Funcionária da Maternidade de Campinas mostra o estoque de leite humano disponível: hospital pede doações para recompor nível ideal (Alessandro Torres)
O estoque de leite humano na Maternidade de Campinas está com menos da metade do volume necessário, em razão da queda de doações. O ideal seria ter ao menos 200 litros estocados para atender os bebês internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e Unidade de Cuidados Intermediários (UCI). Entretanto, o hospital conta atualmente com apenas com 86 litros disponíveis. Com isso, a unidade, que atende casos de bebês prematuros, antecipou as comemorações do Dia Mundial da Doação de Leite Humano, que ocorrerá em 19 de maio, para promover uma campanha de orientação e convocação de doadoras. Campinas conta com dois bancos de leite humano, um na própria Maternidade e o outro no Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (CAISM), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Segundo a coordenadora do banco de leite humano da Maternidade de Campinas, a médica Tereza Mathiazzi, o estoque está muito abaixo do padrão do hospital. "Não estou conseguindo saber exatamente o que aconteceu para que as doações caíssem tanto. De janeiro para cá, o estoque caiu mês a mês. Em janeiro, o estoque era de 170 litros e agora está em 86 litros", detalhou a médica, que explicou ser natural observar uma queda entre dezembro e fevereiro, por conta das festas de final de ano e carnaval. Este ano, entretanto, o comportamento de queda está persistindo. Em razão do problema, Tereza disse que não poderia esperar para tomar alguma atitude. A campanha compreende a realização de postagens nas redes sociais, ligações para doadoras e palestras para incentivar a doação.
A coordenadora do banco de leite humano da Maternidade reforçou que deve ser da vontade da mulher realizar a doação. "A mãe tem que ser saudável e o filho, também. O bebê tem que estar ganhando peso e a mãe ter leite excedente. Portanto, a doação é feita com o leite que sobra. Ninguém vai tirar leite do filho", explicou.
Para se tornar uma doadora de leite na Maternidade Campinas, a mãe deve entrar em contato pelo telefone (19) 3306-6039 para realizar o cadastro, agendar a realização de exame de sangue e receber as orientações iniciais. Caso esteja apta a doar, ela receberá os materiais para coleta e armazenamento do leite. A doadora só vai precisar ir ao hospital uma única vez, que é para realizar os exames. A coleta é feita em casa e uma equipe da Maternidade vai até o local para buscar o leite, no caso de moradoras de Campinas.
Cada litro doado pode alimentar até 10 recém-nascidos por dia. Embora exista alternativas no mercado, o leite materno é o melhor para o bebê. "Existe uma sequência dos melhores leites para o bebê. Primeiro vem o leite da própria mãe. Se não tiver o leite da mãe, o melhor é o de uma doadora. Se não tem como oferecer nenhum dos dois, existem fórmulas no mercado que tentam se aproximar do leite materno, mas que são caras e não têm o mesmo valor nutricional", esclareceu Tereza. Em geral, bebês prematuros precisam desse alimentio, porque o organismo das mães ainda não está preparado para produzir leite.
Sensibilizada por essa campanha, Patrícia Ferreira Johansen Magalhães decidiu se tornar doadora. Ela tem uma filha de seis meses e tem produção excedente de leite. "Vou me tornar uma doadora. Já agendei os exames. Tomei essa decisão porque eu acho importante as mulheres se unirem", disse a representante comercial, que tem duas filhas.
Caism
A situação no Caism da Unicamp é bem diferente. Mônica Aparecida Pessoto, médica neonatologista e coordenadora do Banco de Leite Humano do hospital, disse que a quantidade de leite humano estocado está em níveis normais. A queda nas temperaturas não influenciou o quadro. "A quantidade de leite humano estocado no Caism está normal. Não notamos diferença na doação nos últimos dias. Não temos registrado diminuição de doações em relação ao clima. O que interfere na doação é a época de férias e festas de fim de ano, por causa das viagens das doadoras", explicou.
