ARTE

Lélio Coluccini, campineiro de coração

Nascido na Itália, escultor deu forma e vida vibrantes ao bronze, mármore, argila e outros materiais

Francisco Lima Neto
17/01/2021 às 10:19.
Atualizado em 22/03/2022 às 11:23
A maioria das obras mais conhecidas do genial artista pl?stico se encontram na regi?o central da cidade, como s?o os casos dos monumentos ao Bicenten?rio de Campinas, com  a Princesa d?Oeste com o cora??o ?vazado? (Importação)

A maioria das obras mais conhecidas do genial artista pl?stico se encontram na regi?o central da cidade, como s?o os casos dos monumentos ao Bicenten?rio de Campinas, com a Princesa d?Oeste com o cora??o ?vazado? (Importação)

Bronze, mármore, argila, esses foram alguns dos materiais que ganharam forma e vida sob as mãos do escultor Lélio Coluccini.

Grande parte delas vive sob o céu aberto em Campinas e ao alcance de todos, que muitas vezes passam por elas sem saber da grandeza das mãos que as esculpiram.

No entanto, o maior acervo de suas obras está no Cemitério da Saudade, ornamentando o espaço e dezenas de lápides.

Lélio nasceu em Pietrasanta, na região da Toscana, na Itália, em 3 de dezembro de 1910.

Junto da família veio para o Brasil com apenas dois anos de idade.

A família de artesãos do mármore primeiro se estabeleceu em São Paulo, mas rapidamente se mudou para Campinas.

Apesar de o nascimento na Itália, foi no Brasil, em solo campineiro, que ele realmente ganhou vida, ao mergulhar cada vez mais profundamente no ofício dos familiares e ver emergir aquele dom que encantaria a muitos e que o faria ser lembrado mesmo décadas após sua morte.

Aqui no Município, seus familiares fundaram a Marmoraria Irmãos Coluccini, que funcionou durante anos na esquina das ruas General Osório e Ernesto Khulmann.

Com apenas sete anos de idade, o pequeno já adorava brincar com os materiais disoníveis no negócio da família e até lhes conceber alguma forma. O talento já fluía de forma natural. A primeira escultura em argila, uma cabeça de Cristo, foi concebida aos nove anos.

Não demorou muito e aquele dom inato passou a chamar muito a atenção e a ser alvo de muitos elogios.

Encantamento

A família ficou encantada com as possibilidades, principalmente, seu pai, que em 1924, quando o garoto tinha apenas 14 anos, o mandou de volta à terra natal para estudar artes e aprimorar ainda mais os seus atributos para as Artes Plásticas.

Na Itália, estudou no Instituto d’Arti Stagio Stagi e também na Academia de Arte de Carrara, onde manteve contato direto com os mestres da estatuária italiana.

Lélio partiu para a Itália ainda um menino, voltou para o Brasil já um homem, aos 21 anos, em 1931. Ainda mais ciente de seus talentos e capacidades. Naquele mesmo ano, montou seu ateliê nas dependências da marmoraria da família. Na sequência, realizou uma mostra com três importantes trabalhos, na destacada Casa Genoud.

Em 1936, participou pela primeira vez do Salão Paulista de Belas Artes.

Na biblioteca do Centro de Ciências Letras e Artes (CCLA), realizou em 1936, a primeira exposição oficial.

Modernista, composta por 35 obras.

Já no ano seguinte, mudou-se para a capital paulista e casou-se com Luísa Ippoliti, com quem teve a filha Maria Helena.

No período em que morou em São Paulo, Lélio aproximou-se dos círculos modernistas.

Trabalhou com diferentes materiais, como o mármore, o gesso, o granito e a terracota.

Pátina

Também desenvolveu novas técnicas de pátinas (um composto químico que se forma na superfície de um metal). Ela se forma naturalmente, pela exposição aos elementos e ao clima, ou artificialmente, com a adição de produtos químicos por artistas ou metalúrgicos.[1]Graças a grande difusão de técnicas de artesanato que se autodenominam pátinas, tomamos qualquer envelhecimento em artesanato como sendo pátina sem o ser., que davam acabamentos de primeira linha, valorizando ainda mais seu trabalho de escultor e realçando seu próprio estilo.

Em junho de 1944, na Galeria do Salão Rudah, na capital paulista, fez uma importante exposição com 40 obras.

Participou também do Salão Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, que à época era a capital do Brasil, e manteve contato com o Grupo Moderno do Brasil, encabeçado pelo pintor Cândido Portinari.

Ainda no Rio de Janeiro, em 1950, realizou uma grandiosa exposição no Copacabana Palace, mas, para decepção do artista, as galerias ficaram vazias, pois a data coincidiu com o dia seguinte em que a Seleção Brasileira de Futebol perdeu o Título Mundial para a seleção do Uruguai.

Na década de 1950, já separado, o artista retornou a Campinas e, em 1954, redescobriu o amor com Conceição Freire, com quem casou-se e teve o filho Alfredo Lélio.

Ainda naquele ano, passou a ser professor de desenho na Escola Gabriele DAnnunzio, no Instituto Cultural Ítalo-Brasileiro e também no CCLA.

Por uma década, a partir de 1954, ele passou uma fase de grande desenvolvimento de suas habilidades de escultor.

Inclusive, em 1961, recebeu o título de Cidadão Campineiro, pelo seu destaque como escultor, quando elevou o nome da cidade às Galerias de Belas Artes.

Em 1962, promoveu uma primorosa exposição individual no Teatro Municipal Carlos Gomes — três anos antes de sua demolição, em que juntou 43 estátuas que exaltavam sua capacidade de moldar diferentes matérias-primas.

Dois anos mais tarde, recebeu o Diploma da Ordem dos Cavalheiros Honorários de Campinas, juntamente com o Troféu Carlos Gomes.

O artista, conhecido por sua modéstia, morreu em Campinas, aos 72 anos, em 24 de julho de 1983.

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