VIOLÊNCIA

Líder de prostitutas é assassinada

Theresinha Ferreira, fundadora da Associação Mulheres Guerreiras de Campinas, foi morta a facadas

Alenita Ramirez
06/10/2017 às 22:37.
Atualizado em 22/04/2022 às 18:06
Lucia de Fátima Dutra Weisz, que mandou matar o  marido em Sumaré em 1995 é presa por policiais do DEAS (Jaqueline Harumi/AAN)

Lucia de Fátima Dutra Weisz, que mandou matar o marido em Sumaré em 1995 é presa por policiais do DEAS (Jaqueline Harumi/AAN)

A Polícia Civil de Monte Mor busca informações sobre um homem que matou, na madrugada do último domingo, a fundadora da Associação Mulheres Guerreiras de Campinas e Região, que defende os direitos das profissionais do sexo. Theresinha Ferreira, de 58 anos, que era conhecida como Sandra ou Índia, foi assassinada com oito facadas em sua casa, no Jardim São Sebastião. Um amigo da vítima estava na casa e presenciou o crime. O suspeito usava touca ninja e capacete. Sandra também era mãe de santo e ela teria dito,antes de morrer, para a testemunha que quem cometeu o crime o fez porque achava que ela teria feito uma magia que estaria travando a vida do agressor. Theresinha chegou a ser socorrida até o Pronto-Socorro Municipal, mas não resistiu aos ferimentos. De acordo com a Polícia Militar (PM), testemunhas alegaram que o assassino chegou na casa armado com um revólver e várias facas e estava junto com outras pessoas em motocicletas, mas só ele teria entrado no imóvel e ainda ameaçado quem estava lá, caso o impedissem de cometer o crime. Segundo militantes do Movimento de Prostitutas, Theresinha também era garota de programa e voluntária na associação, onde prestava assistência às profissionais do sexo. “Ela era conhecida como a mãe da rua. Foi um crime bárbaro e vamos cobrar da polícia que identifique e prenda o assassino. Ela era muito querida”, contou a auxiliar administrativa Ivone Gosse, de 49 anos, militante do Movimento de Prostitutas. “Não vamos deixar que essa morte seja em vão. Esse acontecimento fortaleceu ainda mais a luta dos profissionais do sexo”, falou. Homenagem O movimento Mostra Luta, da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, promete fazer no dia 13 uma homenagem a Theresinha durante a 10ª edição, que ocorre no campus. Um texto publicado na página da Associação Mulheres Guerreiras sobre Sandra diz: “...só quem presenciou esse olhar ao vivo sabe a magnitude que ele tem. Ela levava um mundo inteiro dentro dele. Levava uma história ancestral. (…) Filha de um amor proibido entre kayapós e espanhóis. Ficou órfã em função da disputa entre eles. Cresceu no meio do mato, sozinha. Chegou na cidade e não aceitava vestir roupa nenhuma. Dormia de ajuda na casa das pessoas. Foi traficada com 12 anos. Teve dois filhos no cativeiro que foram tirados dela. Depois, em liberdade, escolheu continuar sendo prostituta. Viveu e trabalhou muitos anos no Jardim Itatinga. Foi bandida. Sua esposa foi assassinada. Adotou uma criança cigana que havia perdido toda sua família pelas mãos da polícia no Centro de Campinas. Escolheu lutar pelas outras mulheres que trabalhavam como prostitutas em Campinas (...).” Como todos a conheciam como Sandra, ela foi identificada um dia após o crime por amigos que trabalhavam com ela. Eles foram até a funerária em Monte Mor e a identificaram.

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