Sousas e Joaquim Egídio

Leishmaniose e chagas ameaçam distritos

Pesquisa da Unicamp constata que a região de Sousas e Joaquim está infestada pelos parasitas

Agência Anhanguera
13/05/2018 às 15:30.
Atualizado em 28/04/2022 às 08:34
Parasitas da leishmaniose e da doença de Chagas circulam em distritos de Campinas (Divulgação)

Parasitas da leishmaniose e da doença de Chagas circulam em distritos de Campinas (Divulgação)

Uma pesquisa da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) constatou que as regiões dos distritos de Sousas e Joaquim Egídio, em Campinas, sofrem com a presença dos parasitas da leishmaniose e da doença de Chagas. O estudo de doutorado da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) foi realizado pela médica veterinária Laís Moraes Paiz, que investigou agentes de três zoonoses: as leishmanioses (tegumentar e visceral), a doença de Chagas e a febre maculosa brasileira. O estudo durou quatro anos e mostrou que 6% dos 82 mamíferos examinados estavam infectados com Leishmania, e cerca de 4% com Trypanosoma cruzi. Para coletar o DNA dos parasitas, foram utilizadas amostras de sangue ou de pele dos animais. O relatório aponta que um deles também apresentou infecção por Leishmania, que pode estar associada à leishmaniose tegumentar, responsável por casos humanos diagnosticados na Área de Proteção Ambiental (APA) durante a década de 1990. Por fim, dez animais apresentaram anticorpos para Leishmania, o que sugere que estiveram expostos aos parasitas. A ideia inicial do projeto era verificar a ocorrência de um ciclo silvestre de transmissão de leishmaniose visceral na cidade, por conta dos casos em cães na APA. Após os resultados, não foi encontrado DNA de agente de febre maculosa no sangue dos animais capturados. Isso, porém, já era esperado de acordo com Laís, por conta das características dos agentes causadores da doença. Dados de ações de vigilância epidemiológica de Campinas dão conta que os casos de leishmaniose visceral ocorrem entre cães de condomínios da APA desde 2009. Contexto Responsável por orientar o estudo, a docente Maria Rita Donalisio explicou que, no Brasil, a infecção em cães geralmente precede a infecção em humanos. Apesar de não haver ocorrências de casos humanos desde 2009, não é possível encerrar a pesquisa sobre o tema. “Isso pode se dever a um contexto epidemiológico distinto nesta área: o envolvimento de vetor desconhecido, alguma outra cepa do parasita Leishmania ou o fato desse ciclo ocorrer em área de um condomínio de classe média, com melhores condições de vida”, disse Maria Rita. Os animais infectados com Trypanossoma cruzi e Leishmania foram encontrados em áreas urbanizadas e próximas de casas. A orientadora explicou que as mudanças na ocupação dos espaços urbanos, bem como invasões de áreas de matas e excursões ecológicas fazem com que as doenças se aproximem de regiões urbanas. “É como se as doenças se modificassem com o tempo, devido ao impacto das atividades humanas e à forma de organização social. Os animais silvestres se aproximam de humanos e de animais domésticos, mudando o perfil dessas doenças”, explicou.

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