FÓRUM

Milhões de vidas, bilhões de reais

Estes são os custos dos acidentes de trânsito, um dos temas abordados no evento realizado na quinta-feira

Maria Teresa Costa/ AAN
04/05/2018 às 07:29.
Atualizado em 28/04/2022 às 07:37
Ramalho, diretor-presidente do Observatório Nacional de Segurança Viária: "Os acidentes precisam deixar de ser vistos como um acaso" (Dominique Torquato/AAN)

Ramalho, diretor-presidente do Observatório Nacional de Segurança Viária: "Os acidentes precisam deixar de ser vistos como um acaso" (Dominique Torquato/AAN)

Os acidentes de trânsito custam R$ 4,1 bilhões ao ano para Campinas, segundo o Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV). O valor corresponde a quase todo o Orçamento que a cidade tem para investir em saúde, educação e manutenção e corresponde a 7,3% dos R$ 56 bilhões que os acidentes custam ao Brasil em socorro, combustível, seguros, leitos de hospital, medicamentos, afastamentos do trabalho, indenizações e custos com Previdência, gerados por um trânsito que deixa mais de 2 milhões de pessoas mortas ou com sequelas por ano. O dinheiro poderia ser usado pelo País para construir 28 mil escolas de educação básica a R$ 2 milhões cada, ou 1,8 mil hospitais de R$ 30 milhões, apontou o diretor-presidente do Observatório, José Aurélio Ramalho, que participou ontem do Fórum RAC, que debateu o tema “Segurança nos Modais de Transporte: Impactos Sociais e Econômicos”. Para ele, no entanto, essas ocorrências não são acidentes. “Antes de um acidente ocorrer, houve uma imprudência, uma negligência e uma imperícia. A pessoa escolheu falar ao celular e dirigir, escolheu não colocar o filho na cadeirinha, decidiu beber e dirigir, decidiu avançar no semáforo”, afirmou. “O acidente de trânsito precisa deixar de ser visto como um acaso e ter a responsabilidade de quem o comete apurada”. Ramalho observou que pequenas atitudes no trânsito salvam vidas - basta seguir o que diz a lei. “Atitudes como dar seta antes de virar numa via, seguir na velocidade permitida, respeitar o semáforo, respeitar o pedestre - e o pedestre respeitar a faixa - não dirigir após beber, não falar ao celular ao volante, tudo isso pode salvar muitas vidas e evitar que tantas outras pessoas não vivam com as sequelas de um acidente”, disse. A cada minuto, no Brasil, o trânsito mata uma pessoa e a cada minuto uma pessoa fica com sequelas permanentementes. “São dados absurdamente altos e que podem inclusive ser muito maiores, porque o levantamento é feito com base no DPVAT (o seguro obrigatório para todos os donos de veículos), e nem todo acidentado vai atrás para receber”, disse. Ramalho afirmou também que todos os acidentes poderiam ser evitados se o Brasil adotasse uma nova formação para os condutores, implantasse a educação para o trânsito nas escolas de ensino fundamental e, ainda, investisse em campanhas maciças e permanentes de conscientização, que mostrassem as consequências dos acidentes na vida de todos. Banalização Idealizador do movimento “Maio Amarelo”, que visa preservar a vida no trânsito por meio de ações coordenadas entre o poder público e a sociedade civil, Ramalho afirmou que os acidentes se tornaram uma banalidade. “As pessoas olham e seguem em frente, como se nada tivesse ocorrido”. Ele citou um trecho da música “Construção”, de Chico Buarque, para ilustrar essa banalização. “A música diz, em um trecho: morreu na contramão atrapalhando o tráfego. Foi uma profecia, porque mostra que atrapalhar o tráfego é mais importante do que morrer. Somos responsáveis pelos nossos atos no trânsito, e ter consciência clara disso é um dos caminhos para a reversão deste triste cenário não só do Brasil, mas de todo o mundo”. O tema do Maio Amarelo este ano é, justamente, “Nós somos o trânsito”. O objetivo é mostrar que todos - motoristas e pedestres - podem transformar as ruas e estradas em lugares mais seguros. Segundo Ramalho, 90% dos acidentes têm como motivo falhas humanas, como imperícia, imprudência e desatenção. VEJA A COBERTURA COMPLETA DO EVENTO NA EDIÇÃO DO PRÓXIMO DIA 8, TERÇA-FEIRA

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