SAÚDE

Médica cubana diz que já se sente em casa

Contratada pelo programa Mais Médicos, Silvia já se adaptou a cidade de Santo Antonio de Posse

Bruno Bacchetti
12/10/2013 às 21:20.
Atualizado em 25/04/2022 às 00:21
Silvia Blanco atenderá em Santo Antonio de Posse (Érica Dezonne/ ANN)

Silvia Blanco atenderá em Santo Antonio de Posse (Érica Dezonne/ ANN)

Há pouco mais de duas semanas em Santo Antonio de Posse, onde chegou no último dia 21 para trabalhar por meio do programa Mais Médicos, a médica cubana Silvia Maria Cobas Blanco, de 44 anos, já se sente em casa. Tímida e falando com um portunhol de fácil compreensão, ela afirma que a adaptação foi facilitada pela forma como foi acolhida pela população da cidade de 23 mil habitantes. Silvia ainda não está atendendo aos pacientes porque não teve sua situação regularizada para atuar no País. Enquanto a autorização não chega, a médica cubana faz planejamento e conhece os prontuários dos pacientes.“Estou totalmente adaptada, gostei muito da cidade e das pessoas, que me acolheram muito bem. Estou conhecendo a rotina, o planejamento e o prontuário. O posto tem uma boa estrutura, com enfermagem, farmácia e local para agente comunitário”, disse Silvia.De acordo com a Secretaria de Saúde de Santo Antonio de Posse, a expectativa é que a médica cubana obtenha o registro profissional para atuar no Brasil na próxima semana. A Câmara dos Deputados aprovou na última quarta-feira o texto principal da Medida Provisória, incluindo a transferência dos conselhos regionais para o Ministério da Saúde para a emissão do registro provisório. “Foi decidido que o ministério vai poder emitir o registro e acredito que na semana que vem ela já estará liberada”, disse a secretária, Vânia Regina da Cruz dos Santos.Diferente do que ocorreu em algumas partes do País, nos quais os médicos estrangeiros foram hostilizados, Silvia teve uma recepção calorosa. Cerimônia na Câmara de Vereadores, com direito a flores, bíblia em espanhol e uma camisa da Seleção Brasileira da Copa de 1958 como presentes. “Fiquei muito emocionada, graças a Deus ele colocou tantas pessoas boas no meu caminho”, contou.A médica deixou em Cuba o marido, o dentista Andrés Raña, e a filha Lily, de 19 anos. Ela não esconde a saudade e chega a ficar com os olhos marejados ao lembrar da família. Silvia vai ficar três anos em Santo Antonio de Posse, mas uma vez por ano pretende ir à terra natal matar a saudade. Enquanto esse momento não chega, a opção é apelar para a tecnologia. “A saudade é grande, mas falo constantemente por telefone e internet. Eles ficaram bem lá e apoiaram a minha vinda para o Brasil”, afirmou a cubana.Silvia já trabalhou no exterior de 2003 e 2007, na Venezuela. Ela não vê diferenças significativas entre o Brasil e o vizinho. “Lá os postos eram diferentes, mas as pessoas são iguais e as doenças são as mesmas aqui, em Cuba e na Venezuela.”A expressão dócil e receptiva da médica cubana se altera quando questionada sobre as críticas a respeito da presença de profissionais estrangeiros no Brasil. “Nós estamos aqui para ajudar a população mais carente do povo brasileiro, que depende de nós. Cuba tem médicos em mais de 60 países”, ressaltou. “Mãe adotiva” Além do acolhimento da população de Santo Antonio de Posse, a adaptação de Silvia na cidade foi facilitada pela companhia da professora aposentada Elsa Tereza Silva Cruz, de 70 anos, mãe da secretária de Saúde da cidade. Outra amiga que fez na região foi a também cubana Tania Sosa, que assim como ela veio para o País atuar pelo programa Mais Médicos em Pedreira, cidade localizada a pouco mais de 20 quilômetros de Posse. “Ganhei uma filha, ela me comoveu muito. Quando ela chegou estava chorando muito e resolvi adotá-la”, disse Elsa. A população possense aprovou a vinda da médica. “Fiquei sabendo que ela está aqui. Sou favorável desde que seja competente e venha para ajudar. A saúde na cidade está razoável, é um pouco difícil conseguir um especialista”, afirmou o pedreiro Antonio Carlos Nerva, de 46 anos. A professora Karina Bazzani, de 32 anos, afirma que a vinda da médica estrangeira para o município é bom tanto para os moradores de Santo Antonio de Posse quanto para os profissionais que já atuam na cidade. “Além disso a troca de experiências é bacana”, opinou a professora.

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