ELEIÇÕES 2022

Lula e Bolsonaro farão disputa acirrada no segundo turno

Tendência é que a polarização que marcou a primeira etapa da campanha seja intensificada na segunda fase

Do Correio.com
02/10/2022 às 23:15.
Atualizado em 02/10/2022 às 23:15
Lula e Bolsonaro farão disputa acirrada no segundo turno (Ricardo Stuckert | Mauro Pimentel/AFP)

Lula e Bolsonaro farão disputa acirrada no segundo turno (Ricardo Stuckert | Mauro Pimentel/AFP)

A disputa pela Presidência do Brasil será decidida no segundo turno entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL), que obtiveram respectivamente 48,34% e 43,27% dos votos válidos no primeiro turno, com 99,65% das urnas apurdas. A diferença entre os dois, que ficou abaixo da projetada pelos institutos de pesquisa, indica que a segunda etapa da campanha será acirrada, com a polarização entre os candidatos tendendo a ganhar contornos ainda mais intensos. Durante boa parte da apuração, Bolsonaro permaneceu à frente de Lula. Entretanto, quando a contagem dos votos atingiu perto de 70% das urnas, o petista assumiu a liderança e manteve a posição até o final. A terceira colocação na corrida ao Planalto ficou com Simone Tebet (%).

Por volta das 22h, Lula comentou sobre o resultado do primeiro turno e alinhou as ações para o segundo turno. Ele agradeceu o trabalho e o apoio dos aliados, disse que tem confiança na vitória e que terá a chance, no segundo turno, de debater “cara a cara” com o presidente Jair Bolsonaro. “Começo amanhã a campanha. Como faço aniversário em 27 de outubro, quem sabe eu não ganhe de presente a vitória? Vamos ter que fazer mais comícios, mais debates, mais conversas e buscar mais apoios”.

Ao se dirigir a Fernando Haddad, Lula disse que tem certeza de que ambos ganharão São Paulo e o Brasil. “Eu nunca ganhei uma eleição no primeiro turno. O segundo turno permite que ampliemos o leque de alianças e o diálogo com a sociedade. Isto é apenas uma prorrogação. Teremos um pouco menos de um mês para trabalhar mais e pedir mais votos”, reforçou petista, que encerrou o dia participando de um ato na Avenida Paulista, em São Paulo.

Pouco antes das 23h, o presidente Jair Bolsonaro se pronunciou sobre o resultados das urnas. Disse que, embora não tenha vencido em primeiro turno como havia projetado, ficou satisfeito com a votação recebida. “Vencemos a mentira dos institutos de pesquisa que apontavam para uma diferença maior entre os dois principais candidatos”, declarou. Bolsonaro disse que vai empreender esforços para demonstrar para a população que o Brasil não avançou mais no seu governo por causa dos impactos da pandemia de covid-19 e do conflito entre Rússia e Ucrânia.

Também adiantou que sua equipe de campanha procurará os deputados e senadores eleitos pelo seu partido para pedir que reforcem a sua campanha no segundo turno. “Como foram eleitos, eles poderão se dedicar exclusivamente à campanha à Presidência. Como teremos o mesmo tempo de televisão do nosso adversário, poderemos transmitir com mais tranquilidade os dados positivos do nosso governo. A economia, por exemplo, está no terceiro mês de deflação. Quem está dizendo que é preciso mudar tem que pensar que, muitas vezes, a mudança é para pior”.

Estratégias

Graziella Testa, doutora em Ciência Política pela Universidade de São Paulo (USP), acredita em um segundo turno sem confrontos detalhados sobre propostas de governo. "Um segundo turno tão polarizado desse jeito dificilmente terá discussão em torno de políticas públicas. A tendência é de que seja uma campanha sobretudo de acusações para tentar atrair o voto estratégico do eleitor que rejeita um outro candidato", disse.

Para a professora do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Nara Pavão, a tendência é que os candidatos foquem em locais onde o desempenho no primeiro turno ficou abaixo do esperado. "O Sudeste terá uma disputa acirrada porque é uma região estratégica. Mas eles devem evitar áreas onde já têm apoio consolidado. Então Lula vai, em geral, evitar o Nordeste", avaliou.

Derrotado

Dois aspectos ficaram claro com a posição firmada pelos eleitores brasileiros. O primeiro é que a onda conservadora representada pelo presidente Bolsonaro continua forte no país, haja vista a eleição de vários senadores e deputados federais que fizeram parte do governo federal ou que o apoiam.  O segundo aspecto foi o desempenho ínfimo do PSDB, que sofreu grandes derrotas, inclusive no Estado de São Paulo, maior colégio eleitoral do país, onde o atual governador Rodrigo Garcia não conseguiu garantir presença no segundo turno na corrida ao Palácio dos Bandeirantes, que reunirá Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Fernando Haddad (PT).

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