MERCADO

Massa salarial já perde corrida contra a inflação

O crescimento do montante formado pela soma dos salários e rendimentos perdeu força em janeiro deste ano frente a inflação

Adriana Leite
18/03/2015 às 09:02.
Atualizado em 24/04/2022 às 02:20

As demissões que começam a engrossar os dados de desemprego em Campinas também já estão se refletindo na massa salarial. O crescimento do montante formado pela soma dos salários e rendimentos perdeu força em janeiro deste ano frente a inflação. O valor atingiu R$ 630,6 milhões, enquanto em janeiro de 2014 era de R$ 605,2 milhões - o que significou um aumento de 4,20% para uma inflação oficial em 12 meses, (fevereiro de 2014 e janeiro de 2015) de 7,14%. Estudo da Associação Comercial e Industrial de Campinas (Acic) mostrou que a quantidade de trabalhadores que formam a mão de obra formal caiu de 388.218 pessoas em janeiro de 2014 para 382.971 neste ano. O salário médio teve uma elevação de R$ 1.557,92 para R$ 1.646,60, uma alta de 5,92%, também abaixo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) dos últimos 12 meses que ficou em 7,13%. O coordenador do Departamento de Economia da Acic, Laerte Martins, afirmou que o aumento das demissões, principalmente no setor industrial, fez com que a expansão da massa salarial perdesse o fôlego. “A massa salarial avançou apenas 4,20% em janeiro em relação ao mesmo mês de 2014. O volume subiu de R$ 605,2 milhões para R$ 630,6 milhões”. O valor é calculado multiplicando a quantidade de trabalhadores formais e o salário médio. “Em janeiro deste ano, havia 382.971 trabalhadores com registro formal em Campinas. O valor do salário médio era de R$ 1.646,60”, apontou. Martins ressaltou que os reajustes salariais também começaram a ficar menores do que em anos anteriores. O economista salientou que o desempenho fraco da economia reflete na geração de postos de trabalho, no desemprego e na renda do trabalhador. “A inflação piora ainda mais a situação. O resultado se reflete nas vendas no comércio que estão em queda nos últimos meses”, disse. Martins detalhou que a taxa de desemprego em Campinas ficou em 7,09% da População Economicamente Ativa (PEA), que representa 44.706 pessoas sem ocupação. No ano passado, a taxa foi de 4,58%, que significou 27.712 desempregados. Ele disse que na Região Metropolitana de Campinas (RMC) o aumento da massa salarial foi maior do que em Campinas. “O valor em janeiro deste ano foi de R$ 1,51 bilhão e no ano de 2014 havia sido de R$ 1,41 bilhão. O crescimento foi de 6,93%. Os indicadores mostram que a situação do nível de emprego na região está melhor do que em Campinas. Mas também há perdas de postos de trabalho”, salientou. DesempregoO administrador Antônio José Lima está sem emprego há cinco meses. “Perdi minha colocação no final do ano passado. Trabalhava em São Paulo e a empresa reduziu o quadro. Eu estava entre os demitidos. Como tinha muitos anos de casa, recebi um valor que ainda me permite pagar as contas. Mas está difícil encontrar uma outra posição no mercado que me remunere com pelo menos um salário próximo do que eu ganhava”, contou. A operária Maria de Fátima Silva afirmou que há vagas de trabalho disponíveis - o problema, segundo ela, é o salário, muito abaixo do que era oferecido há dois anos. “As empresas mandam funcinários embora e depois contratam outroas pela metade do salário dos que saíram. Além disso, elas também estão reduzindo a quantidade de benefícios oferecidos. Tenho experiência, mas, se quiser voltar a trabalhar, terei que aceitar essas condições”, lamentou.  

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