Cerca de 300 pessoas saíram de Campinas para reforçar o protesto do Movimento Passe Livre
Cerca de 300 pessoas saíram em seis ônibus de Campinas na tarde desta segunda-feira (17) para reforçar o protesto do Movimento Passe Livre em São Paulo, contra o aumento da tarifa de ônibus na Capital.
As excursões foram organizadas pela internet, pelo Movimento Juventude às Ruas, Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp (STU) e Sindicato dos Químicos de Campinas. Os ativistas saíram da universidade e do Largo do Pará, no Centro por volta das 14h, rumo ao Largo da Batata, em Pinheiros, onde começou a passeata.
A maior concentração foi na Biblioteca Central da Unicamp, de onde partiram cinco veículos. Na última quinta-feira (13), dez estudantes campineiros do Juventude às Ruas participaram da manifestação paulistana, que teve ativistas e repórteres feridos pela Polícia Militar (PM).
Para uma das coordenadoras do movimento, Marie Castaneda, o número de ativistas de Campinas engrossou depois dos relatos de abuso de policiais pelos veículos de comunicação. "Acho que as pessoas acordaram no País inteiro depois da forte repressão da PM. As imagens de jornalistas, manifestantes e até pessoas que não tinham nada a ver com o movimento machucadas foram fortes", disse Marie, que tem 20 anos e é estudante de Ciências Sociais.
De acordo com ela, na página do movimento no Facebook mais de 10 mil pessoas estão confirmadas no protesto contra o preço da passagem de ônibus em Campinas, que deve ocorrer na quinta-feira (20) no Largo do Rosário, às 17h. "Queremos levar metade da Unicamp para o Centro. É ainda mais importante protestar aqui do que na Capital".
O estudante campineiro M.M., de 31 anos, foi atingido por balas de borracha no protesto do dia 13 na em São Paulo, mas fez questão de participar novamente da manifestação. "Estava eu e mais dois amigos parados na frente ao Estádio do Pacaembu e os policias chegaram atirando. Nós estávamos parados conversando, não tinha aglomeração. Não provocamos nada. Foi um ato covarde", disse. M.M..
Ele explicou que mesmo que o preço da passagem na Capital não o afete diretamente, ele acredita que o protesto paulistano tem reflexos em Campinas. "O protesto esta semana só vai ocorrer aqui pelo o que aconteceu na Capital. Por isso é importante estar nos dois."
A maioria dos estudantes que saíram da Unicamp participaram pela primeira vez de uma grande manifestação nesta segunda-feira (17). Ian Gabriel Schlindwein, estudante de ciências sociais de 19 anos, disse que fez parte apenas de pequenos atos na universidade. "Nunca participei de algo tão grande como o de hoje (17). Minha principal motivação é mesmo o valor da passagem de ônibus nas grandes cidades brasileiras. Uso somente o transporte público e acho que ele não vale R$ 1".
Alckmin
Em visita a Campinas para anunciar o início das obras do prolongamento do Anel Viário Magalhães Teixeira, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse não ser contra a disseminação do movimento em outras cidades do Estado.
Para ele, a situação não está fora de controle. "Manifestação é muito positivo e só fortalece a democracia e é nosso dever preservar integridade dos manifestantes. Agora temos também o dever de garantir a integridade de quem não participa da manifestação, de que as cidades funcionem, de que o comércio possa abrir e de que patrimônio público e privado seja preservado."