REFÉNS DO CRIME

Mapa revela reincidência de crimes nas mesmas regiões

Gargalos da Segurança em Campinas são conhecidos; cidade espera solução

Luciana Félix
07/02/2013 às 08:47.
Atualizado em 26/04/2022 às 05:26
Casa protegida por cerca elétrica na região do Taquaral, que se destaca no mapa do crime por registrar alto índice de roubos a residências (Alessandro Rosman/AAN)

Casa protegida por cerca elétrica na região do Taquaral, que se destaca no mapa do crime por registrar alto índice de roubos a residências (Alessandro Rosman/AAN)

A Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP) conhece muito bem os gargalos da segurança em Campinas. Desde 2011, o órgão divulga mensalmente um levantamento minucioso das ocorrências criminais registradas nos 13 distritos policiais da cidade. São esses dados que definem as ações de prevenção das forças policiais no município. Mas mesmo com esses elementos, não há sinais de redução dos índices de registros criminais.

A estatística do Estado mostra que uma série de crimes se repete com a mesma frequência nas mesmas regiões da cidade. Os casos de roubos são um exemplo disso. O mapa do crime aponta a região central e o Botafogo como líderes em registros desse tipo de ocorrência em 2011, com 1.798 casos, ou 4,9 assaltos por dia. Em 2012, os números se mantiveram praticamente estáveis, com uma leve variação: 1.698 casos (média de 4,7 roubos diários nessas duas regiões).

A mesma coisa acontece com os roubos e furtos de veículos, mais comuns em bairros como Taquaral, Castelo e Chapadão. Nesses locais foram 2.744 casos em 2011 (somando os três bairros), ante 2.754 casos em 2012. Ou seja, por mês, são 229 veículos levados nessas regiões.

Especialistas consultados pelo Correio afirmam que a saída para reduzir os índices de criminalidade em pontos conhecidos seria uma integração entre as forças de segurança e uma melhor utilização dos dados de inteligência. A Polícia Militar afirma haver uma ação de inteligência para coibir crimes em bairros mais incidentes, mas assaltantes migram para áreas vizinhas, mantendo os índices em uma mesma região. “Os índices são medidos semanalmente e as nossas estratégias são baseadas nisso. Se há incidências, não cabe só à polícia ser cobrada, mas também outras esferas que precisam ser cuidadas, como área social e manutenção”, disse o tenente e porta-voz da PM, Paulo Bueno Junta Jr.

Mapa do crime

A região mais violenta de Campinas é onde está localizado o 11º Distrito Policial, no Jardim Ipaussurama, área do Campo Grande. Lá foram registrados 38 assassinatos de um total de 154 no ano passado em Campinas.

A área compreende bairros como jardins Ipaussurama, Satélite Íris, Rossim, Florence I e II, Ibirapuera, Residencial Cosmos, Vila Padre Manoel da Nóbrega e Vila Castelo Branco, entre outros.

Com 31 assassinatos a área do 9º DP, no Jardim Aeroporto, região do Ouro Verde, fica na segunda posição na ocorrência desse tipo de crime. A área engloba bairros como jardins Princesa d’Oeste, Mariza, Itaguaçu, Campo Belo, São Domingos, Cidade Universitária e Vila São João. Em terceiro aparece o 7º DP, distrito de Barão Geraldo. A delegacia que abrange também bairros como os jardins São Marcos, Campineiro, Vila Esperança e Nova Aparecida somou 13 casos e é a terceira área mais violenta da cidade.

Há anos, casos do tipo se repetem com incidência similar nessas regiões. Com intenção de tentar reduzir essa estatística, o Estado prepara a criação da 2ª Delegacia Seccional, que irá atender especialmente as regiões do Campo Grande e Ouro Verde.

“São regiões periféricas onde é mais comum esse tipo de crime. A maior parte dos homicídios é por desavença entre criminosos, dívida de tráfico e também há bastante assassinatos passionais”, disse o delegado titular do 7º DP, que registra alta taxa de homicídios, Cássio Vita Biazolli.

Ele afirmou que o distrito de Barão sofre com essa reincidência há alguns anos e que o grande problema é quanto à desova de corpos na área. “Muitos corpos são deixados em zonas rurais na minha área. O combate a esse tipo de crime é muito difícil, não tem como prevenir diretamente. É preciso combater o tráfico de drogas e apreender arma”, analisou.

Roubo

Áreas onde estão localizados centros comerciais, parques e outros polos de atração de movimento chamam a atenção de bandidos que praticam os chamados crimes contra o patrimônio, principalmente os roubos.

As regiões que mais concentram esse tipo de crime — quando há ameaça — ficam na área dos bairros Centro e Botafogo, seguida pelo Taquaral. Apenas nos dois primeiros foram registradas 1.698 ocorrências no ano passado. Já no Taquaral foram 1.101.

Os casos de roubo a pedestres são mais comuns no Centro. Diariamente são cerca de 300 mil pedestres e consumidores que circulam pela região. Vias como 13 de Maio, Francisco Glicério, Campos Sales e Barão de Jaguara são onde ocorrem esses delitos.

Na região do Taquaral, o roubo a residência ganha destaque já há alguns anos. Bairros com grande número de casas como Alto Taquaral, Chácara Primavera, Jardim Santana, Santa Genebra e Parque São Quirino são os alvos prediletos dos assaltantes de residência. Há morador que nos últimos cinco anos teve a casa invadida cinco vezes.

Outra modalidade criminosa comum no bairro são os casos de sequestro-relâmpago. As vítimas são capturadas em semáforos ou até mesmo entrando em casa e são forçadas a ir até caixas eletrônicos de onde são obrigadas a retirar dinheiro para entregar aos bandidos. “Aqui há grandes centros de compras, faculdades, parques e com isso esses marginais se aproveitam dessa grande circulação para fazer crimes, como o sequestro-relâmpago, que preocupa”, afirmou o delegado titular do 4 DP, Maurício Geremonte.

Furtos

Assim como os casos de roubos, a área central e o Botafogo também são os campeões dessa modalidade criminosa. Foram 4.718 registros no ano passado, a maioria na Rua 13 de Maio, principal via do comércio popular. Dados da PM revelam que aos finais de semana ocorrem cerca de 70 furtos no interior de lojas.

A região do Taquaral (4º DP)está na segunda posição com 2.249 ocorrências de furtos. A área é onde estão localizados três grandes shoppings, universidades, além de parques e áreas de lazer. “Muitos furtos ocorrem dentro de veículos. O marginas entortam a porta do carro para pegar o som e objetos deixados no interior de carros estacionados na rua”, afirmou Geremonte.

Roubo e furto de veículos

No ano passado, 2.010 veículos foram roubados nas regiões dos bairros Taquaral, Castelo e Chapadão e São Bernardo. Já os furtos de veículos somaram 2,4 mil casos no São Bernardo, Centro, Botafogo e Taquaral. Esses são os principais bairros onde há esse tipo de delito, pela concentração de centros comerciais, educacionais, áreas de lazer e inúmeros condomínios. “O grande problema é o número alto de desmanches e as pessoas que compram peças de carros usadas e sem procedência”, explicou o tenente Junta Jr.

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