FUGA

Mãe biológica de crianças adotadas deixa Monte Santo

Mudança foi para fugir de assédio de pais adotivos de Campinas e Indaiatuba, e comunicada à Justiça

Cecília Polycarpo
10/05/2013 às 06:30.
Atualizado em 25/04/2022 às 16:50

O Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca) informou que a mãe biológica das cinco crianças de Monte Santo (BA), conhecida pela polêmica sobre adoção irregular no sertão baiano, se mudou para uma outra cidade do estado com os filhos para fugir do assédio das mães adotivas de Campinas e Indaiatuba. Segundo o diretor executivo da entidade na Bahia, Valdemar Oliveira, a mudança foi comunicada ao Ministério Público e ao Fórum da cidade.

Silvânia estava desaparecida desde segunda-feira (6). A casa onde morava está fechada e as crianças, que têm entre 2 e 8 anos, não foram mais à escola de Monte Santo. O Correio entrou em contato com a promotora Severina Patrícia Fernandes, que acompanha o caso, e com a Justiça da Bahia, para checar se Silvânia informou que está em outro município.

Mas, como o processo de guarda das crianças corre em segredo de Justiça, ninguém comentou o caso. A advogada de três famílias adotivas campineiras, Lenora Steffen Panzeti, afirmou que a promotora não foi notificada da mudança.

Oliveira disse que Silvânia estava sendo coagida pelas famílias adotivas e se sentido pressionada pela proporção que tomou o caso. O diretor afirmou ainda que a mudança repentina não tem relação com o fato do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) ter aceitado denúncia contra o juiz que devolveu as crianças à mãe biológica, Luis Roberto Cappio. A atuação do magistrado no processo está sob investigação da corregedoria do órgão e, se comprovadas as denúncias, a sentença pode ser anulada.

"As crianças estão bem, com uma família que aceitou recebê-los. A casa onde elas estão é grande, tem local para eles brincarem e os quatro mais velhos logo voltarão à escola", disse o diretor. A família ficará no local por tempo indeterminado. José Mário da Silva, companheiro de Silvânia, não está com eles. A mulher recebe ajuda financeira de sua mãe, que ficou em Monte Santo. A família também ganha uma cesta básica mensal do governo estadual da Bahia, de acordo com Oliveira. "Não falta nada às crianças. Elas têm todo o suporte que precisam".

Lenora disse ao Correio que, durante visita de três mães adotivas à cidade no começo da semana, entrou em contato com a promotora Severina. "Ela não havia sido comunicada sobre a mudança de Silvânia. Severina se reuniu comigo e com as minhas clientes", disse. Ainda segundo a advogada, as mães não assediaram Silvânia. A mulher e os filhos tinham acompanhamento de psicóloga e assistente social do Conselho Tutelar. Para Lenora, a ruptura compromete as avaliações do ambiente familiar. "Isso sem contar que é mais uma mudança brusca para as crianças, que estavam estabelecendo uma rotina em Monte Santo".

As famílias adotivas tentam conseguir um arbitramento judicial para tenham o direito de visitar os menores. Uma das mães, a médica Letícia Fernandes, de Indaiatuba disse ao Correio ter interesse na guarda compartilhada de S., de 2 anos. O juiz Cappio responde a outros dez processos administrativos no Tribunal de Justiça da Bahia por irregularidades cometidas enquanto magistrado nas cidades de Euclides da Cunha e Monta Santo, no sertão baiano.

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