Níveis do gás tóxico diminuíram na região de Campinas no ano passado em relação a 2016
A Replan, em Paulínia: Cetesb passou a incentivar o uso de combustíveis mais limpos em caldeiras e fornos da refinaria com o objetivo de reduzir os níveis de ozônio na atmosfera (Cedoc/RAC)
Os níveis de ozônio na região de Campinas melhoraram no ano passado em relação a 2016, segundo relatório da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). Na alta atmosfera, o ozônio protege a Terra da radiação solar ultravioleta, mas nas camadas mais baixas é tóxico - e quando respirado pode causar danos à saúde. Sua principal fonte são os hidrocarbonetos produzidos pela frota de veículos e indústrias. É ele que forma a chamada “névoa fotoquímica”, ou smog - aquela neblina que aparece no horizonte em dias claros e secos e reduz a visibilidade. No ano passado, a concentração desse poluente ultrapassou o padrão de qualidade do ar, mas em nenhuma vez atingiu o nível de atenção, ao contrário de 2016, quando Paulínia entrou neste estágio por duas vezes e Campinas por quatro na região do Taquaral e duas na região da Vila União. Nessas ocasiões, a concentração de ozônio ultrapassou os 200 microgramas por metro cúbico de ar (ug/m3). O padrão aceito como seguro é de 140 ug/m3. No ano passado, as três cidades da Região Metropolitana de Campinas (RMC) que fazem a medição de ozônio chegaram a ultrapassar o padrão, mas nenhum atingiu o nível de atenção. Paulínia ultrapassou o limite 11 vezes, Americana oito e Campinas também oito, no Taquaral. Segundo a Cetesb, os níveis encontrados no Taquaral estão associados principalmente às emissões de precursores de ozônio oriundas tanto de emissões de fontes móveis quanto de fontes fixas locais, bem como provenientes da região de Paulínia. No caso de Paulínia, as medições acima do padrão estão associadas, principalmente, às emissões dos precursores de ozônio pelas fontes fixas locais - no entanto, pode haver também contribuição do transporte de ozônio e de seus precursores oriundos de Campinas. O ozônio apresenta maiores concentrações na Primavera e Verão, por ser um poluente secundário que depende, dentre outros fatores, da intensidade de luz solar para ser formado. Ele é um gs incolor e inodoro nas concentrações ambientais e não é emitido diretamente para a atmosfera: é resultado de uma reação fotoquímica pela radiação solar sobre os óxidos de nitrogênio e compostos orgânicos voláteis. Como sua formação está relacionada a outros compostos, e depende muito das condições meteorológicas, seu controle é mais difícil de ser feito. A maior parte dos compostos geradores do ozônio é oriunda de emissão gases de veículos, indústrias e queimadas. Segundo a Cetesb, a redução dos hidrocarbonetos e óxidos de nitrogênio, considerados os principais precursores de ozônio, pode contribuir para a diminuição das concentrações deste poluente na atmosfera. Várias medidas vêm sendo adotadas pela agência ambiental para controlar as emissões industriais na base petroquímica de Paulínia, onde estão importantes fontes de liberação de hidrocarbonetos. As distribuidoras de combustíveis foram obrigadas, por exemplo, a implantar mecanismos de controle nos tanques - os chamados selos flutuantes. Para as novas bases, a Cetesb está usando o sistema de compensação ambiental: se a empresa vai implantar ou ampliar uma fonte de poluição onde haja emissão de gases, ela tem, em contrapartida, que compensar as emissões. Outra alteração implementada em Paulínia foi o incentivo ao uso de combustíveis mais limpos em caldeiras e fornos e uma maior fiscalização em veículos, orientando motoristas para manterem os motores bem regulados, melhorando a qualidade da queima de combustível e, consequentemente, diminuindo as emissões.