Anderson Mamede disse à polícia que se cortou para simular uma agressão durante briga com o estudante Denis Papa Casagrande
O atendente Anderson Marcelino Ferreira Mamede, de 21 anos, disse na quinta-feira (26) à polícia que provocou em si mesmo o ferimento em sua perna com uma faca para tentar simular uma agressão durante briga com o estudante Denis Papa Casagrande, morto com um golpe de faca na peito. Mamede é namorado de Maria Teresa Peregrino, que confessou ter esfaqueado o estudante durante a confusão. O atendente afirmou que ele e a namorada teriam entrado na festa com duas facas para se defender porque um grupo rival também estaria no mesmo local. Segundo a polícia, o rapaz afirmou que os ferimentos em sua perna foram causados por uma outra faca e, não a que matou o rapaz. Ele afirmou que bateu nas costas de Casagrande com um skate. A polícia investiga uma co-autoria do crime.Além dele, outras quatro pessoas foram ouvidas pela Polícia Civil que apura o caso. Dois advogados de São Paulo se apresentaram ontem no setor de Homicídios que apura a morte do universitário da Unicamp como representantes de Maria Teresa. Eles foram contratados pela mãe da garota, que ficou sabendo do crime por meio da televisão. “Ela mora em São Paulo e tentou entrar em contato com a filha, mas não conseguiu. Maria Teresa não atende as ligações porque está recebendo ameaças. Ela e Anderson estão serenos, mas apavorados com tudo que está acontecendo”, afirmou o advogado Felipe Ballarin Ferraioli.Ferraioli afirmou que teve acesso apenas ao depoimento prestado pela garota a polícia. “Ela disse que saiu para urinar. Um amigo foi com ela e ficou vigiando. Casagrande se aproximou, o amigo pediu para que ele se afastasse, eles discutiram e Casagrande foi até Maria. Ele estava com uma garrafa de catuaba e colocou na frente de sua genitália e falou para ela ir com ele até um canto. Ela se ofendeu e começaram a discutir. Ela disse que ele ainda ameaçou dizendo que estava armado, assim como os amigos dele. E foi pra cima dela. Anderson e seus amigos chegaram e houve o tumulto”, disse o advogado, que ainda irá conversar com sua cliente para esclarecer outros fatos, mas adiantou que ela está a disposição da polícia. A reconstituição do crime deve ocorrer na próxima semana.Testemunhas Nesta quinta-feira, mais cinco testemunhas do caso foram ouvidas pela polícia, entre elas o namorado de Maria, Anderson Marcelino Ferreira Mamede, que revelou ter feito os ferimentos com uma faca na própria perna por medo de retaliação. A polícia ainda investiga se ele tem co-autoria no homicídio e se a versão contada pela suspeita é verdadeira. A polícia marcou uma entrevista coletiva às 15h e deve apontar um desfecho para o caso. Ao oferecer ajuda da PM à Unicamp, o governador usou como exemplo a Universidade de São Paulo (USP), que passou a ter o patrulhamento da polícia, mesmo após manifestações contrárias de estudantes. “A USP em São Paulo concordou, teve até uma grande polêmica, de ter ação policial dentro do campus da universidade. Hoje, dentro da USP tem presença da polícia, porque a cidade universitária é muito grande, e a universidade também tem segurança própria. Nós vamos conversar com a Unicamp e iremos nos colocar à inteira disposição”, afirmou o governador. Reação A presença da PM no campus da Unicamp já foi motivo de protesto da comunidade acadêmica. Em 2010, quando as festas na universidade foram proibidas e a PM passou a fazer ronda para evitar que elas acontecessem, os estudantes se mobilizaram contra a ação. Ainda nesta quinta-feira, representantes de entidades acadêmicas já se mostraram contrários à decisão. A coordenadora do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Carolina Figueiredo Filho, afirmou que aceitar a proposta do governo sem um debate com a comunidade local é uma falta de respeito e de democracia. “Essa decisão vai trazer impasses na vivência do campus. Não concordamos com a entrada da PM aqui”, disse. Para o DCE, o policiamento vai criar um clima de ameaça à comunidade. “A polícia tem uma postura para lidar em tom agressivo e que às vezes acaba estimulando mais a violência. O tom é sempre repressor”, afirmou. Para o coordenador do Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp (STU), Antonio Alves Neto, o governo está generalizando. “Oferecer segurança onde os índices criminais não são relevantes é errado. Não vai adiantar nada ter PM aqui. Defendemos que a universidade deveria ter seguranças contratados e treinados por ela. E, não terceirizados como é o caso”. Neto afirmou que a Unicamp deveria voltar atrás e passar a permitir festas e não fingir que elas não acontecem. “Eles sabem que toda semana têm (festas). Deveriam permitir e pedir apoio da PM quando elas ocorrem. Está na hora da universidade assumir isso. A PM no campus não é a melhor decisão. Imagina quando houver manifestação de estudantes como é comum acontecer. Com certeza a PM vai intervir e vai dar problema.” Medida O Estado deve fazer um convênio com a universidade para que a PM passe a fazer rondas e prevenção. “Hoje a PM atua no campus quando é chamada. Atuamos na prevenção no lado externo. Mas, conforme for iremos fazer avaliações para ver qual a demanda do campus e assim escolher a atuação da PM. Se terá sede, se será com patrulhamento com viatura. Mas isso tem que ser fechado”, afirmou o major da PM Euclides Vieira. 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