Alvo de ladrões, busto de Thomaz Alves é retirado de praça no Centro para passar por reparos
Frequentadores observam o monumento sem suas estátuas e o busto de Thomaz Alves, todos retirados para restauro após atos de vandalismo (Carlos Sousa Ramos/AAN)
O desaparecimento do busto em homenagem ao médico Thomaz Alves na Praça Carlos Gomes, área central de Campinas, intrigou os moradores do entorno e frequentadores do espaço. Há cerca de um mês a estátua de bronze, que pesa 30 quilos, não tem sido vista no monumento localizado no centro do largo. Não é a primeira vez que a estátua some do local. Em 2010, a peça também foi tirada.
A explicação para os dois desaparecimentos em anos distintos é a mesma. Assim como ocorreu há três anos, o Departamento de Parques e Jardins (DPJ) da Secretaria de Serviços Públicos teve que remover a estátua devido à ação de bandidos que, na tentativa de furtar a peça, danificaram o busto. Os vândalos usaram martelo e pé de cabra para tentar removê-la do local. E, para evitar uma nova tentativa, já que a peça estava quase solta, a Prefeitura resolveu retirá-la.
O busto foi levado para o almoxarifado do DPJ, onde passará por restauro. A pasta ainda não tem uma data definida para finalizar o conserto e devolver a estátua ao espaço de lazer. O busto de Thomaz Alves era a última peça, de um total de três da estrutura, que sobrevivia à ação de vândalos e bandidos. Elas pertencem ao monumento que representava, respectivamente, a cidade de Campinas, a medicina e a gratidão. Além do busto, havia uma estátua de uma mulher com uma criança localizada na frente ao pórtico e de uma mulher que ficava ao lado esquerdo do busto. A obra é de 1925 e feita pelo escultor Marcelino Vélez.
Todas as peças foram danificadas por vândalos e tiveram partes furtadas por ladrões ao longo dos anos.
No local, hoje, há apenas uma peça em granito rosa que servia como base para as três estátuas, coberta de pichação. O monumento é tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc) como patrimônio histórico.
“Há anos a cidade sofre com a ação desses bandidos que trocam essas peças, que são de bronze, por dinheiro. Eles agem de madrugada, quando o movimento é pequeno. É um problema, pois estão destruindo e roubando um patrimônio da cidade”, disse o secretário de Serviços Públicos, Ernesto Paulella.
“Infelizmente eles estragaram bastante o busto. Retiraram pedaços para vender. Além dos danos, a peça já tinha sido pichada. Agora está com uma outra (estátua de uma mulher), que pertence ao monumento. Elas passarão por restauro e provavelmente serão colocadas no espaço.”
Quem frequenta o local lamenta o desrespeito dos vândalos com a história da cidade. “Isso é uma vergonha. Uma cidade que não valoriza seu passado não tem como ter um futuro promissor”, afirmou a dona de casa Melaine Cerqueira, de 29 anos.
O auxiliar administrativo Vinicius Augusto, de 21, também sentiu falta da peça. “É um patrimônio de toda a cidade não dá para entender pessoas que fazem isso.” O morador do Centro Rômulo de Freitas, de 50 anos, foi um dos que perceberam o desaparecimento do busto. “Costumo caminhar todos os dias na praça e notei que desapareceu a última peça que restava. Porque ao longo dos anos, as estátuas, além de serem pichadas, foram sumindo. É muita cara de pau, ainda mais tentar levar uma estátua de 30 quilos.”.
A falta de interesse pela preservação e desconhecimento das representações históricas são as principais causas apontadas por especialistas para explicar os atos de vandalismo. Mês passado o mausóleu de Carlos Gomes, na praça Bento Quirino, foi pichado com uma inscrição com o nome de uma facção criminosa.
Diversas esculturas da cidade, instaladas principalmente nas praças da região central também estão pichadas e depredadas. Para especialistas, é preciso ser feita uma política cultural e de educação de médio e longo prazo.