CAMPINAS

Mesmo em coma, mulher dá a luz no Caism da Unicamp

Técnica de enfermagem sofreu um AVC e o bebê nasceu após dois meses na UTI do hospital da mulher

Felipe Tonon
29/10/2013 às 22:52.
Atualizado em 26/04/2022 às 08:44

No dia 21 de junho deste ano, a vida da família de Aline e Daniel Piton tomou um rumo inesperado. Grávida de 5 meses, Aline, de 32 anos, saiu para mais um dia de trabalho no Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (Caism), onde atuava como técnica de enfermagem. Poucos minutos depois do início do turno, sentiu um mal estar súbito. Se queixou de uma forte dor de cabeça e desmaiou.Aline sofreu um acidente vascular cerebral (AVC). Em coma desde então, ela conseguiu ter o filho no dia 28 de agosto, fato considerado raro na medicina. O pequeno Guilherme, que nesta semana completou dois meses de vida, aumentou as esperanças da família em ver Aline curada."Minha filha estava bem naquele dia. Fui até a casa dela, passei a mão na barriga. E curiosamente eu senti uma dor de cabeça muito forte. À noite, quando ela foi ao trabalho, teve o AVC", se lembrou Nelcy Zavarizzi Lucatto, que disse que a filha não tinha problemas de saúde e levava uma vida saudável.A história de Aline, como sua própria mãe define, está repleta de anjos da guarda. A começar pelo dia em que ela passou mal. Técnica em enfermagem, a jovem trabalhava ao lado de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e foi prontamente atendida pelos colegas. "Deus estava lá em todo o momento", acredita. Mesmo em meio a uma situação de extrema gravidade, Nelcy disse que em nenhum momento pensou que iria perder o neto. "Uma equipe maravilhosa do hospital nos deu muito apoio e um dia depois ela passou por uma ultrassonografia e vi que meu netinho estava bem. Ali eu tive a certeza que ele iria nascer."Atualmente, Aline está na casa da mãe, onde permanece em coma em uma unidade de UTI adaptada no imóvel. Ela também é assistida por enfermeiras."Temos certeza da nossa fé, convicção que ela já está voltando." Apesar da situação delicada, cada olhar dirigido aos parentes renova as esperanças da família."Ela abre os olhos todos os dias. Temos certeza que ela reconhece o filho. Hoje (terça-feira) ela estava agitada e quando colocamos o Guilherme ao seu lado e ela ficou muito calma. É o amor de mãe."A depender da força dessa família e do significado do nome do filho, proteção não irá faltar. "O protetor: este é o significado de Guilherme" , disse Nelcy.O marido de Aline, Daniel Piton, conquistou o direito da licença maternidade e está dedicado integralmente ao filho e à mulher. "Ele é um super marido, muito dedicado e cuidadoso. Todos aqui estão na mesma sintonia e na torcida pela recuperação da Aline." AlertaPara conscientizar as pessoas quanto ao risco da doença, foi criado o Dia Mundial de Combate ao AVC, comemorado nesta terça-feira (29). No Brasil, o acidente vascular é a segunda causa de morte e a primeira em incapacidade, atingindo uma em cada 6 pessoas. Apenas na Urgência Referenciada do Hospital de Clínicas da Unicamp, são atendidos em média, 90 pacientes por mês. Por isso, a comunidade médica alerta para que as pessoas se atentem aos fatores de risco, sinais de alerta e a urgência do tratamento no caso de um acidente vascular cerebral.Diabetes, hipertensão, tabagismo, colesterol elevado e sedentarismo, são causas recorrentes do AVC. Em 90% dos casos é possível prevenir o acidente através de um tratamento preventivo, a chamada prevenção primária, que é, simplesmente, mudança de hábitos.Mas também existem fatores que podem facilitar o desencadeamento de um acidente vascular cerebral, e que são inerentes à vida humana, como o envelhecimento. Pessoas com mais de 55 anos possuem maior propensão a desenvolver o AVC. Características genéticas e história familiar de doenças cardiovasculares também aumentam as chances.

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