MAIS UMA ESTRATÉGIA

Ministério da Saúde destina 52,8 mil doses da vacina contra a dengue para a RMC

Com 35 mil casos da doença e quatro óbitos, Campinas receberá aproximadamente um terço do total definido para a região

Da Redação
02/04/2024 às 09:09.
Atualizado em 02/04/2024 às 09:09
Região Metropolitana de Campinas (RMC) já acumula 49.081 infecções confirmadas, sendo 46 graves, e sete vítimas fatais; governo federal vai enviar 2 mil doses para a cidade de Paulínia (Rodrigo Zanotto)

Região Metropolitana de Campinas (RMC) já acumula 49.081 infecções confirmadas, sendo 46 graves, e sete vítimas fatais; governo federal vai enviar 2 mil doses para a cidade de Paulínia (Rodrigo Zanotto)

A Região Metropolitana de Campinas (RMC) vai receber ainda este mês, sem dia definido, 52.857 doses da vacina contra a dengue do total de 266.281 destinadas aos 50 novos municípios contemplados do Estado de São Paulo. Eles foram incluídos na relação, anunciada na semana passada pelo Ministério da Saúde, de cidades beneficiadas com o imunizante que é voltado para a faixa etária de 10 a 14 anos. Campinas é a cidade com o maior número de doses a receber, 18.063, aproximadamente 34% do total, seguida de Sumaré com 5.334, Hortolândia, 4.298, Indaiatuba, 4.310, e Americana (3.650). Até segunda-feira (1º), Campinas registrava 35.289 notificações, 4 óbitos e dois casos importados de chikungunya de acordo com o Painel de Monitoramento de Arboviroses da Prefeitura de Campinas. A RMC tem 49.081 casos da doença transmitidas pelo mosquito Aedes aegytpi, com 7 óbitos e 46 graves.

Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Saúde, Campinas tem 91.224 jovens que podem se beneficiar com a vacina. Os adolescentes com 14 anos são a maioria, com 18.663 pessoas. Crianças de 10 e 12 anos têm o mesmo número, de acordo com a Saúde, 18.382 em cada grupo. Ainda há 18.250 com 13 anos de idade e 17.547 com 11 anos. Em nota, a Pasta informou que “aguarda o envio de nota técnica pelo Ministério da Saúde, incluindo número de doses, data de envio e validade dos imunizantes” para definir o esquema vacinal na cidade.

Além de Campinas, Hortolândia, Americana, Sumaré e Indaiatuba, as demais cidades da RMC que vão receber são Paulínia (2.077 doses), Santa Barbara D'Oeste (2.959), Valinhos (1.943), Nova Odessa (1.079), Cosmópolis (1.083), Artur Nogueira (971), Santo Antônio de Posse (407) Jaguariúna (985), Pedreira (668), Itatiba (1;928), Monte Mor (1.321), Vinhedo (1.284), Holambra (263) e Morungaba (234). A única cidade da RMC que ficou de fora da lista é Engenheiro Coelho. A reportagem do Correio Popular entrou em contato com o Ministério, Secretaria Estadual de Saúde e a Prefeitura de Engenheiro Coelho para falar da ausência da cidade, mas sem sucesso até o fechamento desta matéria.

CARTÃO

A Prefeitura de Campinas está distribuindo o cartão da dengue nos 68 centros de saúde da cidade, nas unidades de pronto atendimento (UPAs) e hospitais da Rede Mário Gatti de Urgência, Emergência e Hospitalar. Ele é considerado pela Administração como aliado importante dos pacientes com suspeita ou dengue confirmada. O material qualifica o monitoramento e ajuda os profissionais de saúde a direcionar as ações necessárias.

O cartão reúne uma série de informações como sinais de alarme que o paciente precisa ficar atento, como tontura, dor abdominal muito forte, vômitos repetidos, suor frio, sangramentos espontâneos, sensação de desmaio, palidez, diminuição da urina, dificuldade de respirar, manchas roxas na pele, agitação ou sonolência. Além disso há orientações para evitar esforço físico, não realizar automedicação, orientações sobre tratamento completo, consumo de água e soro, e como amenizar dores nas articulações. 

A diretora de Saúde, Monica Macedo Nunes, ressaltou os benefícios associados ao cartão quando preenchido corretamente e levado pelo paciente, principalmente quando ele busca por atendimentos em unidades de saúde diferentes.

“Às vezes o paciente vai até uma UPA, recebe o primeiro atendimento e depois precisa dar continuidade na atenção básica, ou seja, no centro de saúde. No primeiro atendimento, o médico ou enfermeira abre o cartão e coloca ali uma série de dados importantes para monitorar. Dados do hemograma, que é um exame que ele faz, dados sobre pressão arterial quando sentado e em pé, uma série de parâmetros clínicos que a gente usa para acompanhar o caso para ver se o paciente está melhorando ou se teve alguma piora. A partir disso, o médico pode avaliar e fazer o seguimento desse paciente da melhor forma”.

PREOCUPAÇÃO

Campinas registra pela primeira vez na história a circulação simultânea de três sorotipos da dengue: DEN 1, DEN 2 e DEN 3. Desde o início de outubro ela tem apresentado condições climáticas consideradas ideais para desenvolvimento e proliferação do Aedes aegypti. A Saúde também observou aumento de casos confirmados de dengue nas últimas semanas, três mortes pela doença, e projeções indicam a possibilidade de Campinas alcançar o pico da epidemia no mês de abril.

ORIENTAÇÕES SOBRE ASSISTÊNCIA

A pessoa que tiver febre deve procurar um centro de saúde imediatamente para diagnóstico clínico. Portanto, a Saúde faz um apelo para que a população não banalize os sintomas e também não realize automedicação, o que pode comprometer a avaliação médica, tratamento e recuperação. Já quem estiver com suspeita de dengue ou doença confirmada e apresentar sinais de tontura, dor abdominal muito forte, vômitos repetidos, suor frio ou sangramentos deve buscar o quanto antes por auxílio em pronto-socorro ou em UPA.

FISCALIZAÇÃO

Na quinta-feira da semana passada, o Grupo de Resposta Unificada (GRU), criado pela Prefeitura de Campinas para agilizar respostas e fiscalizações acerca de denúncias relacionadas à presença de criadouros do mosquito da dengue, participou do primeiro dia de visitas a imóveis. As equipes percorreram espaços que foram denunciados pela população nos bairros Bonfim e Jardim Chapadão. Até o dia 28 de março, o serviço 156 da Prefeitura registrou média diária de 250 denúncias.

O GRU foi criado por meio de decreto, reúne representantes de diversas áreas, e atuará na cidade enquanto ela permanecer em situação de emergência pública para dengue. "Com esse decreto, todas as secretarias podem fiscalizar e dar o encaminhamento para acabar com os criadouros do mosquito da dengue. Não precisa mais daquela burocracia da Secretaria de Saúde para ir lá verificar se é dengue ou não, se é criadouro ou não. Todos serão capacitados para agir e responder rápido à população", falou o prefeito Dário Saadi (Republicanos).

As equipes desta quinta reuniram funcionários das secretarias de Saúde, Urbanismo, Serviços Públicos e do Clima, além da Emdec, Sanasa, Guarda e Procon. O diretor da Defesa Civil, Sidnei Furtado, também acompanhou as ações. Os drones deixaram de ser usados nesta quinta-feira por causa da chuva, mas voltam a operar nas próximas fiscalizações em dias de sol. Os proprietários de imóveis que não foram encontrados durante as ações serão notificados posteriormente para tomar providências.

"Trata-se de uma ação estratégica e inovadora porque envolve todas as secretarias e foi uma estratégia que deu muito certo na época (mais crítica) da covid-19. Então, acho que é uma ação muito importante, coordenada pela Secretaria de Saúde, e que vai agilizar muito as ações de fiscalização no município", destacou.

A coordenadora do GRU, Christiane Sartori, explicou que a ação é muito importante para dar atenção e respostas aos munícipes, principalmente "no sentido de a gente tirar os criadouros, fazer as orientações para que depois as pessoas consigam manter os seus imóveis livre de criadouros do mosquito que transmite a dengue e outras doenças". Ela também abordou a expectativa de resolver os problemas com o envolvimento de outros parceiros de outras secretarias para a força-tarefa.

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