assalto em viracopos

Marido de refém baleada fala pela 1ª vez

Dia 17 de outubro de 2019. Uma data dramática para o marido da refém baleada por um dos bandidos que assaltou o Aeroporto Internacional de Viracopos

Henrique Hein
24/10/2019 às 07:41.
Atualizado em 30/03/2022 às 14:14

Dia 17 de outubro de 2019. Uma data dramática para Cássio, o marido da refém baleada por um dos bandidos que assaltou o Aeroporto Internacional de Viracopos, na quinta-feira passada, num dos momentos mais tensos do roubo. Em entrevista ao Correio Popular, na noite da última terça-feira, ele conta que sua vida se transformou em um inferno depois do ocorrido e que agora só pensa em poder estar novamente ao lado da mulher que tanto ama. No dia do assalto ao aeroporto, a mulher dele foi feita refém por um dos bandidos que tentavam fugir da polícia. O criminoso manteve ela e a filha deles, de 10 meses de vida, sob a mira de um revólver por cerca de três horas. O sequestrador foi morto por um sniper do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate). Sua mulher foi atingida na região lombar por um tiro e segue até hoje no hospital recebendo cuidados médicos. O bebê do casal saiu ileso. Cássio não estava em casa no momento do sequestro. Ele conta que ficou sabendo do ocorrido por meio de seu pai (um senhor de 68 anos) que ligou desesperado para avisá-lo da situação. Segundo ele, sua mulher está se recuperando bem dos ferimentos. “Ela saiu hoje (terça-feira) da UTI e foi para o quarto. Ela não respira mais por aparelhos, já está se alimentando e conversando. Se Deus quiser, vai se recuperar logo e voltar para casa”. O marido conta ainda que tem visitado a esposa praticamente todos os dias no hospital. Segundo ele, este período em casa, sem a presença da mulher, tem sido difícil não só para ele como para toda a família. “Eu e minhas filhas pensamos nela o tempo inteiro e estamos sentido muita falta. Nunca imaginei passar por isso”, comentou. Na unidade de saúde, Cássio evita falar com sua esposa sobre o que aconteceu no dia do sequestro, porque tanto ele quanto ela ainda estão assustados. “Minha mulher está com medo. Quem entrou aqui não estava para brincadeira. Eu mesmo também tenho medo de que algo ainda possa acontecer com a minha família. Tenho medo de retaliação”, revelou. Religioso, Cássio comentou que desde a semana passada tem orado para que Deus possa capacitá-lo nesse momento de dificuldade. “Eu só quero poder ficar em paz logo. Se pudesse, entrava no hospital, pegava minha mulher no colo e trazia ela para casa. Mas, a gente sabe que não é assim. A lesão dela foi grave e ela ainda está bastante machucada na região do quadril”. Durante a entrevista, ele também aproveitou o momento para agradecer as mensagens que tem recebido ao longo da última semana em suas redes sociais. “Eu agradeço muito a Deus todos os dias e todas as pessoas, conhecidas ou não, que têm me dado força nesse momento difícil”, declarou. “Meu Facebook está bombando e muita gente, que eu nunca vi na vida tem me mandado energias positivas e boas palavras”, disse. Polícia Questionado se acredita que a atuação da polícia foi correta no dia do sequestro, Cássio não quis entrar em detalhes e evitou opinar se o tiro que atingiu sua mulher foi ou não feito por um dos policiais que trabalharam no regaste. De forma sucinta, ele apenas minimizou as críticas feitas por parte da população em relação ao trabalho da corporação. “Eu confio no trabalho da polícia. Eu acho que eles fizeram tudo que tinha que ser feito”, afirmou. Segundo ele, tudo que aconteceu no dia que envolveu o assalto a Viracopos foi muito complicado. “Pessoas morreram e muitas famílias estão chorando a perda de seus entes queridos. Quem sou eu para reclamar, se o amor da minha vida está vivo e se recuperando bem”, frisou. Na sexta-feira passada, a Polícia Militar instaurou um inquérito para apurar a origem do disparo que atingiu a mulher de Cássio com o objetivo saber de onde partiu o disparo: se veio do próprio bandido, do sniper ou de um dos policiais que invadiram a casa dela após o abatimento do criminoso. Além do tiro do sniper, a Polícia Militar confirmou que os policiais também fizeram outros quatro disparos assim que o criminoso foi morto. Segundo a corporação, os disparos foram efetuados com o intuito de dispersar possíveis invasões a residência, conforme orienta o protocolo da polícia em casos como esse. O ASSALTO EM VIRACOPOS Na quinta-feira passada, uma quadrilha fortemente armada assaltou o Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas. O grupo acessou o terminal de cargas pelo portão E24, usando duas caminhonetes semelhantes a veículos utilizados pela Aeronáutica. Durante a fuga, os bandidos roubaram um caminhão de lixo, na região do bairro Vida Nova, para fugir sem levantar suspeitas. Contudo, eles foram surpreendidos por uma viatura da Guarda Municipal (GM) e decidiram fugir, até chegar à Rua Sócrates, no Residencial Campina Verde. Com medo de serem pegos, dois bandidos entraram em uma casa que estava sem portão para se enconder. Houve troca de tiros e os dois morreram. Um terceiro sequestrador entrou na casa da mulher de Cássio e a fez de refém junto com a filha deles. A equipe do Gate precisou negociar com criminoso por quase três horas, enquanto as moradoras eram mantidas sob sua mira. Um sniper da polícia, que estava posicionado do outro lado da rua, foi quem efetuou o disparo letal, antes da equipe tática invadir a residência para controlar a situação. Confira o vídeo da entrevista:

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