordarem, perceberam que ele não respondia aos chamados. Outono/InvernoOs próprios moradores de rua são unânimes em dizer que no período frio aumentam as mortes dos moradores de rua. "A gente bebe e esquece de comer e o álcool vai nos corroendo por dentro", disse um morador de rua que não quis ser identificado. Segundo eles, no Verão o consumo de álcool cai em razão dos malefícios que o calor aliado com a cachaça provocam ao organismo. "Dá diarréia e ninguém aguenta isso", disse o vendedor ambulante. Cada corote custa em média R$ 2,00 e para comprar a bebida, os moradores de rua pedem dinheiro. A bebida é dividida entre eles. Uma garrafa é ingerida em menos de 20 minutos. "Temos consciência que o álcool faz mal, mas somos dependentes dele. Muitos de nós deixam tudo, família, emprego para viver na rua, bebendo como quer", resumiu Santos.Vendas aquecidasO principal revendedor de pequenas garrafas de cachaça na região central, o comerciante Giusepe Salomon revela que vende a cada 20 dias 12 mil garrafinhas de cachaça, e que por hora são mais de dez caixas com 12 unidades cada. A distribuidora de bebidas e minimercado fica na esquina da Rua Álvares Machado com a Rua Cônego Cipião, próximo ao Terminal Central, um dos pontos de maior concentração de moradores em situação de rua. "É triste ver essa realidade. Tem gente que passa por aqui há dois anos que eu nunca vi entrar para comprar um pão". Salomon trabalha somente com uma marca de cachaça, pois considera mais "honesta" , ou seja, a fabricação é certificada. "Tem muitas dessas marcas que são produzidas em fundo de quintal, e são altamente prejudiciais" , afirma o comerciante.

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