CRISE

Metalúrgicos da Mabe pedem arresto de bens

Trabalhadores querem garantir pagamento de direitos caso a companhia mexicana feche as portas

Adriana Leite
07/05/2013 às 07:53.
Atualizado em 25/04/2022 às 17:22
Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região entrou na Justiça, na última sexta-feira, com uma ação de medida cautelar de arresto de bens da multinacional mexicana Mabe (Divulgação)

Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região entrou na Justiça, na última sexta-feira, com uma ação de medida cautelar de arresto de bens da multinacional mexicana Mabe (Divulgação)

O Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região entrou na Justiça, na última sexta-feira, com uma ação de medida cautelar de arresto de bens da multinacional mexicana Mabe.

O objetivo é garantir o pagamento dos direitos dos funcionários, caso a empresa deixe de quitar as obrigações trabalhistas. A solicitação também visa impedir que a empresa esvazie as linhas de produção na região.

A Mabe entrou com um pedido de recuperação judicial na semana passada e teria demitido 1.300 trabalhadores da fábrica de Itu. A indústria tem mais uma planta em Campinas e outra em Hortolândia.

Além do risco de quase mil cortes nessas duas fábricas, os metalúrgicos sentem os efeitos na cadeia produtiva - a multinacional vem atrasando os pagamentos de fornecedores há meses - e muitas empresas de médio e pequeno porte também se viram obrigadas a dispensar funcionários, cenário que pode piorar ainda mais se a Mabe não honrar seus compromissos.

O sindicato também solicitou a intermediação do Ministério Público do Trabalho (MPT) para dialogar com a fabricante de eletrodomésticos. O Poder Judiciário tem 48 horas para analisar o pedido de medida cautelar.  

Na semana passada, a empresa teria tentado retirar equipamentos da fábrica de fogões de Campinas, mas foi impedida pelos trabalhadores, que decidiram acampar em frente à planta.

A Mabe é detentora de marcas conhecidas, como GE, Dako e Continental. Na região, ela emprega nas duas fábricas pelo menos 2.700 pessoas. De acordo com dirigentes sindicais, há boatos de que a empresa promoveria uma reestruturação que eliminaria pelo menos mil postos de trabalho, somadas as demissões dessas duas unidades - além do fim das atividades em Itu.

A informação não foi confirmada pela multinacional, que sentará amanhã com os representantes da categoria para tratar sobre a recuperação judicial. Os trabalhadores olham com desconfiança a situação, pois a Mabe estaria lucrando com o bom momento da economia brasileira e nos últimos anos não demonstrou sinais de problemas financeiros.

De acordo com informações não oficiais, a multinacional teria ainda dívidas com antigos proprietários de uma das fábricas e “herdado” débitos na aquisição de outra. Os sindicalistas não têm detalhes sobre os problemas financeiros da empresa e esperam que a Mabe apresente a real situação na reunião de amanhã.

Preocupação

O presidente do sindicato, Jair dos Santos, afirmou que parte dos trabalhadores da empresa está em férias coletivas e a outra foi dispensada do trabalho nas últimas semanas.

“Os trabalhadores estão recebendo os salários, mas a produção está parada. A previsão é de retorno ao trabalho amanhã (hoje), mas vamos realizar assembleias e convocar uma greve até que a situação seja esclarecida e os trabalhadores tenham seus empregos e direitos garantidos”, disse.

Santos disse que não acredita em fechamento das unidades, mas vê uma tendência é de enxugamento do quadro. O receio é que a empresa aproveite para dispensar trabalhadores lesionados e reduza excessivamente seus quadros.

Santos salientou que demissões em massa são um problema social, que afeta milhares de famílias. Ele disse que há boatos no mercado de que a empresa poderá ser vendida para outra gigante do setor.

Em nota, a Mabe esclareceu que“está em recuperação judicial desde o dia 3 de maio. A partir da data, a empresapassa a seguir o processo previsto na lei de recuperação judicial. Quaisquer ações que venham a sernecessárias como parte deste esforço serão negociadas previamente com o sindicato”.

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