ESTATÍSTICA

Média de homicídios na cidade supera a estadual

Revelação foi feita pelo "Atlas da Violência 2020", do IPEA

Henrique Hein
06/09/2020 às 09:21.
Atualizado em 28/03/2022 às 16:41
Agitação na "Feira do Rolo", na Vila Aeroporto, que foi palco de um dos homicídios de 2018, ano do estudo (Cedoc/RAC)

Agitação na "Feira do Rolo", na Vila Aeroporto, que foi palco de um dos homicídios de 2018, ano do estudo (Cedoc/RAC)

O índice de homicídios em Campinas — de 12,14 por grupo de 100 mil habitantes — é 50% superior à média do Estado (8,2) e uma em cada três mulheres mortas na cidade, é assassinada dentro de casa. Estas são duas das conclusões do Atlas da Violência 2020 — um estudo anual do Instituto de Pesquisas Econômica Aplicada (IPEA), em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSB). Os dados analisados correspondem aos crimes cometidos em 2018. Segundo o levantamento, dos 166 homicídios registrados no período em Campinas, 53% (88) tiveram como vítimas pessoas com até 34 anos. Deste montante, 12 delas tinham 19 anos ou menos, 36 tinham entre 20 e 29 anos e outras 28 pertenciam à faixa etária dos 30 aos 34 anos. Do total de mortes na cidade, o predomínio foi maior entre os homens: 85,3% contra 14,7% entre as mulheres. Por áreas de abrangência, o maior número de homicídios se deu na região do Jardim Florence (11 casos), seguido pelas áreas do Jardim Fernanda e do Parque Valença, com 10 mortes em cada localidade. O estudo mostrou ainda que 36% das mulheres foram assassinadas dentro de seus domicílios em 2018. Entre os homens essa taxa correspondeu a 12,8%. Já a rua foi o cenário para a morte de 51,4% dos assassinatos entre homens, contra 28% entre as mulheres. Na variação de mortes entre os anos de 2017 e 2018, Campinas teve queda de 15,3% no número de homicídios praticados: 196 contra os atuais 166. Apesar da redução, o índice municipal ficou abaixo da redução contabilizada no Estado, que foi de 19,6% entre os dois períodos. Na somatória dos casos contabilizados em cada um dos municípios paulistas, o número caiu de 4.631 para 3.727 mortes. No Brasil, por sua vez, a queda foi de 12,5%. Foram 57.956 assassinatos em 2018, o que corresponde a 27,8 mortes por 100 mil habitantes, o menor nível nos últimos quatro anos. Em 2017, 65.602 pessoas foram assassinadas em todo território nacional. O estudo também chamou a atenção para o fato de que foram 12.310 mortes no Brasil sem causa definida, em 2018, o maior índice desde 2010. O IPEA estima que 73,9% dessas mortes podem ser, na verdade, de “homicídios que ficaram ocultos”. No Estado de São Paulo, foram 4.265 mortes violentas registradas com causa indeterminada — uma taxa de 9,4 por 100 mil habitantes, média maior do que a de homicídios (8,2). População negra é a que mais registra casos no País De acordo com o Atlas da Violência enquanto o número de homicídios entre pessoas brancas e pardas registrou queda de 12,9% entre 2017 e 2018, o número de assassinatos contra a população negra no Brasil aumentou 11,5% no mesmo período. A cada quatro mortes, três foram de negros. Quando se compara as mortes entre as mulheres, a taxa de homicídio das negras é 5,2 para 100 mil habitantes, quase o dobro da mortalidade entre as não negras (2,8). Segundo o estudo, somente na última década (2008 a 2018), as taxas de homicídio apresentaram um aumento de 11,5% para os negros enquanto para os não negros houve uma diminuição de 12.9%. 

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