Grupo pagou por análise feita em laboratório particular, que atestou boa qualidade de líquido em bica da Vila Nogueira
Itamar com o laudo atestando a qualidade da água na mina da Vila Nogueira; Prefeitura não aceita análise (Camila Ferreira/ AAN)
Moradores da Vila Nogueira contestam as informações da Prefeitura de que a água da mina na Praça Antônio Rodrigues dos Santos Júnior é imprópria para o consumo. Indignados com o parecer do Município, os moradores providenciaram um laudo extraoficial, feito em um laboratório de Bragança Paulista, que atesta que a água estaria dentro dos padrões de consumo. Na última semana, dez nascentes dentro da área urbana de Campinas, entre elas a da Vila Nogueira, receberam placas de sinalização para orientar que a água que verte destes locais não é potável, pois não atende aos parâmetros estabelecidos pelo Ministério da Saúde. Apesar da análise dos moradores, a Secretaria de Saúde mantém a orientação de água imprópria para consumo humano. A iniciativa de contratar um laboratório para fazer a análise da água foi do artista plástico Itamar Ayres de Moraes, que mora há 20 anos nas imediações da praça onde está localizada a mina d’água da Vila Nogueira. “Contestamos as declarações da Prefeitura de que a água da mina está contaminada. Toda a população do bairro utiliza essa água há muitos anos sem nenhum problema”, afirmou. O exame foi feito pelo laboratório um dia após Ita Moraes ter notícias do parecer da Prefeitura e da instalação das placas. O laudo feito pelo laboratório — especializado em análise da água — avaliou 35 critérios como acidez, alcalinidade, pH, contaminação por coliformes, por bactérias heterotróficas, ferro, fósforo, flúor e odor. O resultado indicou que a “amostra analisada encontra-se dentro dos padrões de acordo com as normas”. Segundo Moraes, regularmente, os moradores fazem a análise extraoficial para se certificarem da qualidade da água. “Quando vimos a matéria no jornal, ficamos temerosos de que, na reforma da praça, tivessem mexido em alguma coisa que causasse a contaminação da mina. Então encomendamos uma nova análise em uma empresa especializada e o laudo aponta que a água é límpida e de boa qualidade”, comentou. Na semana passada, a Secretaria de Saúde instalou a placa em dez nascentes com água imprópria para consumo. Entre elas estão as minas da Rua Manoel Pereira Barbosa, no Taquaral, da Rua Hermantino Prado, no Jardim Carlos Lourenço, da Rua Maria da Glória Vilela, no São Bernardo, da Rua Ferdinando Turquetti, no Jardim São José. A justificativa é de essas minas que receberam as placas são confundidas com água mineral, mas não são potáveis, já que não atendem aos parâmetros estabelecidos pelo Ministério da Saúde. Moraes disse que a população do bairro sempre utilizou essa água e as análises são feitas há dois anos. “Minha mulher mora aqui há 40 anos, eu moro há 20 e sempre usamos a água da mina, às vezes mais, as vezes menos. Mas, desde o ano passado, com a crise hídrica, ela se tornou um bem precioso da região”, completou. Ele afirmou ainda que em vez de colocar placas, a Prefeitura poderia fazer análises da água desses locais. “Acho que ela generalizou tudo para não assumir as responsabilidades. Existe o Departamento de Meio Ambiente, que poderia assumir essa responsabilidade de avaliar a qualidade da água dessas minas que são um bem precioso. A gente tem que valorizar. A Prefeitura está desvalorizando esse bem precioso que a gente tem.” Outro ladoProcurado ontem, o Departamento de Vigilância em Saúde informou que mantém a orientação para a água não ser consumida, com base nos parâmetros do Ministério da Saúde que indica que a água de nascente não é potável e é imprópria para consumo humano — ingestão direta, produção de alimentos e higiene pessoal.