Novo governo estuda adotar tipo de coleta inspirado no de Barcelona, que elimina os aterros
Um ambicioso projeto de impacto ambiental deverá ser uma das principais propostas do futuro governo Jonas Donizette (PSB) em Campinas. A ideia é, em quatro anos, acabar com os aterros sanitários no município, produzir sistematicamente energia a partir do lixo e implantar um sistema de coleta subterrâneo e por sucção, nos mesmos moldes do adotado em Barcelona, na Espanha. Sistemas como esses, que dispensam os caminhões de coletas, já estão presentes em 150 cidades no mundo.
A capital da Catalunha começou a implantar o sistema, chamado coleta pneumática, há 20 anos, e já investiu 156 milhões de euros (aproximadamente R$ 407 milhões). Atualmente, 30% dos resíduos são recolhidos assim. A meta é que a coleta a vácuo chegue a 70% em 2018 e cubra toda a cidade até 2020.
Segundo o futuro secretário de Serviços Públicos, Ernesto Paulella, o projeto para Campinas ainda terá de ser detalhado e avaliado em conjunto com outras secretarias. “O nosso objetivo é, daqui a quatro anos, ter uma cidade sem aterro sanitário”, afirmou Paulella, em entrevista ao Correio. Para isso, diz ele, o projeto terá de ser implantado por etapas.
A implantação de um sistema de coleta por sucção é cara, mas, segundo Fábio Colella, gerente comercial no Brasil da empresa sueca Envac, que instalou e opera o sistema em Barcelona, a operação é barata e reduz entre 30% a 40% o custo da coleta de lixo, sem contar que retira os caminhões de coleta das ruas, acaba com os sacos de lixo amontoados e elimina a necessidade de aterros, porque o lixo que pode ser reaproveitado é reciclado, e o orgânico é usado para produzir energia. Segundo ele, há muitos fatores que implicam diretamente no custo de implantação. No caso de Barcelona, a prefeitura da cidade calcula em 1.200 euros por família. “Em compensação, a operação custa menos do que um picolé”, afirmou.
A primeira meta do próximo governo será solucionar a questão da destinação final dos resíduos e iniciar o investimento em processos mais eficientes de reciclagem, com o objetivo principal de transformar o lixo em energia. “Em seguida, é preciso equacionar o sistema de coleta, evoluindo para o transporte tecnológico (por meio de dutos subterrâneos) do lixo, que será o segundo passo”, explica Paulella.
Contrato
O projeto terá de ser implantado por meio de uma parceria público-privada (PPP). Por isso, a proposta é incompatível com o atual modelo de coleta e acondicionamento do lixo, cujo contrato — o maior em termos financeiros da Administração — está em processo de renovação pela Prefeitura. Jonas já informou que pretende rever a contratação. Com a proposta, precisarão ser avaliados, por exemplo, tempo de duração e condições que permitam a implantação paralela da coleta subterrânea.
“Pela minha análise, será necessário um ano para realizar os estudos (do novo projeto)e a licitação. A partir do segundo ano, começamos a implantação efetiva do projeto”, disse Paulella.