FORÇA-TAREFA

Médicos de Campinas atendem cardiopatas do AM por telemedicina

Tão distante e tão perto dos corações dos amazonenses: médicos campineiros participam voluntariamente de uma força-tarefa formada por profissionais de todo o Brasil, que atendem por telemedicina

Da Redação
10/02/2021 às 19:32.
Atualizado em 22/03/2022 às 04:24

O cardiologista Jos? Francisco Kerr Saraiva, um dos volunt?rios de Campinas: iniciativa pode salvar vidas (Kam? Ribeiro/ Correio Popular)

Médicos de Campinas participam voluntariamente de uma força-tarefa formada por profissionais de todo o Brasil que está atendendo pacientes do Amazonas por telemedicina, a pedido da Sociedade Brasileira de Cardiologia. O Estado, especialmente a capital Manaus, vive atualmente uma emergência sanitária por causa da pandemia de covid-19. A preocupação dos especialistas é oferecer suporte aos cardiopatas, que constituem um grupo de risco frente à doença. A iniciativa é denominada de SOS Coração Amazonas.

Na consulta à distância, os médicos voluntários avaliam os pacientes, fazem o telediagnóstico e, quando necessário emitem receitas, usando certificado digital. Outro serviço prestado é a teleorientação, um tipo de consulta mais dirigida, voltada principalmente aos pacientes que têm vínculos com seus médicos, além do telemonitoramento, que pode ser útil no acompanhamento de hipertensos e portadores de insuficiência cardíaca.

"Obviamente, isso não resolve todos os problemas, mas imagine milhares de pacientes hipertensos, com colesterol alto, com coração dilatado, que já tiveram infarto, que não têm acesso a uma consulta há mais de um ano? É muito comum essas pessoas abandonarem o tratamento ou reduzir a dose dos remédios. Muitas vezes, é possível resolver parte desses problemas pela telemedicina", explica o cardiologista José Francisco Kerr Saraiva, de Campinas, que é diretor de Promoção de Saúde Cardiovascular da SBC e um dos voluntários.

Segundo Saraiva, durante a pandemia houve um aumento de mais de 50% na mortalidade entre cardiopatas devido a complicações em seus quadros de saúde. Isso porque laboratórios que fazem exames cardiológicos fecharam, impedindo os pacientes de marcar exames, desde simples testes ergométricos até cateterismo cardíaco. Muitos procedimentos foram postergados e até hoje não foram realizados. Ademais, pacientes que tiveram sintomas como dor no peito, cansaço, e falta de ar ficaram em casa com medo de buscar um pronto socorro e de se contaminar com a covid-19.

"É muito provável que estejamos fazendo pouco, mas, diante dessa situação, acreditamos que esse pouco é relevante para diminuir a desassistência da doença cardiovascular e as suas consequências", acrescenta Saraiva. A SBC colocou a plataforma de telemedicina que a entidade usa à disposição dos médicos voluntários. "Neste momento de crise de saúde pública, é muito importante informar aos pacientes sobre os riscos que correm ao se contaminarem com o novo coronavírus e sobre a necessidade de se cuidarem e se protegerem, seguindo as orientações e as prescrições médicas e procurando presencialmente um especialista, em caso de necessidade".

A chance de um cardiopata morrer ao ser contaminado pelo coronavírus é 10% maior do que de um paciente que não apresente essa comorbidade. O recrudescimento da pandemia da covid-19 em Manaus, observa o cardiologista de Campinas, pode ser acompanhado de preocupante aumento de óbitos por causa de intercorrências cardiovasculares. "Por isso, nós cardiologistas temos de contribuir para ajudar o Amazonas na assistência à saúde, de modo a vencermos o desafio de reduzir a mortalidade por complicações cardiovasculares", ressaltou o presidente da SBC, Marcelo Queiroga. Ele esteve pessoalmente em Manaus, em agosto do ano passado, para constatar a realidade sanitária do local.

O subsecretário municipal de Gestão da Saúde de Manaus, Luís Cláudio Lima Cruz, que é médico angiologista, confirmou que a capital vive um colapso na saúde e que a parceria com a SBC é "um passo gigantesco para se oferecer um serviço adequado aos pacientes cardiopatas que tanto precisam de atenção devido suas condições ante a Covid-19".

Segundo Kátia Couceiro, presidente da SBC-AM, a entidade vem discutindo os problemas da assistência cardiovascular no Estado há algum tempo, com o objetivo de melhorar o desempenho da prestação do serviço de saúde e para mudar a história natural das doenças, reduzindo a mortalidade cardiovascular. "Há um empenho muito grande da SBC no intuito de cooperar para levar assistência ao povo amazonense e é com a solidariedade que podemos mudar o cenário atual da saúde", destacou.

Força-tarefa

Podem participar do SOS Coração Amazonas cardiologistas e residentes de cardiologia em serviços de saúde credenciados pela SBC. Os interessados em se voluntariar devem fazer o cadastro pelo portal:

https://get.conexasaude.com.br/sos_amazonas/ 

Os residentes que participarem da ação solidária somarão pontos para o concurso do Título de Especialista em Cardiologia (TEC), promovido pela SBC. A divulgação da pontuação estará descrita no edital da prova de 2021. O cadastramento dos pacientes é feito pela Prefeitura de Manaus e pela direção do Hospital Universitário Francisca Mendes. A SBC conta com o apoio da World Heart Federation (WHF), Fundação Adib Jatene e do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS), além da plataforma Conexa Saúde.

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