trabalho

Momento favorece o espírito empreendedor

Ao todo, foram 731 novos postos de trabalho neste período, conforme dados do SindiVarejista de Campinas e Região em parceria com Federação do Comércio

Renato Piovesan
18/11/2018 às 16:39.
Atualizado em 06/04/2022 às 00:09

Formada em administração, Heloisa Miranda Ruiz tem 41 anos e trabalhou uma década no departamento de compras de uma metalúrgica e em uma multinacional de agronegócio. Seu namorado, Jefferson Santos, de 36, foi gerente geral de lojas de grandes redes do varejo desde que se formou em gestão financeira. Em agosto, os dois resolveram deixar as carreiras para trás e investiram R$ 9 mil para comprar uma franquia que oferece o serviço de passar roupas para quem não tem tempo ou dinheiro para gastar em lavanderias. A motivação do casal é a mesma de milhões de brasileiros, que cada vez mais têm buscado empreender e abrir seus próprios negócios diante da insegurança propiciada pelo cenário de crise e instabilidade das médias e grandes empresas. O momento nunca foi tão bom para pessoas com o espírito de Heloisa e Jefferson, pelo menos em Campinas, onde as pequenas empresas (de até quatro funcionários) foram as responsáveis pela maior parte das vagas de emprego geradas no varejo entre janeiro e agosto deste ano. Ao todo, foram 731 novos postos de trabalho neste período, conforme dados do SindiVarejista de Campinas e Região em parceria com Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). De acordo com o levantamento, quase todas as demais categorias de empresas varejistas registraram saldo negativo. As empresas que possuem de 5 a 9 funcionários fecharam 804 postos de trabalho. Em seguida, estão as empresas com até 19 empregados que eliminaram 617 vagas. Já as companhias com quadro de 20 a 49 funcionários, de 50 a 99 e 250 a 499 fecharam respectivamente 521, 126 e 299 vagas de emprego. Jefferson até foi vítima do contexto de crise antes de abrir a loja de passar roupas no Centro de Campinas. “Eu já tinha essa ideia de empreender amadurecida, e quando fiquei desempregado, aproveitei a oportunidade para seguir este projeto”, conta. “Dentro de grandes redes a gente tem muitos desafios e metas para alcançar, porém, o retorno financeiro é sempre o mesmo. Você se dedica muito apenas para se manter em seu emprego, enquanto a empresa aumenta seus resultados. Então eu decidi me dedicar igual fazia nas redes, mas vislumbrando um retorno a mais para mim”, completa o empreendedor. Heloisa lembra que não é fácil a vida de microempresário, mas acredita que poderá alcançar o sucesso profissional tão esperado. “Eu e o Jefferson exercemos praticamente todas as funções, seja de passar a roupa em si, que é o propósito da microempresa, até cuidar do atendimento ao cliente por telefone, whatsApp e redes sociais", relata. Neste ano, além das pequenas empresas, somente as companhias varejistas com quadro de 100 a 129 colaboradores e de 599 a 999 conseguiram manter o saldo positivo em Campinas, mas ainda baixo: 82 e 11 vagas respectivamente. Para a presidente do SindiVarejista, Sanae Murayama Saito, as pequenas empresas amenizaram um resultado que poderia ser ainda pior. De janeiro a agosto deste ano, o saldo de empregos no varejo foi negativo com o fechamento de 1.543 postos de trabalho. “Em momentos com saldo positivo de vagas e demissões, estes estabelecimentos potencializam a geração de vínculos e amenizam o impacto na economia e na sociedade”, afirma a presidente. Sanae também destaca que o pequeno varejo tem características próprias e por estar normalmente localizado em bairros conta com mais proximidade e fidelidade de clientes. “Mesmo num momento de retração do emprego, os pequenos estabelecimentos, por características intrínsecas ao seu tamanho, têm menos capacidade de subsistir diminuindo quadro funcional. Portanto, aqueles que mantêm portas abertas possuem mais estabilidade de vagas”, acrescenta. Evento estimula a criatividade Nos dias 1º e 2 de dezembro acontece a 1ª edição do SoulLocal Festival em Campinas. O evento, inspirado em padrões internacionais de feiras de negócios criativos, tem como objetivo reunir eixos da economia criativa e do empreendedorismo na região e incentivar a produção e o consumo consciente, colaborativo e sustentável. “Nós queremos contar as histórias de pessoas reais que tiveram que se reinventar ou após a aposentadoria ou após perder o emprego, ou por não mais se encaixar no modelo corporativo tradicional. Queremos inspirar outras pessoas para que elas se sintam capazes de realizar seus sonhos, de empreender e de investir na felicidade”, diz Paulo Biafora, produtor do evento juntamente com a Professora Laura Santi. O festival acontece no sábado, 1º de dezembro, das 10h às 20h, e no domingo, 2 de dezembro, das 10h às 18h, no CIS Guanabara (Rua Mario Siqueira, 829 – Botafogo – em frente à Unimed Campinas). A entrada é gratuita. Os expositores que tiverem ideias originais e quiserem participar da feira de produtos artesanais podem se cadastrar pelo site http://www.soullocalfestival.com.br. Informações pelo telefone (19) 99195-4982.

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