SAÚDE

Mais médicos ignora três cidades da RMC

Jaguariúna, Cosmópolis e Paulínia formalizaram pedidos, mas até agora não receberam profissionais

Bruno Bacchetti
04/11/2013 às 10:00.
Atualizado em 26/04/2022 às 10:35

Três cidades da Região Metropolitana de Campinas (RMC) foram ignoradas pelo governo federal e não receberam profissionais nas duas primeiras fases do programa Mais Médicos. Cosmópolis, Jaguariúna e Paulínia se inscreveram pleiteando a vinda de médicos, mas não tiveram a demanda atendida. Das 19 cidades da região, somente Vinhedo não quis se inscrever no programa, enquanto Valinhos não conseguiu fazer a inscrição dentro do prazo. As outras 14 cidades foram selecionadas com pelo menos um profissional. Os médicos contratados na primeira fase já começaram a trabalhar na semana passada, enquanto os selecionados na segunda fase começarão a atuar a partir desta semana.Segundo o Ministério da Saúde, as três cidades da região que não foram selecionados nas duas primeiras fases do programa podem ser contempladas no futuro. De acordo com o governo federal, a escolha técnica priorizou os municípios que têm a maior parcela da população dependente do Sistema Único de Saúde (SUS) e as que têm o maior percentual da população em situação de pobreza, o que não acontece com os municípios da região. Além disso, os médicos brasileiros e os estrangeiros — com exceção dos cubanos — poderiam escolher os lugares nos quais pretendiam trabalhar.O secretário de Saúde de Cosmópolis, Elcio Trentin, confessou ter ficado decepcionado com a ausência da cidade no programa do governo federal. Segundo ele, o município solicitou sete profissionais e chegou a ter um selecionado na primeira fase, mas o médico que viria para Cosmópolis desistiu.“Está sendo uma decepção. A gente entende que estão priorizando regiões menos favorecidas e que não têm estrutura nenhuma. Mas também temos falta de médicos”, afirma Trentin. Segundo ele, a cidade conta com 60 médicos atendendo pelo SUS, mas não em período integral. “É difícil contratar porque o salário é considerado baixo. Abrimos edital e não vem ninguém”, queixa-se o secretário.Outra que não teve a demanda atendida foi a Prefeitura de Paulínia, que por sua vez afirmou esperar um profissional do Mais Médicos na próxima fase do programa. No entanto, a administração garantiu não existir déficit de médicos no município. “A cidade não foi contemplada, mas aqui não há falta de médicos. O problema da saúde em Paulínia é que vem muita gente de cidades vizinhas, como Cosmópolis e Sumaré. Temos 200 mil pessoas inscritas na rede, mais que o dobro do número de habitantes”, informa a Administração por meio da assessoria de imprensa.A Prefeitura de Jaguariúna limitou-se a informar que o déficit da rede municipal é de seis médicos, e revelou ter solicitado 20 médicos generalistas. O município vai esperar as próximas etapas do programa e ainda aguarda receber profissionais.Ao contrário das três cidades que fizeram o pedido e não foram atendidas, Valinhos não conseguiu fazer a inscrição no prazo por causa de problemas técnicos. A secretária de Saúde, Cristina Fiore, afirmou que tentou reverter a situação, mas por enquanto não teve sucesso. “Não foi possível fazer a inscrição e até o momento, apesar de protocolos abertos, não obtivemos resposta”, diz Cristina. Ela ressalta, entretanto, que as principais dificuldades na rede municipal de Saúde são de recursos para contratação de médicos especialistas, não generalistas, como o programa atende. “Lembro que o município de Valinhos conta hoje com mais de 170 médicos e todas as unidades básicas tem profissionais para atendimento. Temos demanda no ambulatório de especialidades e o programa não está relacionado a especialistas”, acrescenta a secretária de Saúde. Vinhedo tem índice 5 vezes superior ao ideal, diz a OMSÚnica cidade da Região Metropolitana de Campinas (RMC) a não se inscrever no programa Mais Médicos, Vinhedo justifica a decisão baseado no elevado número de médicos no município. De acordo com a Prefeitura, a cidade possui 5,5 médicos para cada mil habitantes. O montante é cinco vezes superior ao preconizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que determina como parâmetro ideal a relação de um médico para cada mil habitantes.“Vinhedo não aderiu ao programa por não existir deficit de médicos no município. O agendamento na Rede Municipal de Saúde para atendimento em especialidades médicas encontra-se normal, inclusive com algumas especialidades com espaço para marcação de consulta no mesmo dia. Temos estrutura e médicos para exercerem a sua função”, explica a Prefeitura de Vinhedo, em nota. A Prefeitura também afirma discordar das regras do programa, que disponibiliza médicos somente para atender a redebásica de saúde. A administração acredita que seria mais vantajoso se o governo federal disponibilizasse recursos para serem empregados de acordo com a necessidade de cada município. “Para a Prefeitura de Vinhedo, seria mais assertiva a configuração de investimentos sem destinações específicas, para que cada cidade pudesse enquadrar investimentos de acordo com a sua necessidade e demanda”, diz a administração.

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