O deputado Marco Feliciano (PSC-SP) esteve ontem em Valinhos para participar de um culto na igreja evangélica Deus é Paz, que lotou para receber o parlamentar e também pastor. Um pequeno grupo com aproximadamente 20 manifestantes protestou em frente ao templo contra o político, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal, que na semana passada aprovou o projeto da “Cura Gay”, que autoriza o tratamento psicológico de homossexuais. Feliciano afirmou que a mídia “enterrou” o projeto. Com um discurso acalorado e polêmico, ele usou boa parte do tempo para justificar suas ideias políticas e criticou o movimento LGBT, afirmando que são pessoas “transtornadas” e “sem família”.
De acordo com os responsáveis pela igreja, mais de 700 pessoas participaram da pregação. O deputado chegou uma hora atrasado e foi recebido aos gritos de “Feliciano me representa”. Durante alguns minutos, os fieis foram orientados a se virar para a porta e cantar contra os manifestantes que empunhavam cartazes com críticas a Feliciano. “São meninos e meninas que não têm família e se têm família não têm o amor devido. Têm um transtorno em suas vidas, diferente dos nossos filhos que estão aqui”, disse o deputado, na abertura do culto.
Ele ainda fez críticas à presidente Dilma Rousseff e disse estar arrependido de ter apoiado o governo quando se lançou na política. Feliciano afirmou que a resposta dos que o apoiam virá nas eleições de 2014. “No ano que vem a resposta vai vir nas urnas”, disse.
Durante o discurso aos fieis, ele disse que as pessoas protestavam contra ele porque ele “pregava contra o pecado”. Em entrevista ao Correio, ao final do culto, ironizou os manifestantes. “O movimento LGBT me ama.”
Feliciano afirmou que o grupo LGBT “aproveitou o momento que o Brasil vive e entrou no meio da multidão”. “Eles são muito inteligentes. Pensam que é um clamor nacional, mas não é. É o clamor que você viu hoje aqui: oito pessoas ali fora e eu aqui dentro com mil.” Mesmo com a pressão popular que pede sua saída da presidência da comissão, o político do PSC foi categórico. “Não vou renunciar. Eu não sou condenado, não sou mensaleiro, não sou corrupto.”
Sobre a “Cura Gay”, ele disse que o projeto não deve ser associado a ele. “Não é meu, não fui relator e não votei.” No entanto, questionado se é a favor, foi enfático. “Sou totalmente a favor.
Esse projeto ajuda as pessoas a se encontrarem. São pessoas que carecem, que sofrem com uma angústia interior profunda. Não é tratamento, não é cura, é um fenômeno de comportamento
E quem é que tem o direito de lidar com o fenômeno de comportamento? É o psicólogo. E no Brasil é o único do mundo que é proibido de sequer ouvir o homossexual, a não ser que a pessoa fale: ‘Eu quero sair do armário’.”