DESPERDÍCIO

Meta da privatização de água e esgoto de Sumaré é reduzir perdas

Odebrecht Ambiental, empresa da Organização Odebrecht, assumiu os serviços, com a previsão de investir nos próximos 30 anos, período da concessão, R$ 317 milhões

Maria Teresa Costa
20/06/2015 às 05:00.
Atualizado em 23/04/2022 às 10:04
Lagoa do Marcelo, usada no abastecimento de Sumaré: perda de água tratada no município chega a 54% (  Cedoc/RAC)

Lagoa do Marcelo, usada no abastecimento de Sumaré: perda de água tratada no município chega a 54% ( Cedoc/RAC)

O serviço de água e esgoto de Sumaré foi privatizado e desde quarta-feira a Odebrecht Ambiental, empresa da Organização Odebrecht, assumiu os serviços, com a previsão de investir nos próximos 30 anos, período da concessão, R$ 317 milhões. Desde dezembro, quando o contrato de concessão, de R$ 91 milhões por 30 anos, foi assinado, a empresa já vinha fazendo a transição da gestão.Uma das principais metas da empresa a ser alcançada em três anos é reduzir para 30% as perdas de água na rede, que hoje é superior a 54% - ou seja, mais da metade da água captada e tratada se perde em vazamentos e rompimentos antes de chegar às torneiras dos consumidores. A média nacional de perdas é de 37%. Outra meta é elevar o índice de tratamento de esgoto dos 14% para 25% em um ano.Na licitação de concessão aberta no ano passado, a Odebrecht venceu com o melhor lance oferecendo um ágio de 13,75$ sobre o mínimo estabelecido no edital, que era de R$ 80 milhões. Na região de Campinas, a Odebrecht Ambiental administra o saneamento em Limeira, Rio Claro e Santa Gertrudes. Segundo a Prefeitura, as tarifas de água e esgoto que não são reajustadas desde 2011, serão mantidas por mais um ano.Em Sumaré, a opção pela concessão, segundo a prefeita Cristina Carrara (PSDB) ocorreu por falta de capacidade de investimentos. "Tínhamos dívidas, um índice de perda muito alto e baixo índice de tratamento de esgoto. A Prefeitura não tem capacidade financeira para, sozinha, mudar essa situação", afirmou. O Departamento de Água e Esgoto (DAE), que era o responsável pelo saneamento, foi extinto e parte dos funcionários foi transferida para outros setores, outros se aposentar e outros ingressaram no programa de demissão voluntária.O contrato prevê que nos primeiros anos de concessão, a empresa reduza as perdas para menos de 30% (a Odebrecht informou que fará isso em três anos), além de construir três grandes ETEs (Estações de Tratamento de Esgoto) e suas redes de tubulações num período de 8 anos, elevando para 60% o índice de tratamento e, posteriormente, para 95% em até 15 anos Ao final do período de concessão, todas as obras e melhorias realizadas pela concessionária retornam ao patrimônio do Poder Público Municipal.R$ 317 milhõesA empresa informou que para reduzir as perdas de água vai realizar a substituição de redes e ramais antigos, a redução do tempo de atendimento nos reparos de vazamentos das redes de água e a implantação de troca sistemática de hidrômetros. Já o sistema de esgotamento sanitário coleta cerca de 93% do esgoto gerado na cidade, e trata 14% desse efluente - a meta é saltar para 45% em três anos. A Odebrecht informou que para dar acesso a toda população à coleta e tratamento do esgoto, irá implantar três novas ETEs de grande porte, que elevarão os índices de tratamento de esgoto do município gradativamente. "Uma nova infraestrutura será implantada, contribuindo para a melhoria da saúde e qualidade de vida da população e a preservação do meio ambiente" , disse o diretor da empresa, Márcio Tanajura.IrregularidadesA Comissão Especial de Inquérito (CEI) que acompanha o processo de transição do gerenciamento dos serviços de saneamento para a iniciativa privada, em Sumaré, vai investigar se houve irregularidades nesse processo, uma vez que, segundo os vereadores, havia acordo para que a transição ocorresse em 90 dias e foi prorrogada para seis meses, sem justificativa. Além disso, o governo previa gastar R$ 1,82 com o pagamento das rescisões no programa de demissão voluntária mas foi autorizada a abrir crédito adicional de R$ 1,46 milhão sem justificar a diferença. A CEI quer saber se houve prejuízos aos cofres públicos.A prefeita Cristina Carrara (PSDB) informou, por meio de nota, que está fornecendo todas as informações solicitadas e aguarda a conclusão do relatório da CEI para melhor análise e manifestação.O presidente da CEI, Geraldo Medeiros (PP), disse que ainda não é possível falar em irregularidades, mas que a comissão tem várias dúvidas e por isso pediu ontem uma série de documentos à Prefeitura. Assim que receber os documentos, disse, a CEI fará uma reunião de encerramento, fixando um prazo para o relatório final, que será encaminhado ao Ministério Público.A CEI foi instalada no ano passado para acompanhar o processo de concessão e nesse período os vereadores encaminharam documentos à Prefeitura solicitando explicações, todos eles, segundo a comissão, com respostas evasivas. Uma das explicações pedidas foi o motivo da prorrogação do prazo previsto para durar a operação assistida, e a diferença de valores entre o que a Prefeitura previa pagar com as rescisões de 29 servidores que aderiram ao programa de demissão voluntário e o que foi autorizado a abrir crédito adicional. "Queremos explicações" , disse Medeiros. CampinasA Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento (Sanasa) foi escolhida como "Empresa do Ano no Saneamento Ambiental" , na categoria Serviço Municipal pela revista especializada Saneamento Ambiental. É a quarta vez que a empresa recebe esse prêmio, que levou em conta os investimentos realizados em relação à receita operacional líquida anual da empresa, índice de tratamento de esgoto, níveis de perda de água e receita gerada por funcionário próprio. A Sanasa foi a empresa que obteve a melhor pontuação entre as principais companhias de saneamento do País.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por