COTIDIANO

Magia emerge da fusão entre atores

Passageiros da Rodoviária e dançarinos se misturaram ontem em um balé democrático e vivo

Henrique Hein
19/09/2019 às 09:45.
Atualizado em 30/03/2022 às 12:11

Os passageiros que estiveram no começo da tarde de ontem na Rodoviária de Campinas foram surpreendidos pela apresentação de um dos 50 eventos da Bienal de Dança do Serviço Social do Comércio (Sesc). Quem marcou presença no terminal, por volta das 14h, pode acompanhar e participar do Escuta! - uma obra da Companhia Híbrida, que, desde 2016, cria eventos com o objetivo de fazer com que as pessoas, em lugares de grande circulação, tenham sua rotina do dia a dia interrompida por uma atividade inusitada. No caso de ontem, oito bailarinos do coletivo de arte ficaram parados no saguão de entrada da rodoviária, próximo de onde os bilhetes são vendidos. Usando fones de ouvido desplugados de qualquer aparelho, eles ofereciam a quem passava perto a extremidade solta do fio para que os interessados pudessem plugar seus celulares. Feito isso, era só escolher uma de suas músicas favoritas e dançar junto com os artistas. Renato Cruz, diretor da companhia e responsável pela concepção e coreografia do trabalho, explica que a ideia da apresentação é simples, mais muito poderosa. “Ela exige do espectador que ele tome a iniciativa. Parque algo aconteça, o espectador precisa vencer seu medo da proximidade e propor o contato. É aí que a mágica se dá: performer e espectador se confundem e, frequentemente, trocam ou dividem os papéis”, completou Cruz. Luciano Fernando Mendes, foi um dos oito dançarinos que participaram da ação de ontem. Conhecido pela turma como Duly Omega, ele explica que para conseguir dançar os mais diversos ritmos de música, todos os profissionais da companhia passaram por um longo treinamento para não serem pegos de surpresa no dia apresentação. "A gente está acostumado com o improviso, mas não sabemos qual tipo de música a pessoa vai colocar para gente ouvir no fone de ouvido. Por esse motivo, treinamos todos os tipos de ritmos musicais, desde samba até rock" , explicou. Segundo Mendes, o mais legal desse tipo de evento é a maneira com a qual o público permanece durante a apresentação. “As reações são as mais diversas possíveis. Algumas pessoas ficam com medo e se afastam, outras riem e ficam com vergonha. Há aquelas que já chegam em você com uma energia que parasse que ela já te conhece há anos”, relatou. O estudante de física, Fabrício Marques, de 19 anos, foi uma das pessoas que foram surpreendidas pela apresentação. “Eu levei um susto, porque do nada apareceram umas pessoas paradas numas posições estranhas. Eu percebi que se tratava de um evento artístico depois que eles começaram a interagir com outros passageiros que passavam pelo saguão”, disse, mas não se arriscou nos pássos. Já a dançarina Camila Felício, de 28 anos esbanjou na ginga. “Me deu um frio na barriga porque não esperava ser colocada em uma situação onde fui uma espectadora e uma artista ao mesmo tempo. Foi bem divertido”, ressaltou a dançarina, que foi até a Rodoviária ontem com a intenção de assistir o evento. Ela explica que acompanha a programação da Bienal de Dança do Sesc.

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