Cansada de esperar, população faz vaquinha para comprar areia e cimento e mutirão de trabalho
Cansados de esperar por uma providência que nunca chega, os moradores da Vila União, na região Sudoeste de Campinas, decidiram arregaçar as mangas e tapar os buracos das ruas do bairro por conta e recursos próprios.
Inicialmente, a operação tapa-buracos improvisada foi feita com terra. Mas como a durabilidade do serviço era pouca, eles decidiram realizar uma vaquinha para comprar areia e cimento e concretar a buraqueira. As reivindicações na Prefeitura para que os buracos fossem fechados, segundo eles, são antigas. As providências não foram tomadas, o que levou os buracos a se multiplicarem e se tornarem mais profundos.
Em mutirão, os moradores fecharam pelo menos cinco buracos nas ruas da Padroeira e Roberto Fonseca de Barros, com massa feita de areia e cimento. Em uma das ruas, com fluxo intenso de carros e de ônibus, os moradores tentaram fechar o buraco, já que, como não havia outra alternativa, muitos motoristas passavam por cima da massa ainda fresca.
“Nas primeiras vezes os buracos foram fechados com terra, mas a chuva levou tudo e o buraco continuou. O cimento a gente espera que segure mais até que a Prefeitura tome uma providência para tampar os buracos definitivamente”, disse o morador Fernando Ribeiro. A estimativa feita pelos moradores para fechar cada buraco foi de R$ 65,00.
Prejuízos
A Associação de Moradores da Vila União contabilizou pelo menos 50 buracos nas ruas. Alguns deles são tão grandes que comportam metade ou até um carro inteiro em seu interior. “Os buracos arrebentam com os carros e geram um custo alto para a população. Sem falar nos riscos”, afirmou Gilson Rodrigues, membro da associação.
Acidentes
As histórias de quedas e de prejuízos por causa dos buracos não são poucas. A dona de casa Carla Rodrigues Silva escorregou em um dos buracos na rua de sua casa há uma semana e machucou os joelhos e tornozelos. “Nós já cansamos de ligar no 156 da Prefeitura, mas até agora não tivemos nenhum resultado. E isso daqui virou um problema sério para motoristas, que podem perder o controle da direção em um buraco desses e atropelar alguém ou se chocar contra outros veículos. À noite, o problema fica mais grave ainda porque não dá para enxergar”, reclamou.
A comerciante Lucinete Ferreira Vitral reclama do descaso. “O bairro está uma buraqueira só. Outro dia socorri um motoqueiro que caiu na frente da minha banca. Quis chamar o Samu, mas ele disse que não precisava e foi embora com o dedo machucado e a perna sangrando”, contou. Além dos riscos de acidente, ela reclama dos prejuízos para os comerciantes. “A rua está feia e o pessoal foge de passar aqui. Tem bastante comércio, e os buracos acabam afastando os clientes”, afirmou.
Outro lado
A Secretaria de Serviços Públicos informou que trabalha com dez equipes na operação tapa-buracos, mas que a cidade enfrenta um período atípico de chuva, o que torna mais difícil os trabalhos.
Informou que pretende acelerar as atividades nos trechos prioritários, como corredores de tráfego e itinerários de ônibus, passando em seguida para ruas secundárias dos bairros. Apesar de ter uma programação, a Prefeitura não informou em que datas fará os reparos nem quando a Vila União será contemplada.
O vereador Carlos Roberto de Oliveira (o Carlão do PT) afirmou que desde o início do ano envia ofícios com solicitações de reparos dos buracos para a Prefeitura, mas nunca foi atendido, o que associa com o fato de ser da oposição.
Sobre os pedidos do vereador, a Prefeitura informou que não existe prioridade para ninguém e que todos os pedidos de obras entram no cronograma de acordo com a urgência e sem nenhuma discriminação. Sobre a ação dos moradores, a Pasta informou que o ideal seria que eles aguardassem a ação da Prefeitura.