preconceito

Mães solos encaram adversidades

Estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em 2015, aponta que o Brasil ganhou 1,1 milhão de famílias compostas por mães solo nos últimos dez anos

Rafaela Dias
rafaela.dias@rac.com.br
13/05/2018 às 15:32.
Atualizado em 28/04/2022 às 08:34

A fisioterapeuta Aline e a filha Sofia, 6 anos: "Ela foi muito desejada, mas o relacionamento não deu certo" (Leandro Torres/AAN)

Estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em 2015, aponta que o Brasil ganhou 1,1 milhão de famílias compostas por mães solo nos últimos dez anos. Em 2005, o País tinha 10,5 milhões de famílias de mulheres sem cônjuge e com filhos, morando ou não com outros parentes. Já os dados de 2015, os mais recentes do instituto, registram 11,6 milhões de mães solteiras. Outro fator que aponta o avanço feminino é o aumento de mulheres que são consideradas referências na família. Segundo o IBGE, entre as famílias com filhos, as mulheres eram apontadas como referência mesmo tendo um cônjuge em 4,8% dos casos em 2005. Já em 2015, o percentual saltou para 15,7%. O IBGE considera como pessoa de referência quem é responsável pela unidade domiciliar (ou pela família) ou assim considerada pelos outros membros. Com essa sociedade moderna, as mães enfrentam os riscos da violência e da depressão em seus filhos. Além disso, fazem jornada dupla. Elas se desdobram para organizar a casa, desempenhar as funções de mãe e de profissional. Em Campinas, uma das heroínas é Fernanda Lopes, de 36 anos. Aos 18 anos ela teve a filha e desde então, sempre criou Larissa sozinha, sem nenhuma ajuda financeira do pai, que foi embora do Brasil quando ela tinha menos de um ano. Hoje Larissa está com 17. “Tive que abrir mão de várias coisas para dar o melhor para a Larissa. Entre escolher fazer uma faculdade e em dar um bom estudo pra ela, em escolas particulares, claro que optei pela Larissa”, conta. A administradora não tinha na época condições financeiras para pagar os dois estudos e ainda as demais despesas com uma criança, como roupas, remédios e alimentação. “Sem contar os mimos e também os brinquedos né, pois toda criança merece. Sempre procurei, na medida do possível, dar tudo para ela”, disse. Somente em 2016, Fernanda conseguiu ingressar na faculdade, mas no final de 2017 perdeu o emprego. Desempregada até hoje, ela ainda tenta manter os estudos e construir uma carreira. “Mas não posso reclamar e sim agradecer a Deus pela filha maravilhosa que Ele me deu. É importante ainda destacar o apoio dos meus pais ao cuidar dela para que eu pudesse trabalhar, pois teve momentos em que eu tive dois empregos para dar conta de tudo. Se não fosse o apoio deles nessa época, não seria como seria”. O namorado de Fernanda, Anderson Paganuchi, também ajuda com a filha. “Hoje também posso contar com a ajuda dele, que me dá uma enorme força e entende as minhas necessidades. Mesmo com tanta luta eu posso dizer que sou uma pessoa de sorte, pois com certeza minha filha é a maior riqueza que tenho na vida, e tenho muito orgulho, da mulher que ela se tornou”, falou. Mas ainda existe muito preconceito com essas mães. A fisioterapeuta Aline Dianne Faustino Silva, de 34 anos, é mãe de Sofia Bueno, de 6. A maternidade foi planejada enquanto ela estava em um relacionamento estável no último ano da faculdade. Mas a vida deu uma reviravolta. “A gravidez dela aconteceu exatamente no dia 01/01/2011. Nunca vou me esquecer. Ela foi muito desejada, mas o relacionamento não deu certo. Quando ela tinha um ano e meio nos separamos. Ele é um ótimo pai e muito presente, mas dessa separação fiquei com o financiamento do apartamento, do carro e uma criança para cuidar”, conta. Aline abriu mão de muita coisa, inclusive de morar na Espanha. “Sofia chegou a ficar quatro meses comigo lá. Fala espanhol fluente, mas não consegui autorização para mudar para lá com ela e terminei um quase casamento. Ela sempre será a minha primeira escolha. Mesmo assim, ainda enfrento muito preconceito da sociedade e até da família. Sou uma mãe como qualquer outra”, lamentou. A maternidade trouxe ainda foco para a vida de Aline. “Sempre fui muito determinada, mas com ela fui obrigada a lutar muito mais para viver. Espero que ela aprenda com isso”. Ela ainda deseja para o Dia das Mães, um mundo menos cruel. “Desejo apenas poder levar a minha filha para todos os lugares, sem temer a violência, o preconceito e até a pedofilia”, pediu.

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