Mãe e filha são engolidas por bueiro durante enxurrada

A auxiliar de cozinha Elisângela Regina Gomes de Oliveira, 34 anos, e a filha Andreyna Vitória Gomes de Oliveira, 11 anos, foram sugadas por um boca de lobo que estava sem grades, no Jardim Basilicata, em Sumaré, durante uma enxurrada, no final da tarde de  terça-feira (22), e lançadas no Ribeirão Quilombo. A menina conseguiu nadar até as margens do córrego e saiu da água sozinha. Já a mãe, que não sabia nadar, foi salva por vizinhos que viram quando ela tentava resgatar a filha e acabou sendo levada água. "Quando vi minha filha caindo não pensei em outra coisa senão salva-la. Não me perdoaria se ela morresse afogada", conta Elisângela.Andreyna brincava com uma amiga quando teve o chinelo levado pela enxurrada e imediatamente foi puxada pela força da água para dentro da tubulação. "Não vi o bueiro, nem lembrava que ele ficava por ali. Passei uns 30 segundos dentro do cano até cair no rio", conta Andreyna. A mãe que estava na casa de uma vizinha, próximo do local, correu até a boca de lobo e tentou puxar a filha. "Pensei que ela pudesse estar presa e comecei a procurar o buraco na água, mas de repente fui sugada também", afirma Elisângela. Como a passagem de água não era muito grande, o corpo de Elisângela foi lançado de um lado para o outro, dentro do cano, até chegar no rio. "Quando sai e vi o chinelinho dela boiando, pensei que ela tinha morrido", conta. Na tarde de terça-feira, a Rua Crenac, que fica as margens do ribeirão, ficou alagada por conta das chuvas. A remoção de alguns moradores, que vivem bem próximo ao córrego já estava marcada, por isso, muitos vizinhos estavam na rua ajudando com a mudança. "Deixei meu filho mais novo com a minha sobrinha e fui levantar os móveis na casa de uma colega. Ninguém esperava um enchente um dia antes da mudança", conta Elisângela. "Minha mãe estava ajudando as pessoas e me pediu pra ver se meu irmão ainda estava dormindo na casa da minha prima. Foi quando eu cai no buraco", conta Andreyna. Por sorte, ela sabia nadar e conseguiu se virar sozinha. "Subi pelo mato e entrei na casa de um vizinho, mas nessa hora minha mãe já estava dentro do cano", afirma Andreyna.O servente de pedreiro Diego dos Santos Souza, 19 anos, e a pintora de paredes Ana Paula Gomes Rodriguez, 27 anos, foram os salva-vidas de Elisângela. "Quando vi ela sendo puxada pela água corri até o ribeirão e pulei. Consegui segura-la, porque ela queria sair pelo rio procurando a menina", conta Souza. Sem saber que a filha estava sã e salva, Elisângela se recusava a sair da água. "Fiquei na beira do rio e puxei ela pra fora. Disse que estava tudo bem, mas ela só se acalmou quando viu a menina", conta Ana Paula. De acordo com moradores do bairro, o problema com enchentes é antigo na região. "Se a gente não tira a grade da boca de lobo, a água não escoa e entra dentro das casas", conta Elisângela. Mãe e filha foram socorridas pelo Resgate para Unidade de Pronto Atendimento do Jardim Macarenko. A menina teve escoriações nos braços e nas pernas e recebeu alta no final da noite de terça. Já a mãe, também teve ferimentos nas pernas e precisou ter o braço imobilizado. Ela teve alta na manhã desta quarta-feira (23). Devido à grande ingestão de água suja da enxurrada, ambas devem passar por exames e foram orientadas pela equipe de Enfermagem da Vigilância Epidemiológica.A Secretaria Municipal de Serviços Públicos orienta os moradores a não removerem as tampas e grelhas de bocas de lobo em hipótese alguma, bem como jamais tampar suas grades com folhas metálicas ou madeiras. A Defesa Civil também esteve no local após o ocorrido orientando a população sobre a irresponsabilidade de ter retirado a tampa da boca de lobo.