em dez anos

Mobilidade prevê aporte de R$ 3,1 bi

O Plano de Mobilidade Urbana de Campinas, anunciado ontem pelo prefeito Jonas Donizette (PSB), prevê necessidade de R$ 3,1 bilhões em dez anos

Maria Teresa Costa
14/11/2019 às 07:31.
Atualizado em 30/03/2022 às 10:11

O Plano de Mobilidade Urbana de Campinas, anunciado ontem pelo prefeito Jonas Donizette (PSB), prevê necessidade de R$ 3,1 bilhões em dez anos para mudanças no trânsito e transporte, que irão priorizar os deslocamentos não motorizados, como pedestres e ciclistas, e o transporte coletivo. No plano, não há diretriz que facilite o uso de carros. A proposta é reduzir o número de automóveis em circulação — hoje, segundo a Prefeitura, 75% do sistema viário da cidade são ocupados por veículos de pequeno porte. A Administração descarta, no entanto, a instalação de pedágios urbanos. Com o horizonte de uma década, não há garantias de que o prefeito que vencer as eleições em 2020 seguirá o plano. “As diretrizes que estamos apontando visam criar condições de mobilidade sustentável em Campinas, mas o prefeito tem autonomia para mudar, se achar que será necessário”, disse Jonas. Para ele, no entanto, a forma como as pessoas se deslocam na cidade está mudando. “Hoje as pessoas procuraram morar em locais que possuam disponibilidade de comércio e serviços, emprego e as políticas públicas precisam responder essa tendência de tornar as cidades mais compactas e a forma como elas se descolam indica o caminho a seguir”, disse ontem, ao assinar decreto criando o plano, que será publicado hoje no Diário Oficial. Várias diretrizes anunciadas já estão em curso, como é o caso da concessão do transporte urbano (que está suspensa pela Justiça), implantação de ciclovias, corredor do BRT (prevê, inclusive, extensão do corredor do Ouro Verde a Viracopos, já anunciada), faixas exclusivas de ônibus, concessão de pontos de ônibus. Um conjunto de sete diretrizes foi definido nas áreas de gestão de circulação, sistema viário, transporte público municipal, transporte ativo (deslocamento a pé e ciclomobilidade), mobilidade sustentável e trânsito seguro, transporte motorizado individual e transporte público metropolitano. O plano levou em consideração uma pesquisa de origem-destino de 2011, que apontou que 433.471 dos deslocamentos em Campinas eram feitos por formas não motorizadas — 93,53% dos deslocamentos eram a pé e 3,47% em bicicleta. Já 1.558.949 eram por meios motorizados, sendo que 57,04% por sistema individual e 42,96% por coletivo. Esse perfil, disse o secretário de Transportes e presidente da Emdec, Carlos José Barreiro, se não for mudado, levará a congestionamento dos sistemas viário e de transporte coletivo, a redução do transporte não motorizado; aumento do transporte individual, resultando em perdas sociais, econômicas e ambientais. Campinas tem hoje 32 quilômetros de ciclovias, que corresponde a apenas 18% do previsto no plano cicloviário da cidade, de 180 quilômetros. O projeto prevê um sistema integrado ao transporte urbano: o ciclista chega a um terminal, deixa a bike no bicicletário e segue viagem em ônibus. Para incentivar o uso de bicicleta, o plano prevê implantação de uso compartilhado de bikes, o chamado bikesharing, e de outros meios auxiliares de deslocamento. Para o transporte motorizado individual o plano prevê ações que promovam a migração do meio motorizado para o coletivo ou o não motorizado, entrando nas propostas o sistema de uso compartilhado de veículos elétricos, o carsharing, e a instalação de estacionamento rotativo pago, que já está em curso. Para incentivar deslocamentos a pé, estão adoção de medidas para melhoria das condições das calçadas e para minimizar os conflitos entre a circulação a pé e o trânsito de veículo, como o chamado traffic calming — intervenção nas ruas que reduzem a velocidade dos veículos. Medidas para incentivar o transporte público, como a nova concessão, a concessão dos terminais urbanos e abrigos de ônibus, extensão dos corredores do BRT estão no horizonte do plano. Licitação definirá concessão de novos terminais urbanos O presidente da Emdec, Carlos José Barreiro anunciou ontem que até o final do primeiro semestre de 2020, colocará na rua licitação para a concessão dos terminais urbanos da cidade. Quem vencer a concorrência fará a gestão dos equipamentos já instalados e também as estações dos corredores do BRT. Ele poderá fazer a exploração comercial do espaço, como instalação de shopping, e pagará uma outorga à Prefeitura pelo uso do espaço. O recurso, informou, será utilizado para reduzir a tarifa de transporte paga pelos usuários. Barreiro explicou que o recurso que ingressará da concessão formará receita acessória que a Administração utilizará para ajudar a financiar o subsídio dado às operadoras do transporte e garantir, assim, tarifa acessível. Com a concessão, informou, a Prefeitura deixa de gastar com a manutenção dos terminais, que segundo ele é cara, e propicia a chamada modicidade tarifária, com uso de recurso novo no sistema de transporte, que poderá promover a redução da tarifa ao usuário. DIRETRIZES DO PLANO DE MOBILIDADE Gestão da Circulação - Melhorar as condições de circulação do sistema viário - Concessão do estacionamento rotativo - Implantar diretrizes para circulação de carga e produtos perigosos - Alternativas para demandas decorrentes da expansão do Aeroporto de Viracopos Sistema Viário - Plano Viário para os próximos 25 anos - Obras para melhoria na circulação do Anel Rebouças e entorno do Terminal Rodoviário - Sistema Viário com aproveitamento das rodovias que cortam o Município - Implantação de marginais nas principais rodovias Transporte Público Municipal - Nova concessão do transporte urbano - Concessão dos terminais urbanos e abrigos de ônibus Requalificação dos corredores de transportes existentes - Obras e plano de operação dos corredores BRT - Corredores radiais e perimetrais de transporte - Faixas exclusivas no modelo padrão BRT Transporte Ativo - Deslocamento a pé - posturas municipais e política para calçadas; ações para minimizar os conflitos entre circulação a pé e trânsito de veículos; ações de urbanismo tático - Ciclomobilidade - sistema cicloviário integrado ao sistema de transporte; uso compartilhado de bicicletas e outros meios auxiliares Mobilidade sustentável e trânsito seguro - Uso de meios de transporte menos poluentes - Programas permanentes de educação para o trânsito - Ações voltadas à redução da acidentalidade Transporte motorizado individual - Ações que promovam a migração do modo motorizado para o não motorizado e coletivo - Sistema de uso compartilhado de veículos elétricos (carsharing) - Estacionamento rotativo pago Transporte Público Metropolitano - Corredores para atender demandas intermunicipais - Desenvolver o eixo Monte-Mor a Campinas (Viracopos) - Corredor de média capacidade (BRT ou VLT) nos eixo Sudoeste (Abolição-Valinhos) e Nordeste - Trem regional, avaliando seus impactos no Município

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