O jornalista Clóvis Cordeiro criou o grupo de WhatsApp "SOS Chapadão", que envolve 166 moradores e comerciantes da região: troca de informações para combater a violência
Pela primeira vez em seis anos, Campinas atravessa o mês de janeiro sem nenhum registro de latrocínio — roubo seguido de morte. Outro dado positivo envolvendo a segurança dos cidadãos é a queda desse tipo de crime a partir de 2017. Enquanto em 2018 foram cinco ocorrências, em 2017 foram registrados sete casos de latrocínio. Para o especialista em Segurança Pública, Ruyrillo Pedro de Magalhães, a queda dos latrocínios é justificada por diferentes fatores. Ele enumera, pela ordem de importância, a mudança da estratégia de ataque dos criminosos; o fato das pessoas estarem mais cuidadosas; a atuação das polícias e a mudança de governo, que estabeleceu condutas mais severas em relação à abordagem policial, punição e regalias a criminosos. “Os bandidos que roubam estão mais cautelosos, profissionais. Sabem que se matar uma pessoa em um assalto serão achados e punidos com rigor. Por outro lado, as pessoas também estão mais cuidadosas e preferem entregar o bem do que perder a vida”, detalhou Magalhães. “Outro dado importante é que a mudança de governo deixou os bandidos mais ressabiados. Tudo o que foi dito pelo presidente e o governador eleitos impressionou o marginal e isso ajudou a diminuir o crime”, enfatizou o especialista. Desde 2014, janeiro sempre registrou ao menos um latrocínio, normalmente no começo do mês. Aquele ano de 2014 foi atípico, com duas ocorrências, uma no dia 9, na qual um idoso de 70 anos foi morto na porta de uma agência bancária, na avenida das Amoreiras, no bairro São Bernardo, e outra no dia 11, quando um policial militar de 44 anos foi baleado na cabeça durante uma tentativa de assalto a um posto de combustível, na Avenida Ruy Rodrigues, no Jardim Planalto de Viracopos. A vítima estava de folga e desarmada, mas reagiu à abordagem. Nos anos seguintes, houve registro de ao menos um caso no mês de janeiro. Delegados Para os delegados José Henrique Ventura, diretor do Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo do Interior 2 (Deinter-2), e Roberto José Daher, titular da 1 Delegacia Seccional, a queda no número de latrocínios em Campinas está ligada diretamente ao trabalho conjunto das polícias Militar (PM) e Civil e da Guarda Municipal (GM) ao combate ao crime. “Foi feito um mapeamento das áreas de maior incidência de roubos e com isso a PM passou a fazer ações preventivas nos locais. Já a Polícia Civil está trabalhando muito em cima da identificação dos autores dos roubos e houve muitas prisões”, disse Daher. Ventura acrescenta que o trabalho de apreensão de armas também contribuiu para tirar de circulação das ruas armamentos usados por criminosos em ações. Segundo o diretor do Deinter-2, nos últimos anos aumentou o número de apreensões de armas.