Revelação foi feita pelo "Atlas da Violência 2020", do IPEA
Agitação na "Feira do Rolo", na Vila Aeroporto, que foi palco de um dos homicídios de 2018, ano do estudo (Cedoc/RAC)
O índice de homicídios em Campinas — de 12,14 por grupo de 100 mil habitantes — é 50% superior à média do Estado (8,2) e uma em cada três mulheres mortas na cidade, é assassinada dentro de casa. Estas são duas das conclusões do Atlas da Violência 2020 — um estudo anual do Instituto de Pesquisas Econômica Aplicada (IPEA), em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSB). Os dados analisados correspondem aos crimes cometidos em 2018. Segundo o levantamento, dos 166 homicídios registrados no período em Campinas, 53% (88) tiveram como vítimas pessoas com até 34 anos. Deste montante, 12 delas tinham 19 anos ou menos, 36 tinham entre 20 e 29 anos e outras 28 pertenciam à faixa etária dos 30 aos 34 anos. Do total de mortes na cidade, o predomínio foi maior entre os homens: 85,3% contra 14,7% entre as mulheres. Por áreas de abrangência, o maior número de homicídios se deu na região do Jardim Florence (11 casos), seguido pelas áreas do Jardim Fernanda e do Parque Valença, com 10 mortes em cada localidade. O estudo mostrou ainda que 36% das mulheres foram assassinadas dentro de seus domicílios em 2018. Entre os homens essa taxa correspondeu a 12,8%. Já a rua foi o cenário para a morte de 51,4% dos assassinatos entre homens, contra 28% entre as mulheres. Na variação de mortes entre os anos de 2017 e 2018, Campinas teve queda de 15,3% no número de homicídios praticados: 196 contra os atuais 166. Apesar da redução, o índice municipal ficou abaixo da redução contabilizada no Estado, que foi de 19,6% entre os dois períodos. Na somatória dos casos contabilizados em cada um dos municípios paulistas, o número caiu de 4.631 para 3.727 mortes. No Brasil, por sua vez, a queda foi de 12,5%. Foram 57.956 assassinatos em 2018, o que corresponde a 27,8 mortes por 100 mil habitantes, o menor nível nos últimos quatro anos. Em 2017, 65.602 pessoas foram assassinadas em todo território nacional. O estudo também chamou a atenção para o fato de que foram 12.310 mortes no Brasil sem causa definida, em 2018, o maior índice desde 2010. O IPEA estima que 73,9% dessas mortes podem ser, na verdade, de “homicídios que ficaram ocultos”. No Estado de São Paulo, foram 4.265 mortes violentas registradas com causa indeterminada — uma taxa de 9,4 por 100 mil habitantes, média maior do que a de homicídios (8,2). População negra é a que mais registra casos no País De acordo com o Atlas da Violência enquanto o número de homicídios entre pessoas brancas e pardas registrou queda de 12,9% entre 2017 e 2018, o número de assassinatos contra a população negra no Brasil aumentou 11,5% no mesmo período. A cada quatro mortes, três foram de negros. Quando se compara as mortes entre as mulheres, a taxa de homicídio das negras é 5,2 para 100 mil habitantes, quase o dobro da mortalidade entre as não negras (2,8). Segundo o estudo, somente na última década (2008 a 2018), as taxas de homicídio apresentaram um aumento de 11,5% para os negros enquanto para os não negros houve uma diminuição de 12.9%.