SEM TRÉGUA

Lotação em leitos pediátricos de Campinas continuará até o fim de junho

Infectologista aponta mais crianças suscetíveis aos vírus por causa da pandemia

Ronnie Romanini
12/05/2022 às 09:10.
Atualizado em 12/05/2022 às 09:39
Informações da Secretaria de Saúde apontam um total de 25 crianças aguardando por uma vaga em enfermaria (Kamá Ribeiro)

Informações da Secretaria de Saúde apontam um total de 25 crianças aguardando por uma vaga em enfermaria (Kamá Ribeiro)

Objeto de atenção na saúde de Campinas, a lotação dos leitos pediátricos de enfermaria e de UTIs continua em alta e deve permanecer assim pelo menos até o fim de junho, visto que grande parte da ocupação é ocasionada por Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAGs). Considerando-se o SUS Municipal, Estadual e a rede privada, a ocupação nos 106 leitos de UTI Infantil na cidade era de 91,5%. Dos 97 hospitalizados, 64 possuíam alguma das SRAGs, o equivalente a 66% de todas as crianças em UTIs. 

A média diária de internação vem crescendo desde janeiro, mesmo com a circulação da Ômicron, variante da covid-19 com alto poder de transmissão no início do ano. No primeiro mês de 2022, 31 crianças em média ficaram internadas nas UTIs dos serviços públicos e privados com síndromes respiratórias. Em fevereiro, foram 33. A partir de março esse número passou a ser ainda maior. Eram 42, passou para 48 em abril, até chegar aos atuais 51 pacientes hospitalizados por dia - número que é inferior às 64 crianças internadas ontem, o que mostra uma tendência de que o número suba ainda mais até o final deste mês. 

A médica infectologista e coordenadora da Vigilância Epidemiológica do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa), Valéria Almeida, alertou que a situação deve perdurar por mais tempo. "As internações por SRAGs podem ser de qualquer vírus, desde covid-19, VSR, até Influenza. E temos vários deles acometendo as crianças, além de uma mudança na temperatura. Há um período de sazonalidade que se repete anualmente e, observando o padrão do que aconteceu nos últimos anos, esperamos ainda enfrentar número relevante de casos de crianças com SRAGs até o fim de junho, com uma tendência de melhora após esse período."

Embora o outono e o inverno normalmente façam com que mais crianças adquiram doenças respiratórias, este ano a demanda está maior que nos anos pré-pandemia. A covid-19 é responsável por isso, à medida que representa alguns casos suspeitos, mas também de outras maneiras. 

"Todo ano as crianças se expõem naturalmente, algumas ficam doentes, adquirem anticorpos e tornam-se mais protegidas. As de dois, três, quatro anos, ficaram preservadas durante estes dois anos de pandemia, não adquiriram infecções. Só que agora, elas estão circulando na sociedade e estão suscetíveis à infecção. Em vez de ter poucos suscetíveis, temos uma quantidade acumulada. Então, há o aumento das crianças suscetíveis e, consequentemente, maior circulação dos vírus, pois ele aproveita para infectar quem ainda não pegou a doença", explicou a coordenadora da Devisa.

Dentre as diversas SRAGs, o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) é o que aparece com maior frequência como causa de internação. Vinte pacientes estão hospitalizados por causa dele, o que corresponde a 31,2% dos casos de SRAGs e 20,6% de todas as internações em UTI. Em relação à covid-19, não há confirmação em nenhum dos internados, mas a suspeita existe em 26 casos, que estão sob investigação. Isso equivale a 26,8% de todas as hospitalizações e 40,6% das que têm as SRAGs como causa.

A situação também é complicada nos leitos de enfermaria. O boletim epidemiológico divulgado ontem pela Secretaria de Saúde apontou um total de 25 crianças aguardando vaga em enfermaria, com os 59 leitos do SUS Municipal ocupados. 

A infectologista mencionou a relevância da vacinação contra as doenças respiratórias, como a da gripe, cuja campanha está em andamento com crianças abaixo de cinco anos elegíveis para receber o imunizante. Ela também defendeu a manutenção do uso de máscaras, lembrando que crianças maiores, em idade escolar, podem levar para casa as doenças respiratórias e contaminar as menores.

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