Trabalho realizado em duas unidades de Campinas beneficia mais de 370 pessoas
Amor ao próximo e solidariedade aliados à espiritualidade ecumênica. Esse é o lema que norteia as ações da Legião da Boa Vontade (LBV), que comemora 65 anos de atuação em Campinas. A data foi celebrada ontem. Por aqui, a entidade mantém duas unidades. Uma no Jardim Profilurb e outra no bairro Vila Rica, onde são atendidas 370 pessoas diretamente, desde crianças e adolescentes até adultos. Para entender melhor o propósito da LBV é preciso voltar um pouco no tempo e compreender as bases de sua fundação. A entidade foi criada por Alziro Zarur (1914-1979). O carioca, nascido em 1914, era filho de imigrantes árabes. Foi jornalista, radialista, poeta e também escritor. Com sua voz marcante, fez carreira na chamada "Era de Ouro" do rádio. Foi criado no catolicismo, mas circulou por igrejas protestantes, centros espíritas, sociedades positivistas, entre outros. No dia 4 de março de 1949, ele iniciou o programa Hora da Boa Vontade, na Rádio Globo da capital fluminense. Esse já era o embrião do que, posteriormente, se tornou a LBV. Em 6 de janeiro de 1948, a convite de amigos, o radialista assistiu a uma sessão da Federação Espírita Brasileira (FEB), no Rio, da qual participava dona Emília Ribeiro de Mello, respeitável médium. Aquela senhora de cabelos brancos olhou insistente e piedosamente para o visitante e, ao término das atividades, aproximou-se dele e disse: “Meu Irmão, São Francisco de Assis esteve todo o tempo aí ao seu lado e manda dizer-lhe que é hora de começar”. Essas palavras o sensibilizaram profundamente. A partir dali, ele passou a se dedicar ao projeto. A LBV nasceu no dia 1º de janeiro de 1950 em uma pequena sala em um prédio da Rua Acre, nº 147, no Centro do Rio de Janeiro. Tinha o objetivo de promover o diálogo inter-religioso e contribuir para o desenvolvimento solidário por meio de ações nas áreas social, educacional, cultural e filosófica. O conceito era suprir as necessidades do corpo e da alma. Com o estabelecimento da LBV, deu início a Cruzada de Religiões Irmanadas, na busca pela paz. Conseguiu juntar padres, pastores, líderes espíritas e lideranças de outras doutrinas. Contudo, oito anos mais tarde, abandonou o projeto dessa Cruzada alegando o despreparo das autoridades religiosas para uma vivência ecumênica. Em Campinas, existe o programa "Criança: Futuro no Presente!", que atende crianças e adolescentes de 6 a 15 anos, e também o "Vivência Solidária", destinado a pessoas entre 18 e 59 anos. O primeiro promove ações socioeducativas, com atividades lúdicas, culturais, esportivas, artísticas e o direito de brincar como formas de expressão, interação, aprendizagem, sociabilidade e proteção social. O segundo previne a ruptura dos vínculos familiares, promove o sentimento de pertencimento e identidade. Atua junto à rede de proteção social sobre a ocorrência de situações de risco, como a violência doméstica, desemprego, entre outras. Cinco anos após a inauguração em Campinas, em 7 de setembro de 1959, Zarur, diante da multidão presente no antigo Hipódromo do Bonfim, pregou sobre o amor fraterno. Com sua morte, o jornalista, escritor, radialista e educador José de Paiva Netto se tornou o diretor presidente da LBV.