NOVAS CORES

Mandalas colorem paisagem urbana de bairros de Campinas

Grafiteiro deixou a psicologia para espalhar arte pelas ruas de várias cidades do Brasil e do mundo; desenhos conquistaram uma legião de seguidores na internet

Gustavo Abdel
gustavo.abdel@rac.com.br
16/05/2015 às 11:21.
Atualizado em 23/04/2022 às 13:30

Audi, de 34 anos, ao lado de mandala que pintou na Rua Carolina Florence, no Taquaral: abstrações na urbe ( Leandro Ferreira)

Dezenas de mandalas multicoloridas grafitadas nos mais diferentes endereços de Campinas dão vida à paisagem urbana e despertam diariamente a curiosidade de pedestres e motoristas. Nas redes sociais, as obras de arte, geralmente caprichadas e em grandes proporções, são frequentemente compartilhadas por aqueles que se sentem “hipnotizados” pelas formas circulares e conquistaram uma legião de seguidores na internet. Muros do Cambuí, Taquaral, Guanabara e outros tantos bairros na região central já ilustram o portifólio de José Flavio Audi, de 34 anos, um constante garimpeiro de novos locais para propagar a arte como filosofia que escolheu para sua vida. O olhar inquieto a todas as cenas que passam pela janela do carro e a maneira tranquila como desenrola a sua história de vida enquanto a reportagem o leva até as suas obras comprovam que Audi vive na atmosfera de suas criações. Psicólogo por formação, mas artista por opção e vocação, tem plena noção de que suas cores já fazem parte do cotidiano de Campinas. Vários significados “A mandala, por ser abstrata, cada um consegue dar um significado quando observa. Tenho prazer em fazer esse tipo de grafite, pois me dá possibilidades infinitas de criação. Nunca vou fazer mandalas iguais”, diz o artista. Para ele, não importa contabilizar quantas dessas formas já foram desenhadas pela cidade. “As tintas já ficam no meu carro. Quando vejo um local, paro e pronto, vou grafitar”. Mas ele deixa claro que o proprietário dos imóveis são avisados e, na maioria das vezes, quando vêem seus trabalhos, não impedem que o muro seja “renovado”.Em 2008, após cinco anos trabalhando como psicólogo de um programa de inclusão na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o artista pediu demissão e foi em busca do seu ideal: viver livremente e grafitando. Audi foi taxado de louco por abandonar a carreira, mas por pouco tempo, até que sua arte começou a tomar as ruas, primeiramente de Itapira, sua cidade natal, depois de Campinas e, agora, também de outras partes do mundo. Aprendizagem Nos cursos voltados para a parte artística, aprendeu como criar seu desenhos em grande escala. Nessa época, conheceu Emanuel Rubin, um artista de Campinas que foi seu mestre na tinta acrílica e, principalmente, na área do grafite. O spray é sua ferramenta, pois diz que lhe dá mais opções de fazer o tipo de arte que desenvolve. “Faço arte, mas não gosto de rotular o que faço pois acho que limita meu trabalho.E faço um trabalho livre, sem amarras”, garante. Há cinco anos, Audi foi para a Austrália fazer um curso de inglês e imprimiu suas mandalas de Bondi a Sufers Paradise. Com um amigo, ganhou dinheiro grafitando albergues, restaurantes, bares, cafés, discotecas e até pranchas de surfe. No primeiro trabalho, já conseguiu comprar um carro Mitsubishi, onde carregava as tintas. Da Austrália, ele foi direto para a Nova Zelândia e depois emendou Itália e Espanha. No Brasil, já deixou sua assinatura em Jericoacoara (CE), Praia de Pipa (RN), Florianópolis (SC) e outros locais. Tatuagem Audi está há nove meses em Campinas, onde agora imortaliza suas obras de rua no corpo de fãs que procuram o estúdio de tatuagens no Cambuí onde aprendeu a técnica. “É bacana essa relação porque as pessoas sabem que agora estou tatuando e querem que faça as criações que desenvolvo nos muros”, conta. A tatuagem foi outra alternativa de ganhar a vida, e que ele aposta estar dando certo.Audi acredita que sua arte tenta passar para as pessoas que nem sempre o que é belo é pago para ser feito nas ruas. “É possível as pessoas terem arte sem pagar por isso”, reforça. E sua arte “gratuita” pode ser vista em diversas ruas e avenidas, como na Antonio Lapa (Cambuí), Carolina Florence (Taquaral), Baroneza Geraldo de Resende (Jardim Dom Bosco), Orosimbo Maia, entre outras. Mas, como ele mesmo diz, “barco não pode ficar ancorado” e, em agosto, Audi pretende levar ao Texas, nos Estados Unidos, suas mandalas coloridas.

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