NEGOCIAÇÃO EM ANDAMENTO

Mantenedora do Hospital PUC-Campinas estuda aquisição da Maternidade

Sociedade Campineira de Educação e Instrução informou que ainda não houve proposta, mas confirmou tratativas

Da Redação
12/01/2024 às 08:49.
Atualizado em 12/01/2024 às 08:50

Em outubro, a Maternidade informou que o déficit mensal girava em torno de R$ 1 milhão; negociação pretende resolver, em longo prazo, a complicada situação financeira do hospital para evitar prejuízos aos associados e à população de Campinas (Kamá Ribeiro)

O Hospital Maternidade de Campinas comunicou em nota que a Sociedade Campineira de Educação e Instrução (SCEI), mantenedora do Hospital PUC-Campinas, avalia uma possível operação de aquisição da instituição, o que permitiria a superação dos problemas financeiros atualmente vivenciados pela Maternidade. Segundo a nota, a negociação acontece "em atendimento às disposições estatutárias de ambas as instituições e considerando a busca da Maternidade de Campinas por uma solução financeira sustentável a longo prazo, em benefício de seus associados e da população de Campinas.

A realização da operação depende de algumas condições precedentes, como a "verificação da solvabilidade do endividamento total dentro de determinadas premissas", a "aprovação da operação pela assembleia geral extraordinária dos associados da Maternidade" e o "cumprimento de todos os requisitos legais previstos", abrangendo não apenas, mas especialmente, os que são objeto da Lei de Recuperação Judicial. De acordo com a assessoria de imprensa, o avanço ou recuo das tratativas será "oportunamente divulgado".

A SCEI também divulgou uma nota à imprensa. Nela, a entidade afirma que não houve, até o momento, a realização de qualquer proposta vinculante de aquisição de ativos ou qualquer outro tipo de negócio entre SCEI e Maternidade, mas confirma que, instada, passou a avaliar a aquisição, mas não foi informado quem iniciou a negociação.

CRISE FINANCEIRA

A Maternidade completou 110 anos em outubro do ano passado. Em recuperação judicial devido aos graves problemas financeiros causados pelo alto custo hospitalar e remuneração não compatível pela prestação de serviços ao Sistema Único de Saúde (SUS). À época, o hospital solicitava a ajuda do poder público, de empresas e da comunidade para não fechar as portas. A dívida Maternidade, em razão do subfinanciamento, estava em cerca de R$ 100 milhões.

Apenas em relação à assistência pública, que representa 60% do atendimento total no local, o déficit mensal gira em torno de R$ 1 milhão. O pedido de recuperação judicial feito em 2022 foi o primeiro de uma instituição filantrópica do setor da saúde no Estado de São Paulo.

Nos 110 anos de história, mais de 500 mil bebês nasceram no histórico hospital. Ao longo de muitos anos, a receita da Maternidade de Campinas foi complementada pela gestão da antiga Estação Rodoviária, que ficava na esquina das avenidas Andrade Neves e Barão de Itapura.

Após o encerramento do contrato, a Maternidade tem acumulado déficits anuais. A instituição possui contrato com Campinas para atender pacientes do SUS, e o município faz uma complementação em cima do valor da tabela federal. Mesmo assim, o valor é insuficiente, já que há uma defasagem no repasse dos custos.

Também em outubro a instituição exemplificava a situação ao divulgar alguns valores. O custo de um parto, por exemplo, gira em torno de R$ 2,5 mil, mas a remuneração repassada pelo governo federal era de apenas R$ 443,40. A Prefeitura repassa esse valor e o complementa com cerca de R$ 1.388,00, o equivalente a duas diárias de enfermaria, mas o custo não é totalmente coberto, gerando um déficit de aproximadamente R$ 1,1 mil por procedimento. Por mês, em média, são realizados 450 partos pelo SUS.

Na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal, o déficit mensal é de cerca de R$ 600 mil. O custo da diária é de, aproximadamente, R$ 3 mil, mas a Maternidade recebe somente o valor de R$ 1.600,00. Segundo a Maternidade, ainda em outubro, o governo federal tem um valor de repasse ainda menor em relação aos leitos de UTI Neonatal, que chega a apenas R$ 600,00.

Os convênios e os atendimentos particulares compõem as receitas, assim como a transformação da Maternidade em Hospital permitiu a inclusão de outras cirurgias, mas tudo isso ainda é insuficiente para cobrir os custos.

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