TRABALHO

Mercado começa a reduzir oferta de vagas

Números encolheram até 68% na região de Campinas

Adriana Leite
11/04/2013 às 10:54.
Atualizado em 25/04/2022 às 20:49

O desemprego em baixa mascara uma realidade que afeta omercado de trabalho: a redução da oferta de vagas em funções operacionais.

Com a economia em marcha lenta, o número de novas oportunidades está menor do que no ano passado. No sistema da Secretaria Estadual do Emprego e Relações do Trabalho, por exemplo, houve um recuo de 68,36% nas vagas disponíveis na região de Campinas no começo deste mês de abril: até anteontem, havia 504 ofertas em aberto - no mesmo período do ano anterior, eram 1.593.

O Centro Público de Apoio ao Trabalhador (CPAT) de Campinas, órgão vinculado a Secretaria Municipal de Emprego e Renda, também registrou declínio da oferta de vagas, embora a queda tenha sido menos acentuada do que no sistema estadual.

De acordo com o órgão, a diminuição foi de 12%. No CPAT, havia anteontem 913 vagas (sendo 21 exclusivas para pessoas com deficiência). A média mensal oferecida esse ano é de 900 postos.

O setor de serviços é o principal solicitante de trabalhadores no centro. O comércio vem em segundo e a indústria, o terceiro.

A coordenadora do CPAT, Silvia Garcia, afirmou há novas oportunidades e outras que estavam no cadastro e não foram preenchidas. “A falta de qualificação da mão de obra e também os baixos salários e poucos benefícios oferecidos por alguns empregadores dificultam a contratação”, comentou.

Ela salientou que o perfil dos postos oferecidos no posto de atendimento é para ocupações em áreas operacionais. “Temos 892 vagas em aberto e mais 21 para pessoas com deficiência”, apontou.

A coordenadoraconfirmauma retração na quantidade de vagas abertas pelas empresas.“Houvesim umdesaquecimento de cerca de12%. Não é umpercentualabsurdo, mas é expressivo. Há vários fatores paraessadiminuição.Por exemplo, setores importantes, como a construção civil, diminuíram a oferta de empregos. Aindústria tambémteve umritmo mais lentonas contratações.Essa situação, contudo, estámudando, maso fato é que a oferta de vagasestá menordo que em anos anteriores”,disse.

Salários

Siliva disse que a média salarial das vagas oferecidas pelas empresas no CPAT é de R$ 1.200,00 - mas há postos com vencimentos de R$ 700,00 a R$ 2.400,00. “Há uma variação grande dos salários, dependendo dos cargos ofertas. A indústria é o setor que tem as melhores remunerações e também a menor rotatividade”, comentou.

Ela disse que falta informação aos trabalhadores sobre os cursos gratuitos de qualificação. Silvia afirmou que muitos trabalhadores não vislumbram uma reciclagem profissional. “O trabalhador deve lembrar que tem que estar empregável”.

A coordenadora acentua ainda que as empresas também devem instituir programas de aprimoramento profissional dos trabalhadores, através de parcerias com o próprio Cpat para realizar cursos de qualificação da mão de obra. “Muitas empresas têm utilizado essa estratégia”.

Para Silvia, as empresas também devem ajustar a questão salarial e os benefícios oferecidos para conseguir atrair trabalhadores mais qualificados. De acordo com ela, a média de atendimentos mensais no CPAT é de 15 mil pessoas.

“Por dia, passam nos dois postos de atendimento mais de 700 pessoas. Além de trabalhar com o gerenciamento de vagas, o posto atende seguro-desemprego e presta orientação profissional”.

Silvia comentou que este ano houve um incremento de 30% no público que busca pelos serviços do Cpat.

Busca

O operador de máquinas Francisco Lima Silva está a procura de uma nova oportunidade de trabalho há seis meses. “O mercado está muito difícil. Apesar dos números mostrarem que há postos de trabalho em aberto, os empregadores exigem muito e pagam muito pouco pela mão de obra qualificada”, disse.

Ele comentouque fez vários cursos de qualificação e tem experiência na sua área.“Mas as indústrias estão pagando menos.Com a diminuição da atividade econômica, os salários iniciais estão mais baixos do que há dois ou três anosatrás”, afirmou.

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