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Locomotivas retornam aos trilhos

Viagem especial no trecho da maria-fumaça será realizada hoje com três máquinas reformadas

Maria Teresa Costa
30/11/2018 às 21:45.
Atualizado em 05/04/2022 às 20:02

Três locomotivas movidas a vapor, construídas entre 1895 e 1930, e restauradas pela Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABF), circularão neste sábado, às 11h, em uma viagem especial no trecho da maria-fumaça entre Campinas e Jaguariúna. As três sairão juntas e puxarão carros e vagões para um desfile. Uma delas, a locomotiva a vapor 604, ficou durante muitos anos em frente ao Bosque dos Jequitibás, e depois na Estação Central até o início da construção do túnel Joá Penteado. Ela é de origem americana, fabricada pela Baldwin Locomotive Company, em 1895. Foi encomendada pela extinta Estrada de Ferro do Dourado, posteriormente incorporada pela Companhia Paulista de Estradas de Ferro. Era usada, segundo Hélio Gazetta, diretor da ABPF, para trens mistos e passageiros nas regiões de São Carlos, Ribeirão Bonito, Bocaina e Trabiju. Trabalhou ininterruptamente por 63 anos até 1958, quando então chegaram as primeiras 10 locomotivas diesel-elétricas. A ABPF conseguiu a cessão da locomotiva, que ficou aguardando na Estação Anhumas por mais de dez anos para ser restaurada, com patrocínio do associado Servio Túlio Prado, já falecido. Com isso, a locomotiva voltou à vida após quase 40 anos parada, servindo agora exclusivamente aos trens histórico e cultural da ABPF. Neste ano passou por nova reforma e repintura nos padrões da antiga Paulista, voltando novamente a circular. A outra locomotiva que desfilará é a número 5, fabricada pela Baldwin Locomotive Works, nos Estados Unidos, para ser fornecida à Société des Sucreries Brésiliannes, em abril de 1898, em Piracicaba. Durante muitos anos, trabalhou transportando os produtos da usina até a estação de embarque do ramal da Companhia Paulista, em Piracicaba. Em 1970, a Sucreries foi vendida para o Grupo Silva Gordo, que encerrou as atividades em 1974. O parque de locomotivas da antiga Sucrerie foi sucateado, porém, a número 5 foi salva e adquirida pelo Grupo Villares e levada para sua unidade de produção de locomotivas, em Araraquara. Com a crise da década de 90 e o declínio de várias unidades do Grupo Villares, a locomotiva nº 5 foi doada para a ABPF, que assumiu o compromisso de preservá-la e mantê-la em funcionamento, informa Gazetta. A locomotiva 50 Tentugal, outra participante do desfile, foi construída em Kassel, Alemanha, em 1930, pelo fabricante Henschel & Sohn a partir de uma encomenda feita pela Usina Central Barreiros, para uso em suas linhas visando o transporte de cana-de-açúcar desde as plantações até a fábrica. Trata-se de uma locomotiva a vapor do tipo 0-10-0 “Ten-coupled”, de bitola métrica (1,00 m), que recebeu o número de série do fabricante 21687 e o número de estrada 8 da usina, além de ter sido “batizada” com o nome “Tentugal”. Na década de 1980, informa Gazetta, a locomotiva foi adquirida pela Usina Santo Amaro, na região de Campos, e usada no transporte de cana-de-açúcar das plantações para a usina. Em fins da década de 1980, a usina desativou seu sistema ferroviário e a 50 ficou então encostada no pátio por alguns anos até que em 1994 um entusiasta e sócio da ABPF a adquiriu, sendo então a locomotiva levada para Campinas/SP. Recentemente ela saiu de uma reforma, com uma nova e reluzente pintura, e voltou ao tráfego com os trens de passageiros turísticos entre Campinas e Jaguariúna. O passeio especial das 11h de hoje tem a mesma tarifa cobrada nas viagens turísticas entre as duas cidades: R$ 100,00 no percurso completo e R$ 75,00, meio percurso.

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