Cerca de 20 máquinas foram apreendidas anteontem em ação conjunta de policiais civis e GM no Centro
No bingo que foi lacrado, segundo os policiais que participaram da ação, estavam 15 apostadores - a maior parte idosos-, além de nove funcionários (1ª DIG/ Deic Campinas e GMC Campinas)
Policiais civis da 1ª Delegacia de Investigações Gerais (DIG) da Divisão Especializada em Investigações Criminais (Deic) de Campinas aguardam laudos técnicos que devem comprovar que eram destinadas a jogos de azar as cerca de 20 máquinas apreendidas anteontem em um bingo clandestino, no Centro de Campinas.
A ação dos policiais civis foi em conjunto com a Guarda Municipal de Campinas durante uma operação originada por uma denúncia de aglomerações de pessoas, o que é proibido devido às restrições impostas pela pandemia de covid-19, que atinge vários países, provocando milhões de mortes, mais de 300 mil vítimas só no Brasil.
Segundo a polícia, no bingo estavam 15 apostadores - a maior parte idosos -, além de nove funcionários. Entretanto, apenas cinco pessoas foram conduzidas à Deic Campinas para esclarecimentos. Não houve indiciamentos, visto que a polícia aguarda os laudos atestando que as máquinas são mesmo de jogos de azar.
A Polícia Civil informou que o imóvel tem na entrada mesas de pôquer, modalidade que, desde que não sejam feitas apostas, não se enquadra como jogo de azar ou atividade ilícita.
Acesso restrito
Para acessar a sala de jogos eletrônicos, que são de azar, o jogador precisava passar por uma área, uma espécie de bunker, com rigoroso sistema de acesso, com portas de ferro automatizadas e sistema de gaiola de entrada.
“Cada um que chegava, para chegar à sala de jogos, tinha de passar por uma porta de ferro, que, somente depois de fechada, fazia com que se abrisse a outra, dando acesso ao jogador às máquinas de jogos eletrônicos”, explicou um dos policiais.
Segundo ele, nenhuma pessoa do local foi encontrada na sala de pôquer, e os presentes sequer sabiam jogar essa modalidade de jogo. As máquinas eletrônicas foram todas desligadas durante o tempo em que policiais e fiscais tentavam acessar o local onde estavam as máquinas de bingo. A sala não tinha janelas e a circulação de ar era feita apenas com aparelhos de ar-condicionado, que refrigeravam o local, situação não recomendada com a proibição de aglomerações em vigência.
Durante a perícia, a polícia solicitou que as máquinas fossem religadas e exames mais completos poderão constatar o jogo de azar.
Testemunhas ouvidas negaram que estavam jogando pôquer, disseram que jogavam bingo eletrônico. Os HDs de máquinas foram apreendidos para serem periciados. Devido à aglomeração constatada, fiscais da Prefeitura lacraram o estabelecimento.
Jogo de azar
A expressão “jogos de azar” é comum, mas nem todo mundo sabe exatamente por que ela é usada e o que diferencia esse tipo de jogo daqueles que não se enquadram nessa categoria. De acordo com a legislação penal brasileira, existe uma tipificação entre os chamados “jogos de azar” e os demais tipos de apostas.
Por jogo de azar entende-se aquelas modalidades em que a vitória ou a derrota depende única e exclusivamente do fator sorte. Embora possa se argumentar que há o fator probabilidade (nesse caso de 50% ganho e 50% perda), a sorte é que determina o resultado.
A história sobre a proibição de jogos no Brasil é antiga e tem mais de 70 anos. Ela remonta ao Decreto-Lei 9.215, de 30 de abril de 1946, promulgado pelo então presidente Eurico Gaspar Dutra, que proíbe a prática ou a exploração de jogos de azar em todo o território nacional.