Com o fim das coligações, serão eleitos os candidatos mais votados dentro de seus partidos, desde que a legenda consiga atingir o quociente eleitoral
Pelo menos 27 dos 33 vereadores concorrerão à reeleição em 2020, de acordo com levantamento realizado pelo Correio. Um decidiu que não concorrerá e quatro ainda não sabem. Quatro deles, no entanto, também são pré-candidatos a prefeito e deixarão de concorrer ao Legislativo se tiverem os nomes escolhidos para disputar a Prefeitura. Há menos de um ano da eleição municipal, os partidos se mobilizam para definir chapas competitivas para a eleição proporcional e os atuais parlamentares têm preferência na escolha. Com o fim das coligações para vereador, serão eleitos os candidatos mais votados dentro de seus partidos, desde que a legenda consiga atingir o quociente eleitoral. Cada legenda poderá lançar até 50 nomes a vereador, que correspondem a 150% das cadeiras na Câmara Municipal. Nem todos os partidos lançarão candidatos, porque têm poucos filiados ou porque não cumpriram as metas da cláusula de barreira e ficarão fora da repartição do fundo partidário e do tempo de propaganda na televisão. A cláusula de barreira não impede o lançamento de candidatos. A estimativa dos partidos é que o número de concorrentes será bem superior ao da última eleição, em 2016. As legendas avaliam que mais de mil disputarão vaga na Câmara. Em 2016, Campinas teve 816 candidatos. O vereador Antônio Flores (PSB) decidiu que não vai concorrer. Eleito pela primeira vez em 2000, ele está atualmente no seu terceiro mandato consecutivo, e acredita que já deu a contribuição que podia à cidade. Mas vai indicar alguém de seu gabinete para concorrer. O vereador Tenente Santini (PSD) não atendeu à reportagem, mas circula nos bastidores da política que irá se candidatar a prefeito. Os vereadores Campos Filho (DEM), Carmo Luiz (PSC), Gustavo Petta (PCdoB) e Nelson Hossri (Podemos) também são pré-candidatos a prefeito por suas legendas, mas concorrerão à reeleição se seus nomes não forem definidos nas convenções partidárias à candidatura majoritária. Há quatro parlamentares que não decidiram se concorrerão a mais um mandato. Luiz Cirilo (PSDB) disse que está avaliando se irá para a disputa porque a vida pública sacrifica muita a vida familiar e profissional. Jota Silva (PSB) espera definir até março, mas a candidatura, afirmou, dependerá do partido. No quarto mandato, ele disse que se tiver condições de ganhar, disputará. “Sair por sair não resolve”, disse. Marcelo Silva (PSD) também não definiu se concorrerá, porque está discutindo com seu grupo a melhor estratégia para 2020. Segundo ele, se for candidato poderá ser pelo PSD ou outro partido, como o Novo, por exemplo. Vinicius Gratti (PSB), que deixou a base de apoio ao prefeito Jonas Donizette e adotou postura de oposição ao governo, afirmou que vai primeiro resolver sua situação partidária antes de definir se irá concorrer à reeleição e por qual partido. A disposição das legendas é lançar nomes competitivos em 2020 para o Legislativo, visando assumir cadeiras ou ampliar as atuais bancadas. A composição atual da Câmara é formada pelo PSB, que tem a maior bancada, com seis parlamentares, seguida do PSDB, com quatro, do PSD com três, do PT, PP, PSC, PR e PV com dois cada partido, e do PSL, PMB, PCdoB, PTB, Cidadania, Podemos, Democratas, PSOL, PROS e PRB com um vereador cada. Nessa eleição o financiamento das campanhas será difícil, porque desde 2018 as doações foram limitadas às pessoas físicas e os candidatos recebem recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) e do Fundo Partidário. Já o fundo de campanha é destinado aos partidos e, como já ocorreu em 2018 e a tendência é que se repetirá em 2020, grande parte desses recursos será destinada aos candidatos que já são detentores de mandato eletivo ou aos candidatos “celebridade”. PAINEL DA REELEIÇÃO Ailton da Farmácia (PSD) Sim Antônio Flores (PSB) Não Aurélio Cláudio (PMB) Sim Campos Filho (DEM) Sim Carlão do (PT) Sim Carmo da Farmácia (PSC) Sim Cidão Santos (PROS) Sim Edison Ribeiro (PSL) Sim Elias Azevedo (PSB) Sim Fernando Mendes (REPUB) Sim Filipe Marchesi (PL) Sim Gilberto Vermelho (PSDB) Sim Gustavo Petta (PCdoB) Sim José Carlos Silva (PSB) Sim Jorge da Farmácia (PSDB) Sim Jorge Schneider (PTB) Sim Jota Silva (PSB) Indeciso Juscelino da Barbarense (PP) Sim Luiz Carlos Rossini (PV) Sim Luiz Henrique Cirilo (PSDB) Indeciso Marcelo Silva (PSD) Indeciso Marcos Bernardelli (PSDB) Sim Mariana Conti (PSOL) Sim Nelson Hossri (Podemos) Sim Paulo Galtério (PSB) Sim Paulo Haddad (Cidadania) Sim Pedro Tourinho (PT) Sim Permínio Monteiro (PV) Sim Professor Alberto (PL) Sim Rodrigo da Farmadic (PP) Sim Rubens Gás (PSC) Sim Tenente Santini (PSD) - Vinicius Gratti (PSB) Indeciso Quem tem mandato leva vantagem Um candidato já detentor de um mandato leva vantagem sobre aquele que não está no mandato, segundo o presidente da Comissão Especial de Direito Eleitoral da OAB-Campinas, Valdemir Moreira dos Reis Junior. Pesam favoravelmente o fato de ser conhecido da população por ter feito campanha antes e conseguido convencer o eleitor a votar nele. Além disso, passou quatro anos trabalhando não apenas nas suas atividades decorrentes do mandato, mas também em sua imagem política. “Os detentores de mandato, normalmente, possuem assessoria de imprensa, possuem pessoas pagas para trabalharem a imagem nas redes sociais, trabalham mailings, possuem cota de correio, também equipe (assessores) já aptos e pagos para trabalhar nas eleições”, afirmou. Outro fator que favorece os parlamentares no exercício do cargo, segundo Reis Junior, é a maior facilidade e probabilidade de receberem mais recursos provenientes do "fundão" e do fundo partidário. “Parece claro que esse ano se repetirá o que ocorreu em 2018, ou seja, quem já possui um mandato ou quem possui mais chance de vencer, leva vantagem na hora de se escolher quem leva e o quanto leva dos recursos públicos destinados às campanhas eleitorais”, disse.