Figueira às margens da rodovia Jornalista Francisco Aguirre Proença está com os dias contados
Árvore centenária às margens da Rodovia SP-101, em trecho que passa por Monte Mor: figueira será retirada com autorização da Prefeitura, mas moradores e motoristas criticam a medida (Carlos Sousa Ramos/AAN)
Uma figueira centenária, plantada às margens da rodovia Jornalista Francisco Aguirre Proença (SP-101), está com os dias contados devido às obras de duplicação do trecho que passa por Monte Mor.
A árvore, da espécie Fícus elástica, tem cerca de 15 metros de altura e, segundo os moradores, já faz parte da história da cidade. Ela serve como ponto de referência para os que vêm de longe, oferece sombra aos trabalhadores cansados e guarda histórias de casais apaixonados.
A figueira é igual à que foi arrancada no dia 23 de maio às margens da Rodovia D. Pedro, no caminho para a PUC-Campinas, também para obras de ampliação. Nascido em Monte Mor, o militar Adilson Mangiavacchi, de 59 anos, tem lembranças da árvore desde a infância.
“Fico imaginando que daqui há uns meses ela poderá não existir mais. E há a possibilidade de transferir a duplicação para o lado esquerdo, de forma a poupar a árvore.” Plantada no Km 22 da rodovia, a figueira é onde o sucateiro Zenilton Ramos da Costa vai pegar a namorada quando ela chega do trabalho. Ele lamenta a poda da árvore.
“Qualquer árvore que derrubem, para mim é um crime.” Para Elizabeth Ribeiro da Cruz, de 49 anos, a árvore vai fazer falta. “Ela é útil para muitas pessoas que usam como sombreiro enquanto almoçam, que sentam para descansar, que usam como ponto de referência. Para mim o que vai mudar bastante é a paisagem”, afirma.
“Essas árvores são verdadeiros monumentos vivos”, afirma Dionete Santin, engenheira agrônoma e pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Segundo Dionete, é lamentável que a planta esteja exatamente na área de expansão da rodovia e também que uma espécie deste porte tenha sido plantada na beira da pista.
“A ampliação de novas faixas nas rodovias é o preço que pagamos pelo abandono das ferrovias, por exemplo, e também pela falta de uma política visando ao planejamento em transporte coletivo de qualidade. Essa combinação iria desafogar as estradas e contribuir para melhorar a qualidade ambiental”, afirma.
A concessionária Rodovias do Tietê disse em nota que a árvore será retirada, conforme autorização emitida pela prefeitura de Monte Mor. Informou que a retirada é necessária para o andamento das obras de duplicação entre os Kms 14,6 e 25,7. A data do corte não foi informada.
Segundo a Rodovias do Tietê a compensação será executada conforme previsto nos Termos de Compromisso de Recuperação Ambiental, firmados com a prefeitura e a Companhia Ambiental do Estado (Cetesb), em locais e prazos a serem definidos.
A prefeitura informou que a obra de duplicação da SP-101 é do governo do Estado e da Rodovias do Tietê e que, apesar do trecho pertencer ao município, apenas esses órgãos podem informar sobre a necessidade de erradicação da árvore.