Morador de rua vira jardineiro

A Prefeitura de Campinas lançou, na manhã de quinta-feira, no Lago do Café, a terceira etapa de um programa que se propõe a resgatar moradores de rua, garantindo a eles capacitação profissional e retorno ao convívio familiar. O Espaço Mão Amiga foi inaugurado em um galpão próximo à Casa de Vidro, onde no passado aconteciam aulas de artesanato. O imóvel fica dentro de uma gleba de 4 mil metros quadrados, reservada para o cultivo do café, frutas e hortaliças. Ali, 31 alunos, recolhidos de praças e sarjetas da cidade, vão aprender as técnicas de jardinagem. Em seguida, o treinamento vai formar pedreiros, serventes e azulejistas. Desde o lançamento do programa Parceiros da Cidade, em 2016, a Administração procurou formar mão de obra para atuação em serviços executados pelo próprio poder público, como a manutenção de praças e canteiros públicos. Dos 53 matriculados nas duas primeiras turmas, 36 foram diplomados. Número que deixa os idealizadores entusiasmados. “Os que se formaram conseguiram empregos formais, passaram a trabalhar por conta, ou ao menos descobriram como era importante voltar para casa, recomeçar a vida”, diz a secretária municipal de Assistência Social, Eliane Jocelaine Pereira. O próprio prefeito, Jonas Donizette (PSB), que descerrou a placa de inauguração do espaço e posou para fotografias ao lado dos novos alunos, afirmou que o programa garante o resgate da dignidade de pessoas que, por qualquer razão, foram parar na rua. E ele admitiu que a missão não é das mais fáceis. “As assistentes sociais abordam os moradores de rua pela cidade e os convencem da importância de aprender uma profissão. Ninguém vem forçado. E quem chega se submete a regras, adota novos comportamentos, aceita mudar de vida” , disse. “Quando vemos um antigo morador de rua recuperado, o prazer é imenso.” Parcerias  A nova etapa do Parceiros da Cidade é marcada por uma parceria importante, firmada entre a Prefeitura, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon). Os dois organismos, no caso, vão responder pela formação dos novos pedreiros e ajudantes. De acordo com Márcio Benvenutti, diretor regional do Sinduscon, hoje em dia as entidades já formam, gratuitamente, mais de 3 mil pedreiros a cada ano. No caso do Mão Amiga, explicou, os educadores serão selecionados em uma faculdade de engenharia civil. “É emocionante ver que as empresas e as universidades podem ajudar o poder público na geração de emprego e renda, e do resgate das vidas”, disse. “É um projeto muito bonito, com o envolvimento de todos.” A Prefeitura estima que dentro de um mês, após a assinatura da parceria, as aulas teóricas começarão a ser ministradas no Lago do Café. Como nas etapas anteriores, os alunos vão receber um salário-mínimo mensal como ajuda de custo. Após a formatura, todos os agentes envolvidos vão se dedicar à inserção dos antigos moradores de rua ao mercado de trabalho.