Mercado imobiliário aposta em reação

O mercado imobiliário da Região Metropolitana de Campinas (RMC) deve apresentar melhora até o final do ano em pelo menos duas áreas: vendas e alugueis de imóveis residenciais. A comercialização de propriedades, por exemplo, deve aumentar em cerca de 25%, segundo a Associação Regional da Habitação de Campinas (Habicamp). Douglas Vargas, vice-presidente de área da entidade, explica que o reaquecimento nas transferências de posse é um reflexo da redução da taxa de juros, que deve cair até 0,5%, e o aumento da linha de crédito, de 70% para 80% para financiamento, anunciadas na semana passada pela Caixa Econômica Federal (CEF) para crédito imobiliário destinado à compra de imóveis. Vargas explica que a projeção considera o momento controlado da economia brasileira, apesar da crise política. Muitos indicadores são favoráveis, analisa, citando como exemplos a previsão de fechamento positivo em 1,53% do Produto Interno Bruto (PIB) e a menor taxa Selic de toda a série histórica do Banco Central, que começou em 1986, e está fixada em 6.5 % no momento. “O consumidor deve aproveitar essa oportunidade”, frisa, prevendo que o cenário pode mudar após as eleições de outubro. A retração da taxa de juros é válida para operações com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). As taxas mínimas passaram de 9% ao ano para 8,75% ao ano, no caso de imóveis dentro do Sistema Financeiro de Habitação (SFH), e de 10% para 9,5% ao ano, para imóveis enquadrados no Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI). A Caixa também alterou o limite de cota de financiamento de imóveis usados de 70% para 80%. Todas as mudanças já então em vigor desde o último dia 23. Estão enquadrados no SFH os imóveis residenciais de até R$ 800 mil, para todo País, exceto para Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Distrito Federal, onde o limite é de R$ 950 mil. Já as construções residenciais com valores estipulados acima dos limites do SFH são enquadradas no SFI. Vargas afirma que as ações visam “melhorar as condições da aquisição da casa própria e vão estimular a retomada de investimentos no setor da Construção Civil”. Segundo ele, as mudanças realizadas eram esperadas com ansiedade pelo setor, “pois os últimos dois anos foram de grandes dificuldades”. O vice-presidente de comercialização da Habicamp destaca que o setor atravessa um momento de realinhamento, com preços mais estáveis e coerentes. Cai valor do aluguel O valor médio do aluguel de imóveis residenciais na faixa entre R$ 800 e R$ 4 mil registrou queda de 3,38 % em junho de 2018, se comparado ao mesmo mês em 2017, segundo a Rede Imobiliária de Campinas. Em pesquisa realizada com 1,5 mil imobiliárias distribuídas entre 37 cidades do Estado de São Paulo, incluindo integrantes da RMC, também ficou constatado que a redução acumulada entre janeiro e junho foi de 5,56%. “Em Campinas os valores retraíram em até 7% no primeiro semestre deste ano", afirma Mário Uchôa, advogado e presidente da entidade. Segundo ele, o resultado da cidade está estritamente ligado ao aumento do IPTU. Em uma análise macro, outros fatores influenciaram o declínio. Entre eles, o menor poder aquisitivo do consumidor. Para Uchôa, trata-se pura e simplesmente da lei de procura e oferta. “O valor precisa ser acessível para que os negócios sejam viabilizados”, aponta, completando que o aquecimento do mercado de locação é bom para todos os envolvidos, porque um imóvel parado só gera despesa.