Cerca de 200 militares de Campinas receberam hoje o gorro azul, símbolo das atividades da ONU
Grupo fará parte do 19º Contingente do Batalhão Brasileiro de Força de Paz (Brabat) (Edu Fortes/AAN)
Pronto para participar de mais uma missão no Haiti pelo Exército Brasileiro, o sargento Ricardo Teixeira de Brito faz da solidariedade a sua principal munição. Já em sua segunda viagem ao país caribenho – a primeira foi entre 2009/2010, quando ajudou a socorrer vítimas do terremoto que assolou o lugar –, ele agora batalha para reunir o máximo possível de materiais escolares para doar às crianças do local, carentes de praticamente tudo. Na primeira oportunidade, Brito contou com a ajuda da família e amigos para reunir roupas. “Meu foco principal é dar o melhor de mim para ajudar àquelas pessoas”, justifica. O sargento foi um dos cerca de 200 militares de Campinas que na manhã desta quarta-feira (4) receberam o gorro azul, um importante símbolo para todos os soldados que participam das atividades da Organização das Nações Unidas (ONU) pelo mundo. O grupo fará parte do 19º Contingente do Batalhão Brasileiro de Força de Paz (Brabat) e representará a chamada Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti (Minustah). A solenidade ocorreu na sede do Comando da 11ª Brigada de Infantaria Leve, no Jardim Chapadão. Os militares embarcam a partir de novembro e ficarão por pelo menos seis meses no Exterior. No ano que vem, também serão celebrados os dez anos da participação do Brasil nessa missão humanitária. Contudo, relatos de quem está lá no momento mostram que o clima tende a ser de tensão nos próximos meses em função da aproximação das eleições no país. A data exata para os haitianos votarem ainda não foi definida, mas o objetivo dos brasileiros é garantir a manutenção da paz e da ordem durante o processo democrático. Para isso, um total de 1,2 mil militares - sendo 850 de cidades paulistas - segue para essa missão. O grupo, que já passa por treinamentos em suas cidades de origem, deve se deslocar para Campinas em breve para uma nova etapa de preparação, que inclui técnicas de abordagem, patrulhas, treinamento físico, legislação internacional, Direitos Humanos e idiomas (inglês, francês e o dialeto muito usado pela população haitiana, o creole). Integrantes especializados do Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil (CCOPAB), localizado no Rio de Janeiro, também vêm a Campinas para promover dois estágios como forma de preparar ainda mais os soldados para as situações que poderão ser vividas no país distante.Bruno Leonardo Peres vai pela primeira vez ao Haiti e participa de todo o treinamento. “Vou ser auxiliar de Saúde e poderei ajudar tanto a tropa quanto a população local. Será uma experiência de vida muito importante, um grande aprendizado. Estou passando pelo treinamento e me sinto preparado para exercer as tarefas por lá”, diz o morador do bairro São João. “Tenho a consciência de que também estou representando o cidadão de Campinas”, afirma. MulheresAs mulheres ainda são minoria no grupo, mas não menos importantes. Até o momento, elas são apenas 14, mas esse número tende a aumentar até a viagem. Uma determinação da ONU incentiva uma maior presença feminina nas forças de paz como forma de valorizar a igualdade entre os sexos. A sargento Aline Bernardes Pereira é enfermeira e está pronta para atuar. “É um sonho de todo militar integrar essa missão, uma oportunidade que me deixa muito honrada. A responsabilidade é grande. Já estou há 13 anos no Exército e estou acostumada a lidar com um meio mais masculino. Mas não há diferença, a missão é igual para todos. Representar a mulher é um orgulho muito grande”, comenta ela. Veja também Haitianos no RS enviam parte do salário para parentes Em 2012 aumentou entrada irregular de imigrantes no País pela fronteira do Acre com o Peru e a Bolívia