No pronto-socorro infantil do Hospital Dr. Mário Gatti movimento é grande e deverá crescer mais com a queda de temperaturas previstas para os próximos meses (Diogo Zacarias)
Devido à alta nos casos de internação de crianças nas UTIs de Campinas, a Rede Mário Gatti de Urgência, Emergência e Hospitalar instalou ontem mais cinco leitos pediátricos para terapia intensiva no Hospital Ouro Verde. Além de buscar atender à crescente demanda, há a preocupação com o outono, recém-iniciado, e o inverno, períodos em que aumenta a incidência de doenças respiratórias, o que acende o alerta das autoridades sanitárias e especialistas. Com a ampliação, agora são 15 leitos no Ouro Verde e 16 no Hospital Dr. Mário Gatti, totalizando 31 estruturas de UTIs pediátricas na Rede.
O período de sazonalidade das doenças respiratórias já se reflete em um aumento da procura para o atendimento de crianças com sintomas de doenças respiratórias na Rede Mário Gatti. Em dois meses, subiu 83,4% a quantidade de crianças atendidas na Rede. A média diária de fevereiro foi 278 por dia contra 510 nos primeiros dez dias de abril. Em março, a média foi de 405. O salto de fevereiro para março foi de 45,7% e, de março para abril, até o momento, está em 25,9%.
Como comparação, o total de adultos atendidos com sintomas respiratórios foi parecido em fevereiro e em março, porém, com uma leve queda, de 5,5%. Em fevereiro foram 22.171 adultos atendidos, média diária de 791,8, enquanto, em março, 23.194, uma média de 748,2 por dia.
A Rede Mário Gatti informou que os quadros clínicos mais graves em crianças estão mantendo a ocupação nas UTIs superior a 90% na maioria dos dias. O que está sendo mais frequente é a internação de crianças menores de dois anos com bronquiolite causada pelo Vírus Sincicial Respiratório (VSR).
No final de março, o secretário de Saúde, Lair Zambon, alertou sobre o alto número na ocupação das UTIs pediátricas. "Estamos, desde novembro, com uma taxa de ocupação alta de crianças em UTI e em enfermaria na cidade, sendo que metade desses casos é respiratório. Isso é algo que normalmente não acontece em um período de sazonalidade normal, fora da pandemia. Campinas e outras cidades estão vivenciando isso. Como estamos em um limite alto de internação, caso haja piora desses quadros - não apenas de covid-19, mas também outras patologias como o Vírus Sincicial Respiratório, Influenza -, teremos problemas de leitos".
Cobertura vacinal
Na semana passada, Campinas registrou um crescimento maior que 20% na hospitalização de crianças no período entre segunda-feira e sexta. Ontem, a Prefeitura divulgou mais uma atualização do boletim epidemiológico, contemplando os dados de internações em UTI infantil. Com os cinco novos leitos, Campinas soma 104 em funcionamento, o que ajudou a reduzir a porcentagem de ocupação. Isso porque a quantidade de internações permanece a mesma de sexta-feira, com 93 crianças hospitalizadas. Porém, com os novos leitos do Ouro Verde, o município registrou a ocupação de 89,4% no início desta semana contra 93,9% na sexta. Apenas 11 leitos estão desocupados.
Dessas 93 crianças internadas nas UTIs, 53 estão com algum tipo de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), o equivalente a 57%. São 24 crianças com o VSR, uma com confirmação para a covid-19 e outras 14 em investigação para confirmação da doença. Nas enfermarias, os 59 leitos estão ocupados e ainda há nove crianças que estão sendo acompanhadas nos prontos-socorros à espera de novas vagas.
Em relação à vacinação contra a covid-19, 54% das crianças de 5 a 11 anos tomaram a primeira dose e apenas 35% estão com as duas, índice que decepciona e causa preocupação. Entre os adolescentes, de 12 a 17 anos, 63,6% já têm as duas doses. Na população com mais de 18 anos a cobertura vacinal está em 96,4%.
Infantil - 89,4%
Adulto - 45,8%