ORGANIZAÇÃO SOCIAL

Magia da boneca transforma vidas

Grupo Primavera tem quase 4 décadas confeccionando esperança com responsabilidade ambienta

Rogério Verzignasse
09/08/2018 às 09:14.
Atualizado em 23/04/2022 às 05:18
Artesã da entidade, Lúcia Machado Lourenço alinhava sonhos há cerca de dez anos em uma jornada incansável de dedicação, que em muitos dias começa às 7h e só termina às 21h (Lizandra Perobelli/Especial para a AAN)

Artesã da entidade, Lúcia Machado Lourenço alinhava sonhos há cerca de dez anos em uma jornada incansável de dedicação, que em muitos dias começa às 7h e só termina às 21h (Lizandra Perobelli/Especial para a AAN)

O Grupo Primavera é uma organização social civil, que há 36 anos presta assistência a crianças e adolescentes do Jardim São Marcos, centro de uma das regiões mais vulneráveis de Campinas. Todo mundo conhece, aquelas bonecas de pano, que se tornaram febre na cidade e ganharam até um estande de vendas no elegante Galleria Shopping. O que pouca gente sabe, é que a entidade se transformou em referência de eficiência e sustentabilidade. Os tecidos usados atualmente para a confecção das roupinhas das bonecas são todos de reaproveitamento. Até 2015, o grupo já recolhia, por toda a cidade, os retalhos usados como matéria-prima no ateliê de costura. Atualmente, no entanto, o pano das roupinhas é doado por uma empresa paulistana, que atua no segmento de promoção de eventos. A Tes Cenografia envia a cada mês cerca de 260 quilos de tecidos de poliéster à entidade. São peças e tiras que sobram da montagem de cenários. As saias e as camisas em miniatura, que vestem bonecos e bonecas, ganharam uma profusão imensa de cores e tonalidades. Até tiras estampadas são aproveitadas, em combinações caprichadas. Há tecido suficiente até para a fabricação extra de bonecas, atendendo ao pedido de grandes empresas, que as distribuem como presentes a clientes, fornecedores e funcionários, durante as festas de confraternização. E também há pano sobrando para a confecção de colchas, toalhas e almofadas. Pouco? Até a batina do diácono do bairro foi fabricado com o tecido sintético. As funcionárias contratadas há um tempão para a produção das bonecas já não dão conta do recado. A artesã Lúcia Lourenço as monta há dez anos. A costureira Rosemary Fernandes Voltarelli arremata barras e prega botões há 20 ano. Tem dia que as duas ficam ali no ateliê das 7h às 21h. Para resolver a sobrecarga, os moradores do próprio bairro começaram a aparecer na sede do grupo e a trabalhar de forma voluntária. Até batina O casal Aristides e Vanda Tavares da Silva sempre trabalhou nos eventos da Paróquia São Marcos Evangelista. Lá no Grupo Primavera, os dois começaram a confeccionar toalhas usadas nas mesas da quermesse. Todas com o Oxford de poliéster reaproveitado. O diácono, Fábio Fernandes, encomendou a batina. Branquinha, bonita que só vendo. “Só não é de tecido reciclado a estola”, divertiu-se Vanda, falando da elegante cobertura da casula dos padres. Mas as famílias do bairro também levam vantagem com a reciclagem. O tecido serve para fazer colchas para cama. As peças são confeccionadas pelas próprias meninas atendidas pelo grupo. A coordenação do trabalho é de outra voluntária, Vanilda Avelino. Ela já formou cinco costureiras, e começa a orientar mais cinco neste ano. “Ao mesmo tempo que aprende o ofício, a aluna ajuda as famílias pobres do bairro. É muito bom trabalhar assim”, pondera. Os artigos com tecido reaproveitado estão por toda a cidade. Até as urnas improvisadas para o recebimento de tíquetes do Programa Nota Fiscal Paulista são envolvidas, dentro dos supermercados, com os panos coloridos. “Aqui não se perde nada”, afirma a Denise Podolski, que cuida do setor de marketing e relacionamento do grupo.

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