IMIGRAÇÃO

Libaneses querem construir monumento em homenagem à comunidade

Prefeitura confirmou que existe interesse em providenciar a obra; local ainda não foi definido

Da Redação
16/02/2025 às 07:11.
Atualizado em 16/02/2025 às 07:11
Campinas conta com outros símbolos da comunidade libanesa, como a igreja de São Charbel (foto), localizada na Avenida José Bonifácio, região do Jardim Flamboyant (Kamá Ribeiro)

Campinas conta com outros símbolos da comunidade libanesa, como a igreja de São Charbel (foto), localizada na Avenida José Bonifácio, região do Jardim Flamboyant (Kamá Ribeiro)

A comunidade libanesa de Campinas trabalha para resgatar sua importante participação na história da cidade. Após dois anos em reforma, a sede do Clube Atlético Monte Líbano foi finalizada e já recebe eventos periódicos, como a Confraria do Quibe. O intuito é gerar mais integração entre a comunidade. Nesses encontros, alguns membros da diretoria do clube sugeriram a construção de uma estátua em homenagem aos imigrantes libaneses, e a Prefeitura Municipal de Campinas autorizou a realização do projeto. O local de construção ainda será definido.

A Prefeitura afirmou que existe todo o interesse em providenciar essa homenagem à comunidade libanesa e que o projeto é um desejo do prefeito Dário Saadi. A Administração acrescentou que execução do plano será desenvolvida em um momento oportuno.

A estátua representará o estilo do libanês da época do início da imigração para o Brasil. A maioria das pessoas trabalhava como mascate, carregando malas e utilizando roupas típicas daquele país. Além de homenagear seu povo, a estátua tem o intuito de representar as contribuições da cultura libanesa na formação dos hábitos e identidades do Brasil.

Prova dessa presença ocorreu com a fundação do Clube Atlético Monte Líbano, em julho de 1953. O clube chegou ao auge entre as décadas de 70 e 80, quando 300 famílias faziam parte da sede. Porém, durante o período da guerra civil do Líbano, que ocorreu entre os anos de 1975 e 1990, muitas famílias foram se desligando do clube por divergências partidárias, que envolviam fortes opiniões sobre o conflito. “Foram cerca de 20 anos em que o clube ficou praticamente inativo”, contou o atual presidente do clube, Marcelo Salhab. A sede acumulou dívidas durante esse período, em razão da pouca quantidade de sócios.

Em 2021, um terreno que pertencia à comunidade foi vendido para uma construtora. A verba viabilizou as obras para uma reforma, e a parte elétrica, piso e telhado foram totalmente substituídos. “É praticamente um novo prédio para a comunidade”, comentou Salhab. A expectativa é que com os eventos da Confraria do Quibe, o número de associados aumente. “Oitenta pessoas compareceram no último e conseguimos cinco novos sócios. É um trabalho gradativo”, comentou o presidente.

Além do clube, existem em Campinas outros símbolos da comunidade libanesa, como a igreja de São Charbel, localizada na Avenida José Bonifácio, região do Jardim Flamboyant, e a capela São Martinho de Lima, na Rua Jorge de Figueiredo Corrêa, Parque Taquaral. O terreno da capela também abrigará a nova sede de campo do clube. Salhab explicou que o projeto está em trâmite na Prefeitura e que a expectativa é de que as obras comecem ainda em 2025. A área foi adquirida pelo clube, que doou um espaço no mesmo terreno para a construção de uma nova capela.

A presença dos libaneses em Campinas não é recente. O início da imigração começou por volta da década de 1880, se estendendo até a primeira metade do século XX. A cidade recebeu uma parcela significativa dos imigrantes. De acordo com o Consulado Honorário do Líbano em Campinas, atualmente são aproximadamente 300 mil cidadãos de origem libanesa vivendo na Região Metropolitana de Campinas (RMC).

Marcelo Salhab disse que a comunidade libanesa se adaptou à cultura brasileira. “Também somos um povo alegre e sociável”, destacou. Em Campinas, os libaneses encontraram outras comunidades, como os italianos e japoneses. “É uma cidade de imigrantes, o que facilitou a adaptação”, analisou. Ele ressaltou o envolvimento dos libaneses com a construção da história de Campinas, que absorveu a culinária típica e uma tradição antiga das famílias do Líbano, a dedicação à educação. São milhares de médicos, engenheiros, advogados e diversos outros profissionais que participaram ativamente da história da cidade, “com destaque ao monsenhor Dr. Emílio José Salim, fundador da PUC-Campinas”.

O vínculo da comunidade com Campinas também foi reforçado em 2021, com a inauguração do Consulado Honorário em Campinas, criado pelo governo do Líbano para se aproximar da comunidade que vive no interior de São Paulo e para facilitar os processos junto ao Consulado Geral do Líbano, com sede na capital paulista. Entre os principais serviços prestados pelo órgão de Campinas estão a elaboração de procurações específicas e gerais, manifesto de embarcações, faturas comerciais, certidões de origem, reivindicação de cidadania libanesa, informações úteis para o turismo, obtenção do formulário de aquisição de novo passaporte e registro de nascimento.

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