SEGURANÇA

Lei anticrime é ignorada em bancos de Campinas

Regras de veto a celulares e instalação de biombos nos caixas são consideradas impraticáveis

Cecília Polycarpo Cebalho
cecilia.cebalho@rac.com.br
24/05/2013 às 09:46.
Atualizado em 25/04/2022 às 14:45

As duas leis municipais aprovadas para ajudar a reduzir os assaltos e a violência nas agências bancárias de Campinas são ignoradas por bancos e clientes. Uma delas veta o uso de celulares dentro das agências, mas na prática usuários utilizam os telefones livremente, sem serem abordados por funcionários. A outra prevê a instalação de divisórias que isolem caixas de atendimento pessoal e eletrônicos da área de espera. No entanto, poucos bancos seguem a regra nos caixas das agências e todos ignoram a necessidade de biombos nos terminais de autoatendimento.

A lei dos celulares está em vigor desde dezembro de 2010 e a dos biombos foi promulgada em maio de 2011. De dez unidades percorridas pelo Correio ontem, no Centro, cinco delas tinham pessoas falando ao celular ou mandando mensagens. O texto atribuiu às empresas a responsabilidade de fiscalizar o uso dos aparelhos, porém, nenhum segurança ou empregado abordou os infratores durante o tempo que a reportagem ficou no local. O gerente de uma das agências bancárias afirmou que funcionários são proibidos de entrar em conflito com clientes. “A gente chama a atenção deles uma vez, mas se eles se recusam a desligar o celular, não temos muito o que fazer.”

Os usuários, por sua vez, questionam a eficácia da legislação. “Não acho que a lei impeça qualquer criminoso de cometer um assalto a banco. Ela atrapalha sim a nossa vida. Enquanto a gente espera para ser atendido, não vejo problema em checar e-mail ou usar aplicativos de celular”, disse o vendedor Antônio Carlos Martins Entrieri. A estudante Juliana Caruso, porém, afirmou que desconfia de pessoas que falam ao celular nas agências. “Quando eu vejo alguém mandando mensagem ou conversando, fico alerta. Se a lei existe, ela tem que ser cumprida.”

Apenas duas agências tinham as divisórias que separam a boca de caixa dos clientes na fila. Já os biombos em caixas eletrônicos, não existem em Campinas. A lei define que as divisórias devem ser opacas e ter altura mínima de 1,80m.

O Sindicato dos Bancários de Campinas e Região pressiona os bancos para que elas sejam instaladas, de acordo com o vice-presidente da associação, Mauri, Sérgio Martins de Souza. Ele afirmou que foi comprovada a eficácia dos biombos em cidades que já utilizam o sistema. “Nós ficamos muito vulneráveis sem uma proteção física.” No entanto, as divisórias não são as únicas medidas necessárias, na opinião do sindicalista. “Faltam câmeras que funcionem e um sistema de monitoramento integrado com a polícia e com a Prefeitura.”

O Procon de Campinas informou que cabe a ele fiscalizar apenas a regra dos biombos e que, este ano, foram aplicadas 56 multas às agências, com valor médio de R$ 400 mil. Nove agências foram autuadas de janeiro a abril, mas ainda cabe recurso. Em nota, a Federação Brasileira de Bancos afirmou que “esclarece seus clientes sobre a importância de não usar o celular dentro das agências”. De acordo com o texto, “se o cliente insistir, um funcionário pode informá-lo quanto às penalidades, mas as instituições não têm poder legal de polícia para proibir ou para apreender um celular de alguém que esteja dentro de uma agência”.

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