política

Maioria acredita no Brasil dividido

Independentemente do vencedor do segundo turno do pleito presidencial, analistas políticos e a própria população apostam que as discussões não cessarão

Renato Piovesan
09/10/2018 às 07:39.
Atualizado em 06/04/2022 às 16:51

O cenário de País dividido deve permanecer após as eleições. Independentemente do vencedor do segundo turno do pleito presidencial, analistas políticos e a própria população apostam que as discussões entre adeptos de Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) não cessarão tão cedo. Uma enquete publicada no site do Correio Popular (http://correio.com.br) ontem indicou que 70,74% dos internautas não acreditam que será possível uma pacificação. A dona de casa Irene Paul, de 75 anos, admite que preferiu nem revelar seu voto aos familiares mais próximos por conta da intolerância. “Eu votei no Bolsonaro, mas nem ficava falando para as pessoas, porque ninguém respeita a opinião do outro”, disse. Para o gerente de um estacionamento de carros do Cambuí, Gustavo Beltramin, de 37 anos, o País continuará dividido depois do segundo turno. “Ambos os lados vão tentar defender o seu ponto de vista, a sua verdade”, opinou. Já a atendente de telemarketing, Rouchane de Souza Ferreira, de 33 anos, atribui o cenário de País dividido à incompetência da Justiça. “Eles conseguiram o que queriam, que era dividir a massa. Nenhum partido nos representa, então a sociedade está desesperada querendo fugir da crise e não sabe para onde. Entretanto a Justiça está onde? A corrupção maior no Brasil está na Justiça. Se a Justiça funcionasse, esse cenário não estaria tão ridículo”, afirmou. “Desculpa Tiririca, mas você ganhar de novo é palhaçada com a nossa cara. Para mim pode jogar o primeiro e o segundo turno no lixo”, completou. Segundo o cientista político Vitor Barletta, a pacificação será um processo lento após as eleições, por conta da dificuldade de lados extremos se dialogarem. “Ainda existem ânimos muito acirrados, muita agressividade dos dois lados e relatos de violência aumentando por causa das richas políticas. Enquanto o clima tenso não terminar, o cenário de paz vai continuar distante. Para esse cenário mudar, cabe aos candidatos pedirem o fim da violência, e não só nos discursos, mas nos atos”, comentou o professor da PUC-Campinas. Com o "antipetismo" em alta e por outro lado as manifestações populares do "Ele Não”, Barletta teme que a instabilidade possa prejudicar o trabalho do futuro presidente, seja ele qual for. “O cenário é de forte controversa pela frente, não importa quem ganhe. Há um risco grande de instabilidade.” Opinião: “Eles conseguiram o que queriam, que era dividir a massa. Nenhum partido representa, então a sociedade está desesperada querendo fugir da crise e não sabe para onde. Se a Justiça funcionasse, esse cenárionão estaria tão ridículo.” ROUCHANE DE SOUZA FERREIRA, Atendente de telemarketing, 33 anos “Infelizmente o Bolsonaro trouxe uma legião com ele, e traz umas ideias de tortura e contra os direitos humanos. Não tem como voltar a se unir todos. São pessoas horríveis, que só pensam na violência para matar todos. Eu vou lutar até o final para tirar ele. E não estou sozinha.” GIOVANA GUANDALINI, Estudante, 18 anos “Acho que vai continuar esse País dividido mesmo depois das eleições. Ambos os lados vão tentar defender o seu ponto de vista, a sua verdade, mas acho que cabe ao eleitor saber pesquisar e procurar uma melhor maneira de exercer o poder do seu voto.” GUSTAVO BELTRAMIN, Gerente de estacionamento, 37 anos “Eu votei no Bolsonaro, mas nem ficava falando para as pessoas, porque ninguém respeita a opinião do outro. Votei nele porque é uma mudança que a gente espera. Mas esse País para endireitar vai levar uns dez anos. Não tem emprego, não tem investimentos.” IRENE PAUL, Dona de casa, 75 anos “Não votei nem em Bolsonaro, nem em Haddad. Acho que os extremos não levam a nada, nem um, nem outro. Se a direita e a esquerda continuarem assim, o País não vai sair do lugar. Um lado não vai aceitar a vitória do outro. Para mim não vale a pena brigar.” REGINA LARA, Desempregada, 61 anos “Falam que o PT fez muita coisa errada, mas hoje tenho minha casa, meu teto, coisa que não tinha. Meus familiares que precisam também recebem o Bolsa Família. As brigas têm que acabar. Independente de quem ganhar, o Brasil precisa voltar a ter emprego.” ANTÔNIO PEREIRA, Gari, 44 anos

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